11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

direito postula<strong>do</strong> seja indisponível, aplicaremos o art. 345, II, <strong>do</strong> CPC. O fato <strong>de</strong> a<br />

Pessoa Jurídica <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Público não po<strong>de</strong>r dispor <strong>do</strong> patrimônio público, sem<br />

a observância da or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s precatórios, não gera a indisponibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> direito.<br />

A jurisprudência <strong>do</strong> TST fixou entendimento no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a revelia po<strong>de</strong><br />

ser aplicada às pessoas jurídicas <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Público conforme a dicção da OJ n. 152,<br />

da SDI-I, in verbis:<br />

“Revelia. Pessoa jurídica <strong>de</strong> direito público. Aplicável (art. 844 da CLT). Inserida em<br />

27.11.98 (inseri<strong>do</strong> dispositivo, DJ 20.4.05). Pessoa jurídica <strong>de</strong> direito público sujeita-se à<br />

revelia prevista no art. 844 da CLT.”<br />

No mesmo senti<strong>do</strong> a seguinte ementa:<br />

“Revelia — Aplicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> instituto aos entes públicos. Ao contratar emprega<strong>do</strong>s pelo<br />

regime da CLT, a Administração Pública equipara-se ao emprega<strong>do</strong>r comum, submeten<strong>do</strong>-se<br />

às normas processuais em vigor. As prerrogativas que lhe forem eventualmente outorgadas<br />

são apenas aquelas previstas expressamente em lei. Por essa razão, não po<strong>de</strong> o ente público<br />

esquivar-se das consequências <strong>de</strong>correntes da revelia (art. 844 da CLT), alegan<strong>do</strong> que sua<br />

atuação visa <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r interesse público e direitos indisponíveis e irrenunciáveis. Recurso<br />

<strong>de</strong> revista conheci<strong>do</strong> e <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong>.” (TST – 2 a T. – RR n. 252032/96-0 – rel. Min. Vantuil<br />

Abdala – DJ 27.3.98 – p. 311)<br />

A nosso ver, correta se mostra a OJ n. 152 da SDI-I <strong>do</strong> C. TST, com uma ressalva<br />

que enten<strong>de</strong>mos pertinente: “se o objeto da pretensão posta em juízo pelo autor<br />

for indisponível, não haverão os efeitos da revelia para a pessoa jurídica <strong>de</strong> <strong>Direito</strong><br />

Público.”<br />

8. A revelia quan<strong>do</strong> há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prova pericial<br />

Como bem observa Alice Monteiro <strong>de</strong> Barros (26) , geralmente, a perícia é facultativa,<br />

mas quan<strong>do</strong> o pedi<strong>do</strong> versa sobre os adicionais <strong>de</strong> insalubrida<strong>de</strong> ou periculosida<strong>de</strong>,<br />

o juiz é obriga<strong>do</strong>, por força <strong>do</strong> art. 195, § 2 o , da CLT, a <strong>de</strong>terminar a realização<br />

<strong>de</strong> perícia técnica, mesmo que o reclama<strong>do</strong> seja revel. A não realização da perícia<br />

acarreta a nulida<strong>de</strong> da sentença.<br />

A nosso ver, somente quan<strong>do</strong> o reclama<strong>do</strong> reconhece juridicamente a existência<br />

da insalubrida<strong>de</strong>, bem como o respectivo grau da periculosida<strong>de</strong>, a perícia <strong>de</strong>ve ser<br />

dispensada, vez que o reconhecimento jurídico <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> acarreta a extinção <strong>do</strong><br />

processo com exame <strong>de</strong> mérito, nos termos <strong>do</strong> art. 487, II, <strong>do</strong> CPC.<br />

Também enten<strong>de</strong>mos que, quan<strong>do</strong> há alegações <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho ou<br />

<strong>do</strong>ença profissional, a realização da perícia é indispensável para se constatar o nexo<br />

causal, bem como a dimensão das lesões, caso não existam provas juntadas com a<br />

para a satisfação <strong>do</strong> interesse <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r (emprega<strong>do</strong>) é disposição <strong>de</strong> um direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> (dinheiro<br />

público). Logo, é fácil perceber que a pretensão trabalhista (po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> exigir a ação ou omissão prometida)<br />

<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> dirige-se contra o patrimônio público, fazen<strong>do</strong> isto com que a li<strong>de</strong> verse sobre direitos<br />

indisponíveis, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser reivindicação <strong>de</strong> créditos trabalhistas” (Confissão e revelia <strong>de</strong> ente público<br />

no processo <strong>do</strong> trabalho. São Paulo: LTr, 1999. p. 197).<br />

(26) Barros, Alice Monteiro <strong>de</strong>. Confissão. Documentos. Prova técnica: sistemática da realização da perícia.<br />

In: Revista <strong>Trabalho</strong> & Doutrina n. 25, São Paulo: Saraiva, 2000. p. 16.<br />

628 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!