11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Dentre os autores que sustentam a tese <strong>de</strong> que o preposto necessita ser emprega<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong>stacam-se:<br />

Francisco Antonio <strong>de</strong> Oliveira (73) :<br />

“Existem duas correntes sobre o tema. Uma que aceita que funcione como<br />

preposto pessoa que não seja empregada da empresa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tenha<br />

conhecimento <strong>do</strong>s fatos. Assim, o conta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> várias empresas po<strong>de</strong>ria<br />

funcionar como preposto daquelas empresas, pois que certamente teria<br />

conhecimento <strong>do</strong>s fatos. Pesa contra essa corrente o fato <strong>de</strong> incentivar-se<br />

a criação <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira ‘profissão <strong>de</strong> prepostos’, com pessoas não comprometidas<br />

com a verda<strong>de</strong>. A segunda corrente exige que a preposição<br />

seja exercida somente por emprega<strong>do</strong> da empresa. A exigência é salutar,<br />

já que a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o emprega<strong>do</strong> tomar conhecimento <strong>do</strong>s fatos<br />

pessoalmente é maior, enquanto o indivíduo não emprega<strong>do</strong> teria que<br />

abeberar-se das informações <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r, que as transmitiria <strong>do</strong> mo<strong>do</strong><br />

que lhe fosse mais conveniente. Todavia, a lei não exige que o preposto<br />

tenha conhecimentos pessoais <strong>do</strong>s fatos. Po<strong>de</strong>rá adquiri-los por outros<br />

meios, v. g., relatórios, ou mesmo por intermédio <strong>do</strong> patrão.”<br />

Jorge Luiz Souto Maior (74) :<br />

“Somente assim se po<strong>de</strong>rão contrastar os reais pontos <strong>de</strong> divergências<br />

porventura existentes no conflito. Desse mo<strong>do</strong>, o preposto em questão<br />

<strong>de</strong>verá, obrigatoriamente, ser emprega<strong>do</strong> <strong>do</strong> reclama<strong>do</strong>, e mais, não<br />

po<strong>de</strong>rá ser qualquer emprega<strong>do</strong>, mas um que tenha conhecimento <strong>do</strong>s<br />

fatos discuti<strong>do</strong>s na causa, não por ter <strong>de</strong>les ouvi<strong>do</strong> falar, mas porque tinha<br />

uma relação direta com o reclamante no dia a dia da relação <strong>de</strong> emprego.<br />

Não se trata <strong>de</strong> equiparar o preposto a uma testemunha, mas <strong>de</strong> exigir<br />

que ele se preste a esclarecer as questões <strong>de</strong>batidas, concretamente, no<br />

conflito, impedin<strong>do</strong>-se a prática <strong>de</strong> certos prepostos que apenas expõem,<br />

abstratamente, os ‘normais’ procedimentos administrativos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na<br />

empresa. Desse mo<strong>do</strong>, igualmente, elimina-se a prática corriqueira <strong>de</strong><br />

prepostos profissionais, pois um único emprega<strong>do</strong> não terá condições<br />

<strong>de</strong> se inteirar concretamente <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os conflitos trabalhistas que envolvem<br />

a empresa. Um preposto <strong>de</strong>ste tipo (o profissional), além disso, é<br />

fator <strong>de</strong> obstáculo ao acesso à or<strong>de</strong>m jurídica justa, pois ocasiona um<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio na relação processual, já que no outro polo da li<strong>de</strong> encontra-<br />

-se o emprega<strong>do</strong> com todas as limitações que uma pessoa diretamente<br />

envolvida no conflito acaba, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> outro, apresentan<strong>do</strong>.”<br />

(73) OLIVEIRA, Francisco Antonio <strong>de</strong>. Comentários à Consolidação das Leis <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. 3. ed. São Paulo: RT, 2005.<br />

(74) SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. <strong>Direito</strong> processual <strong>do</strong> trabalho: efetivida<strong>de</strong>, acesso à justiça. Procedimento<br />

oral. São Paulo: LTr, 1998. p. 255.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 607

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!