11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Melchía<strong>de</strong>s Rodrigues Martins (72) :<br />

“[...] ainda que o legisla<strong>do</strong>r tivesse objetiva<strong>do</strong> que o preposto seja emprega<strong>do</strong><br />

para representar o reclama<strong>do</strong>, tal fato não foi menciona<strong>do</strong> na regra<br />

normativa, e on<strong>de</strong> a lei não distingue não cabe ao intérprete distingui-la,<br />

sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> está em jogo direitos <strong>do</strong>s mais lídimos que é a <strong>de</strong>fesa<br />

ampla e o contraditório que são garantias asseguradas pela Carta Magna<br />

(art. 5 o , LV). Importante também assinalar que ‘o jurista há <strong>de</strong> ter sempre<br />

diante <strong>do</strong>s olhos o fim da lei, o resulta<strong>do</strong> que quer alcançar na sua actuação<br />

prática; a lei é um or<strong>de</strong>namento <strong>de</strong> protecção que enten<strong>de</strong> satisfazer certas<br />

necessida<strong>de</strong>s, e <strong>de</strong>ve interpretar-se no senti<strong>do</strong> que melhor responda<br />

a esta finalida<strong>de</strong>, e portanto em toda a plenitu<strong>de</strong> que assegure tal tutela’.<br />

E a finalida<strong>de</strong> posta no parágrafo único <strong>do</strong> art. 843, da CLT, é no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> que o emprega<strong>do</strong>r compareça à audiência para se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, ou então<br />

que nomeie o seu representante que tenha conhecimento <strong>do</strong>s fatos sobre<br />

os quais versam o litígio, o qual falará em seu nome e se obrigará pelas<br />

suas <strong>de</strong>clarações.”<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacam-se as seguintes ementas:<br />

“O emprega<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> se fazer representar por quem não seja seu emprega<strong>do</strong>, conquanto<br />

seja necessário o conhecimento <strong>do</strong>s fatos controverti<strong>do</strong>s, ainda que a assimilação respectiva<br />

não se opere in loco. Tal circunstância, todavia, não <strong>de</strong>squalifica o <strong>de</strong>poimento, vez que<br />

a apreensão <strong>de</strong> informações po<strong>de</strong> se efetuar através <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos ou diálogo<br />

com o emprega<strong>do</strong>r, entre tantos meios. Outra não po<strong>de</strong> ser a inteligência da regra contida<br />

no parágrafo primeiro <strong>do</strong> art. 843 da CLT sob pena <strong>de</strong> se obstar a eficácia da regra constitucional<br />

da <strong>de</strong>fesa facultada à parte, cuja amplitu<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> ser postergada ou sequer<br />

restringida. Se o texto da lei ordinária é ambíguo, sua exegese <strong>de</strong>ve se harmonizar com a<br />

ampla <strong>de</strong>fesa constitucionalmente assegurada.” (TRT – 3 a R. – 2 a T. – RO n. 16341/95 –<br />

rel a Mônica S. Lopes – DJMG 29.3.96 – p. 39)<br />

“Preposto. À luz <strong>do</strong> art. 843, § 1 o , da CLT, o emprega<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> ser representa<strong>do</strong> em audiência<br />

por qualquer pessoa, inclusive autônoma, como preposta. A lei não alu<strong>de</strong> à necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> que o preposto seja sócio, diretor ou emprega<strong>do</strong> <strong>do</strong> representa<strong>do</strong>. A exigência legal<br />

concerne tão somente a que o preposto esteja inteira<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatos controverti<strong>do</strong>s. Recurso<br />

ordinário a que se dá provimento para anular o processo, por vício procedimental, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong><br />

a reabertura da instrução processual.” (TRT – 9 a R. – RO n. 03873/94 – rel. Juiz<br />

Oreste Dalazen – DJPR 13.10.95 – p. 45)<br />

Os que enten<strong>de</strong>m que o preposto <strong>de</strong>ve ser emprega<strong>do</strong> <strong>do</strong> reclama<strong>do</strong> elencam,<br />

entre outros, os seguintes fundamentos: a) necessida<strong>de</strong> efetiva <strong>de</strong> o preposto conhecer<br />

os fatos que se passam na empresa; b) princípio da oralida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo <strong>do</strong> trabalho;<br />

c) busca da verda<strong>de</strong> real no processo <strong>do</strong> trabalho, uma vez que o emprega<strong>do</strong> preposto<br />

tem potencialmente maiores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relatar a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> contrato<br />

<strong>de</strong> trabalho; d) evitar a “indústria” <strong>de</strong> prepostos profissionais; e) moralização <strong>do</strong><br />

processo <strong>do</strong> trabalho.<br />

(72) MARTINS, Melchía<strong>de</strong>s. O preposto e a representação <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r em juízo trabalhista e órgãos administrativos.<br />

São Paulo: LTr, 2002. p. 57.<br />

606 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!