11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

como as coisas corpóreas ou incorpóreas existentes na natureza ou criadas pelo<br />

homem, das quais se originam os meios <strong>de</strong> prova.<br />

O direito à prova <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> Devi<strong>do</strong> Processo Legal (7) consubstancia<strong>do</strong><br />

no art. 5 o , LIV, da CF (8) . Entretanto, a ativida<strong>de</strong> probatória das partes no<br />

processo <strong>de</strong>ve observar não só os ditames da lei processual, como da moral, segun<strong>do</strong><br />

preconiza o art. 369 <strong>do</strong> CPC.<br />

O objeto da prova são os fatos, pois o <strong>Direito</strong> <strong>de</strong>ve ser conheci<strong>do</strong> pelo juiz<br />

(juria novit curia), exceto as exceções <strong>do</strong> art. 367 <strong>do</strong> CPC.<br />

O fato a ser prova<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser relevante e pertinente ao esclarecimento <strong>do</strong> processo,<br />

ou seja, que possa influir na convicção <strong>do</strong> juiz. Além disso, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que<br />

haja controvérsia sobre sua existência. Vale dizer: que o fato seja afirma<strong>do</strong> por uma<br />

parte e contesta<strong>do</strong> pela outra. Como observa José Fre<strong>de</strong>rico Marques (9) , “a contestação<br />

dá origem à controvérsia que, como conceito jurídico, não se confun<strong>de</strong> com a li<strong>de</strong><br />

ou litígio.”<br />

A finalida<strong>de</strong> da prova é formar a convicção <strong>do</strong> juiz sobre os fatos relevantes e<br />

pertinentes da causa (10) .<br />

Como bem adverte Manoel Antonio Teixeira Filho (11) , a prova não tem apenas<br />

a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> convencer, mas, sobretu<strong>do</strong>, constringir e nortear a formação <strong>do</strong> seu<br />

convencimento, pois sabemos que, por força <strong>de</strong> disposição legal, o julga<strong>do</strong>r não<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir contra a prova existente nos autos, sob pena <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong> da sentença.<br />

O princípio da persuasão racional, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo CPC vigente, <strong>de</strong>sautoriza o juiz a<br />

julgar segun<strong>do</strong> a sua íntima convicção, impon<strong>do</strong>-lhe que o faça <strong>de</strong> maneira fundamentada;<br />

a fundamentação, no caso, é feita com vistas à prova produzida e traduz<br />

uma exigência constitucional (art. 93, IX).<br />

Como bem <strong>de</strong>staca Amauri Mascaro Nascimento (12) : “A prova tem a finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> transportar, para o processo judicial, a realida<strong>de</strong> externa <strong>do</strong>s fatos que geraram<br />

(7) Nesse senti<strong>do</strong>, argumenta com proprieda<strong>de</strong> Antonio Carlos <strong>de</strong> Araújo Cintra: “Recentemente, porém, a<br />

<strong>do</strong>utrina se voltou para um estu<strong>do</strong> mais aprofunda<strong>do</strong> e sistemático <strong>do</strong> direito à prova, com ênfase na<br />

perspectiva constitucional. Com efeito, o direito à prova se vincula às garantias constitucionais <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

processo legal, da ampla <strong>de</strong>fesa e <strong>do</strong> contraditório” (Comentários ao Código <strong>de</strong> Processo Civil. Vol. IV.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense, 2001. p. 11).<br />

(8) Art. 5 o , LIV da CF: “Ninguém será priva<strong>do</strong> da liberda<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> seus bens sem o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal.”<br />

(9) MARQUES, José Fre<strong>de</strong>rico. <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> direito processual civil. Vol. II. São Paulo: Saraiva, 1976. p. 81.<br />

(10) Como bem <strong>de</strong>staca Márcio Túlio Viana: “Se o juiz tem <strong>de</strong> conhecer os fatos, é a ele que a prova se <strong>de</strong>stina.<br />

Afinal, como nota Russomano, a prova ‘é o pilar da sentença’. Mas ela também diz respeito aos outros<br />

personagens <strong>do</strong> processo, como as partes e o Ministério Público. Em última análise, afeta a socieda<strong>de</strong><br />

por inteiro, pois é <strong>do</strong> interesse <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s a solução <strong>do</strong>s conflitos” (Aspectos gerais da prova no processo<br />

<strong>do</strong> trabalho. In: Compêndio <strong>de</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho. Estu<strong>do</strong>s em homenagem a Celso Agrícola<br />

Barbi. Coord. Alice Monteiro <strong>de</strong> Barros. 3. ed. São Paulo: LTr, 2002. p. 340).<br />

(11) Teixeira Filho, Manoel Antonio. A prova no processo <strong>do</strong> trabalho. 8. ed. São Paulo: LTr, 2003. p. 65.<br />

(12) NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso <strong>de</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.<br />

p. 508.<br />

670 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!