11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Conforme Calmon <strong>de</strong> Passos (9) : “Manifestar-se especificamente é manifestar-se<br />

indican<strong>do</strong> com exatidão, particularizan<strong>do</strong>, mencionan<strong>do</strong> especialmente etc.”<br />

Diante da redação <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> art. 341 <strong>do</strong> CPC (10) , não é permitida a contestação<br />

genérica ou por negação geral. Cabe ao réu impugnar um a um os fatos narra<strong>do</strong>s<br />

pelo autor. Os fatos não impugna<strong>do</strong>s são presumi<strong>do</strong>s verda<strong>de</strong>iros. Entretanto, tal<br />

presunção é relativa, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser elidida por prova em contrário (11) . Como bem<br />

adverte Joel Dias Figueira Jr. (12) : “O art. 302 <strong>do</strong> CPC há <strong>de</strong> ser interpreta<strong>do</strong> restritivamente,<br />

porquanto a exigência ali contida refere-se tão somente aos fatos alega<strong>do</strong>s<br />

pelo autor, pertinentes ao mérito da causa, os quais o réu não po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

impugnar.”<br />

A CLT não contém disposição a respeito. Desse mo<strong>do</strong>, por força <strong>do</strong> art. 769 da<br />

CLT, o princípio da contestação específica é compatível com o <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve o reclama<strong>do</strong> contestar tanto a causa <strong>de</strong> pedir próxima como<br />

a remota. Não po<strong>de</strong>, por exemplo, simplesmente dizer que o reclamante nunca foi<br />

emprega<strong>do</strong> ou que nunca realizou horas extras. Deve <strong>de</strong>clinar se o autor prestou<br />

serviços ou não e, se prestou, qual era a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho. Quanto à jornada,<br />

<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>cliná-la em <strong>de</strong>fesa, ou fazer menção à jornada <strong>do</strong>s cartões <strong>de</strong> ponto, sobre<br />

a existência ou não <strong>de</strong> horas extras pagas etc.<br />

A jurisprudência trabalhista tem si<strong>do</strong> rígida quanto à aplicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> princípio<br />

da impugnação especificada ao Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, conforme <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> nas<br />

seguintes ementas:<br />

“Contestação — Impugnação específica. O art. 302 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Civil, aplica<strong>do</strong><br />

subsidiariamente ao processo <strong>do</strong> trabalho (CLT, art. 769), impõe ao réu apresentar contestação<br />

específica aos fatos narra<strong>do</strong>s pelo autor na inicial. Não informan<strong>do</strong> a reclamada<br />

(9) Op. cit., p. 280.<br />

(10) No CPC <strong>de</strong> 1973, o art. 302 tinha redação, praticamente, idêntica.<br />

(11) Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacamos as seguintes ementas: “Pena <strong>de</strong> confissão — Ausência <strong>de</strong> contestação específica.<br />

Segun<strong>do</strong> inteligência consubstanciada no Enuncia<strong>do</strong> n. 74, <strong>do</strong> colen<strong>do</strong> TST, aplica-se a pena <strong>de</strong> confissão<br />

ao reclamante que, expressamente intima<strong>do</strong> com aquela cominação, não compareceu à audiência em<br />

prosseguimento, na qual <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>por. A pena <strong>de</strong> confissão ficta, contu<strong>do</strong>, não é prova absoluta contra a<br />

parte, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser elidida, pelas <strong>de</strong>mais provas produzidas nos autos. É certo, ainda, que ao emprega<strong>do</strong>r<br />

cabe apresentar <strong>de</strong>fesa específica <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os pedi<strong>do</strong>s formula<strong>do</strong>s pelo emprega<strong>do</strong>, na petição inicial<br />

— não se po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rar, como tal, <strong>de</strong>fesa genérica. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a ausência <strong>de</strong> contestação, por<br />

parte <strong>do</strong> recorri<strong>do</strong>, impõe-se o acolhimento <strong>do</strong>s pedi<strong>do</strong>s formula<strong>do</strong>s, inicialmente, pelo emprega<strong>do</strong>.” (TRT<br />

– 3 a R. – 1 a T. – RO n. 398/2004.070.03.00-0 – rel. Manuel C. Rodrigues – DJMG 10.9.04 – p. 6) (RDT<br />

n. 10 – Outubro <strong>de</strong> 2004). “Contestação genérica — Efeitos. A presunção <strong>de</strong> veracida<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>corre da<br />

<strong>de</strong>fesa genérica, é juris tantum, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o conjunto probatório ilidir essa presunção, não isentan<strong>do</strong> a<br />

parte <strong>de</strong> seu onus probandi.” (TRT – 12 a R. – 1 a T. – RO-V n. 1548.2002.040.12.00-0 – rel. Amaril<strong>do</strong> C.<br />

<strong>de</strong> Lima – DJSC 8.7.04 – p. 200).<br />

(12) FIGUEIRA JR., Joel Dias. Comentários ao Código <strong>de</strong> Processo Civil. v. 4, t. II, 2. ed. São Paulo: RT, 2007.<br />

p. 275.<br />

638 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!