11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

econvenção ser julgada em momento distinto da ação. Não obstante, diante das<br />

características <strong>do</strong> processo <strong>do</strong> trabalho, da existência, em regra, <strong>de</strong> muitos pedi<strong>do</strong>s<br />

e da concentração <strong>do</strong> rito processual, é conveniente que a reconvenção seja julgada<br />

em conjunto com a ação, na mesma sentença.<br />

No <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> Civil, a <strong>do</strong>utrina majoritária firmou-se no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

que <strong>do</strong> in<strong>de</strong>ferimento liminar da reconvenção cabe Agravo <strong>de</strong> Instrumento, pois a<br />

relação jurídico-processual não se encerra (51) . Na esfera <strong>do</strong> Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>,<br />

contra o in<strong>de</strong>ferimento liminar da reconvenção, por se tratar <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão interlocutória,<br />

não cabe recurso (art. 893 da CLT), po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a <strong>de</strong>cisão ser questionada quan<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

recurso ordinário em face da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>finitiva da Vara.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, por to<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>stacamos a visão <strong>de</strong> Sergio Pinto Martins (52) :<br />

“Se, por acaso, fosse in<strong>de</strong>ferida liminarmente a reconvenção, qual seria o<br />

recurso cabível? Para nós, nenhum. A <strong>de</strong>cisão que in<strong>de</strong>fere a reconvenção<br />

é, no caso, uma <strong>de</strong>cisão interlocutória, <strong>de</strong>la não caben<strong>do</strong> qualquer recurso<br />

(§ 1 o <strong>do</strong> art. 893, da CLT). A parte prejudicada po<strong>de</strong>ria ingressar com ação<br />

própria, ou aguardar o momento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para fazer suas observações<br />

no recurso da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>finitiva, incluin<strong>do</strong>, então, como preliminar, a<br />

discussão <strong>do</strong> in<strong>de</strong>ferimento da reconvenção.”<br />

4.3. Da reconvenção nas ações <strong>de</strong> natureza dúplice na esfera<br />

processual <strong>do</strong> trabalho<br />

Nos procedimentos especiais, as ações têm a chamada natureza dúplice, qual seja:<br />

o <strong>de</strong>mandante po<strong>de</strong> vir a ser con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> à in<strong>de</strong>nização ou realizar uma prestação em<br />

favor <strong>do</strong> <strong>de</strong>manda<strong>do</strong>, ainda que este último não tenha feito tal pedi<strong>do</strong>, ou seja, não<br />

há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconvenção ou <strong>de</strong> pedi<strong>do</strong> formula<strong>do</strong> na <strong>de</strong>fesa para se con<strong>de</strong>nar<br />

o <strong>de</strong>mandante. Nessas ações, autor e réu ocupam, simultaneamente, as posições <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mandante e <strong>de</strong>manda<strong>do</strong> (53) .<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, ensina Antonio Carlos Marcato (54) : “A lei abre, entretanto, a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vir o réu a obter tutela jurisdicional ativa favorável sem necessida<strong>de</strong><br />

(51) Deve ser <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>, por outro la<strong>do</strong>, que há quem entenda, mesmo nos sítios <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong>, que a <strong>de</strong>cisão que in<strong>de</strong>fere liminarmente a reconvenção po<strong>de</strong> ser impugnada pela via <strong>do</strong> Recurso<br />

Ordinário, uma vez que a reconvenção é uma ação autônoma.<br />

(52) MARTINS, Sergio Pinto. <strong>Direito</strong> processual <strong>do</strong> trabalho: <strong>do</strong>utrina e prática forense. 26. ed. São Paulo:<br />

Atlas, 2006. p. 300.<br />

(53) Ao contrário <strong>do</strong> que asseveram alguns autores, nas ações <strong>de</strong> natureza dúplice, o réu não necessita formular<br />

pedi<strong>do</strong> na <strong>de</strong>fesa em face <strong>do</strong> autor. Cândi<strong>do</strong> Rangel Dinamarco assevera a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver pedi<strong>do</strong><br />

contraposto na <strong>de</strong>fesa nas ações <strong>de</strong> natureza dúplice (Instituições <strong>de</strong> direito processual civil. v. III. São<br />

Paulo: Malheiros, 2001. p. 503).<br />

(54) MARCATO, Antonio Carlos. Procedimentos especiais. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 77.<br />

664 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!