11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Para Pedro Vidal Neto (16) , “motivo relevante é daqueles conceitos jurídicos <strong>de</strong><br />

conteú<strong>do</strong> in<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>, que <strong>de</strong>vem ser compreendi<strong>do</strong>s sob critérios circunstanciais e<br />

<strong>de</strong> pru<strong>de</strong>nte arbítrio, em paralelo com padrões jurídicos como os <strong>de</strong> bons costumes,<br />

bom pai <strong>de</strong> família, etc.”<br />

Como bem asseverou o jurista menciona<strong>do</strong>, a questão <strong>de</strong> relevância para a<br />

ausência <strong>de</strong>ve ficar a critério <strong>do</strong> juiz, sopesan<strong>do</strong> o caso concreto e todas as circunstâncias<br />

que o envolvem.<br />

No nosso sentir, a comprovação <strong>do</strong> motivo relevante para o não comparecimento<br />

<strong>do</strong> preposto <strong>de</strong>ve ser invocada na primeira oportunida<strong>de</strong> que a reclamada tenha<br />

para falar nos autos, nos termos <strong>do</strong> art. 795 da CLT, sob consequência <strong>de</strong> preclusão.<br />

A jurisprudência <strong>do</strong> TST tem si<strong>do</strong> rígida quanto à comprovação <strong>do</strong> motivo<br />

relevante para o não comparecimento <strong>do</strong> reclama<strong>do</strong> à audiência. Com efeito, assevera<br />

a Súmula n. 122: “A reclamada, ausente à audiência em que <strong>de</strong>veria apresentar<br />

<strong>de</strong>fesa, é revel, ainda que presente seu advoga<strong>do</strong> muni<strong>do</strong> <strong>de</strong> procuração, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

ser ilidida a revelia mediante a apresentação <strong>de</strong> atesta<strong>do</strong> médico, que <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>clarar,<br />

expressamente, a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r ou <strong>do</strong> seu preposto no<br />

dia da audiência.”<br />

Também a jurisprudência <strong>do</strong>s TRTs tem si<strong>do</strong> rígida quanto à comprovação da<br />

<strong>do</strong>ença <strong>do</strong> preposto e da impossibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> seu comparecimento em audiência (17) .<br />

A nosso ver, embora a referida Súmula tenha fixa<strong>do</strong> um critério interpretativo<br />

para justificar o não comparecimento <strong>do</strong> preposto, não houve <strong>de</strong>limitação <strong>do</strong> que<br />

seja motivo relevante. Na nossa visão, há motivo relevante não só quan<strong>do</strong> o preposto<br />

fica <strong>do</strong>ente, como mencionamos. Desse mo<strong>do</strong>, a Súmula n. 122 somente <strong>de</strong>ve<br />

ser aplicada quan<strong>do</strong> o motivo para o não comparecimento <strong>do</strong> preposto foi o <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>ença. Quan<strong>do</strong> o motivo for diverso, caberá ao juiz sopesá-lo segun<strong>do</strong> o seu<br />

pru<strong>de</strong>nte arbítrio.<br />

6. Hipóteses <strong>de</strong> não aplicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s efeitos da revelia no<br />

<strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

A CLT não prevê as hipóteses em que não se fazem presentes os efeitos da<br />

revelia. Diante da omissão da CLT e da compatibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> CPC, na nossa opinião,<br />

(16) VIDAL Neto, Pedro, apud SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. <strong>Direito</strong> processual <strong>do</strong> trabalho. São Paulo: LTr,<br />

1998. p. 326.<br />

(17) Atesta<strong>do</strong> médico que não foi emiti<strong>do</strong> por órgão oficial da Previdência Social, bem como <strong>do</strong> qual não se<br />

reconheceu a firma <strong>do</strong> médico subscritor, não presta ao fim pretendi<strong>do</strong> pela reclamada; qual seja, o <strong>de</strong><br />

elidir a pena <strong>de</strong> confissão que lhe foi aplicada (TRT – 1 a R. – 8 a T. – RO n. 9.299/95 – Juiz João Mário <strong>de</strong><br />

Me<strong>de</strong>iros – DJRJ 09.11.97 – p. 103). Atesta<strong>do</strong> médico. Pena <strong>de</strong> confissão. O atesta<strong>do</strong> médico usa<strong>do</strong> pela<br />

parte como justificativa para a sua ausência à audiência, além <strong>de</strong> preencher to<strong>do</strong>s os requisitos formais<br />

a ele inerentes, como o nome e código da enfermida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve conter prescrição médica para repouso.<br />

Inevi<strong>de</strong>nciada a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção, caracteriza-se a negligência ao chama<strong>do</strong> judicial que acarreta<br />

a pena <strong>de</strong> confissão ficta. Recurso improvi<strong>do</strong>. (TRT 6 a R. – 2 a T. – RO n. 450/97 – rel. Juiz Newton Gibson –<br />

DJPE 8.7.97 – p. 26). Atesta<strong>do</strong> médico. Revelia. Somente eli<strong>de</strong> a revelia o atesta<strong>do</strong> médico que, além <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nominar a <strong>do</strong>ença e especificar o CID, seja apresenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> pronto. (TRT – 3 a R. – 1 a T. – RO n. 10/97<br />

– rel. Manuel Rodrigues – DJMG 25.7.97 – p. 5)<br />

622 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!