11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O direito à prova transcen<strong>de</strong> o aspecto individual para adquirir feição publicista,<br />

pois não interessa somente às partes <strong>do</strong> processo, mas também a toda a<br />

socieda<strong>de</strong> que os fatos discuti<strong>do</strong>s em juízo sejam esclareci<strong>do</strong>s. Além disso, na fase<br />

probatória <strong>do</strong> processo, <strong>de</strong>vem ser observa<strong>do</strong>s, com muita niti<strong>de</strong>z, os princípios <strong>do</strong><br />

contraditório, da ampla <strong>de</strong>fesa e <strong>do</strong> acesso à justiça.<br />

Portanto, o direito à prova constituiu garantia fundamental processual e também<br />

um direito fundamental da cidadania para efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> acesso à<br />

justiça e, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, o acesso a uma or<strong>de</strong>m jurídica justa.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Cléber Lúcio <strong>de</strong> Almeida (4) , após minucioso trabalho<br />

a respeito <strong>do</strong> tema:<br />

“Na Constituição da República <strong>de</strong> 1988, o direito à prova é reconheci<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong> forma expressa e implícita, o que dá no Título II da Constituição, no<br />

qual são disciplina<strong>do</strong>s os ‘<strong>Direito</strong>s e Garantias Fundamentais’, tratan<strong>do</strong>-<br />

-se, portanto, <strong>de</strong> um direito fundamental. O expresso reconhecimento <strong>do</strong><br />

direito à prova está no art. 5 o , LV. Com efeito, ao reconhecer o direito aos<br />

meios inerentes à <strong>de</strong>fesa, a Constituição faz o mesmo em relação ao direito<br />

à prova, na medida em que a prova é um <strong>do</strong>s meios inerentes à <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s<br />

direitos em juízo (a parte tem o direito <strong>de</strong> se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r provan<strong>do</strong>). De outro<br />

la<strong>do</strong>, o reconhecimento <strong>do</strong> direito à prova é uma consequência necessária<br />

<strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong> direito: a) à dignida<strong>de</strong> humana, posto que esta<br />

somente se realiza no gozo pleno <strong>do</strong>s direitos que lhe são inerentes, para<br />

o quel contribui, no processo, a prova; b) <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, vez que a prova<br />

constitui uma exigência e uma dimensão da liberda<strong>de</strong> das partes; c) <strong>de</strong><br />

acesso à justiça, à ampla <strong>de</strong>fesa, ao contraditório, ao processo justo, à<br />

não admissão da prova ilícita, à <strong>de</strong>mocracia processual, à justa solução<br />

<strong>do</strong>s conflitos submeti<strong>do</strong>s ao Po<strong>de</strong>r Judiciário, à efetivida<strong>de</strong> da jurisdição<br />

e <strong>do</strong> processo e ao procedimento. Acrescente-se que estabelecer, como<br />

mo<strong>de</strong>lo, o processo <strong>de</strong>mocrático, é reconhecer o direito à prova, posto<br />

que no processo verda<strong>de</strong>iramente <strong>de</strong>mocrático as partes têm o direito<br />

<strong>de</strong> participar da formação <strong>do</strong> provimento jurisdicional e uma das formas<br />

<strong>de</strong> fazê-lo é fornecer ao juiz os elementos necessários à formação <strong>de</strong> sua<br />

convicção sobre a ocorrência <strong>de</strong> tais fatos controversos.”<br />

O Código <strong>de</strong> Processo Civil não <strong>de</strong>fine o conceito <strong>de</strong> prova, apenas o art. 369<br />

assevera: “As partes têm direito <strong>de</strong> empregar to<strong>do</strong>s os meios legais, bem como os<br />

moralmente legítimos, ainda que não especifica<strong>do</strong>s neste Código, para provar a<br />

verda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos em que se funda o pedi<strong>do</strong> ou a <strong>de</strong>fesa e influir eficazmente na<br />

convicção <strong>do</strong> juiz.” (5)<br />

(4) ALMEIDA, Cléber Lúcio <strong>de</strong>. Elementos da teoria geral da prova: A prova como direito humano e fundamental<br />

das partes <strong>do</strong> processo judicial. São Paulo: LTr, 2013. p. 173-174.<br />

(5) Tampouco a CLT, no art. 818 e seguinte, traz o conceito <strong>de</strong> prova.<br />

668 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!