11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

e um nexo causal. Assim, justifica-se a afirmação <strong>de</strong> que a presunção é a ilação que<br />

se extrai <strong>de</strong> um fato conheci<strong>do</strong> sobre um fato <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>.”<br />

As presunções po<strong>de</strong>m ser absolutas (juris et <strong>de</strong> juris) ou relativas (juris tantum).<br />

São absolutas as presunções que não admitem prova em contrário, e relativas as<br />

que admitem.<br />

Pensamos que na esfera <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> Material <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> não há espaço para<br />

as presunções legais absolutas, em razão <strong>do</strong> princípio da primazia da realida<strong>de</strong> que<br />

norteia esse ramo <strong>do</strong> <strong>Direito</strong>. Desse mo<strong>do</strong>, o Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> não <strong>de</strong>ve atribuir<br />

caráter absoluto às presunções legais.<br />

As presunções po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>correr da lei ou da experiência comum <strong>do</strong> que ordinariamente<br />

acontece. Com relação a esta última espécie, tem comumente si<strong>do</strong> fixada<br />

pela jurisprudência.<br />

Como <strong>de</strong>staca Ísis <strong>de</strong> Almeida: “A presunção comum tem na verossimilhança<br />

outro elemento essencial <strong>de</strong> sua formação, conjugan<strong>do</strong>-se com os indícios. E aí<br />

entra a livre convicção <strong>do</strong> juiz na apreciação da prova. Sua experiência, seu po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> síntese, ao compulsar os elementos <strong>do</strong> processo, seus conhecimentos gerais, seu<br />

espírito observa<strong>do</strong>r terão <strong>de</strong> discernir a verda<strong>de</strong> por aquilo que apresenta to<strong>do</strong>s os<br />

atributos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iro. Discernir, enxergar, é ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>dução.”<br />

Como exemplos <strong>de</strong> presunções legais, <strong>de</strong>stacamos o art. 456, parágrafo único da<br />

CLT: “À falta <strong>de</strong> prova ou inexistin<strong>do</strong> cláusula expressa a tal respeito, enten<strong>de</strong>r-se-á que<br />

o emprega<strong>do</strong> se obrigou a to<strong>do</strong> e qualquer serviço compatível com a sua condição<br />

pessoal”, e também o art. 447 da CLT: “Na falta <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> ou prova sobre condição<br />

essencial ao contrato verbal, esta se presume existente, como se a tivessem<br />

estatuí<strong>do</strong> os interessa<strong>do</strong>s na conformida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s preceitos jurídicos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s à sua<br />

legitimida<strong>de</strong>.”<br />

Como exemplos <strong>de</strong> presunções jurispru<strong>de</strong>nciais, <strong>de</strong>stacamos as seguintes<br />

Súmulas <strong>do</strong> Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>:<br />

Súmula n. 12: “CARTEIRA PROFISSIONAL: As anotações apostas pelo emprega<strong>do</strong>r na carteira<br />

profissional <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> não geram presunção juris et <strong>de</strong> jure, mas apenas juris tantum.”<br />

Súmula n. 16: “NOTIFICAÇÃO: Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito)<br />

horas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua postagem. O seu não recebimento ou a entrega após o <strong>de</strong>curso <strong>de</strong>sse<br />

prazo constitui ônus <strong>de</strong> prova <strong>do</strong> <strong>de</strong>stinatário.”<br />

Súmula n. 43: “TRANSFERÊNCIA: Presume-se abusiva a transferência <strong>de</strong> que trata o § 1 o<br />

<strong>do</strong> art. 469 da CLT, sem comprovação da necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço.”<br />

Súmula n. 212: “DESPEDIMENTO — ÔNUS DA PROVA: O ônus <strong>de</strong> provar o término<br />

<strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> trabalho, quan<strong>do</strong> nega<strong>do</strong>s a prestação <strong>de</strong> serviço e o <strong>de</strong>spedimento, é <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong>r, pois o princípio da continuida<strong>de</strong> da relação <strong>de</strong> emprego constitui presunção<br />

favorável ao emprega<strong>do</strong>.”<br />

Súmula n. 443: “DISPENSA DISCRIMINATÓRIA — PRESUNÇÃO — EMPREGADO<br />

PORTADOR DE DOENÇA GRAVE — ESTIGMA OU PRECONCEITO — DIREITO À<br />

REINTEGRAÇÃO. Presume-se discriminatória a <strong>de</strong>spedida <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong> porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

676 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!