11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo XIII<br />

Da Revelia no <strong>Direito</strong><br />

<strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

1. Introdução<br />

A revelia é um instituto processual que sempre <strong>de</strong>safiou a <strong>do</strong>utrina e a jurisprudência.<br />

Apesar <strong>de</strong> a discussão ter gran<strong>de</strong> relevo teórico, o tema tem enfoque prático,<br />

pois diariamente, na Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, o juiz enfrenta a angústia <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> julgar<br />

processos à revelia e, muitas vezes, <strong>de</strong>para-se com pretensões fora da razoabilida<strong>de</strong><br />

ou não resta convenci<strong>do</strong> quanto à verossimilhança das alegações. De outro la<strong>do</strong>,<br />

muitas vezes o juiz se <strong>de</strong>para com pedi<strong>do</strong>s excessivos, <strong>de</strong>correntes da expectativa<br />

da parte <strong>de</strong> que ocorra a revelia.<br />

Na Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, constantemente o reclama<strong>do</strong> revel sofre os pesa<strong>do</strong>s<br />

efeitos <strong>de</strong> uma con<strong>de</strong>nação julgada à revelia, e, muitas vezes, a <strong>de</strong>cisão contém injustiça<br />

manifesta. O autor, por sua vez, fica frustra<strong>do</strong> com o não comparecimento <strong>do</strong> réu<br />

e a expectativa <strong>de</strong> não encontrá-lo para executar a futura <strong>de</strong>cisão.<br />

A <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong>signa a expressão contumácia para a inativida<strong>de</strong> das partes quan<strong>do</strong><br />

há o chamamento judicial para comparecimento em juízo. A revelia é a contumácia<br />

<strong>do</strong> réu em não aten<strong>de</strong>r ao chama<strong>do</strong> judicial para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se.<br />

No nosso sentir, a revelia não é rebeldia, pena ou ônus para o réu. “Trata-se<br />

<strong>de</strong> uma preclusão qualificada que gera uma situação processual (fato processual)<br />

<strong>de</strong>corrente da inativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> réu em oferecer resposta à pretensão <strong>do</strong> autor que<br />

acarreta consequências processuais favoráveis ao <strong>de</strong>mandante e <strong>de</strong>sfavoráveis ao<br />

<strong>de</strong>manda<strong>do</strong>.”<br />

Alguns chegam a dizer que, quan<strong>do</strong> há o julgamento à revelia, há uma <strong>de</strong>cisão<br />

fictícia ou até mesmo ausência <strong>de</strong> jurisdição.<br />

Não temos dúvida <strong>de</strong> que a melhor forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a li<strong>de</strong> é por meio<br />

da ativida<strong>de</strong> das partes, tanto que o <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, assim como o<br />

<strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> Civil, a<strong>do</strong>ta o princípio da oralida<strong>de</strong>. Também é com a presença<br />

das partes que, muitas vezes, se atinge uma solução consensual para o conflito, ou<br />

se chega mais próximo da realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> litígio.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção <strong>do</strong> réu no processo, conforme nos mostra a história,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u da evolução da natureza jurídica <strong>do</strong> processo. Antigamente, quan<strong>do</strong> se<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 613

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!