11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Analisan<strong>do</strong>-se o § 1 o <strong>do</strong> art. 843 da CLT, constata-se que a nomeação <strong>de</strong> preposto<br />

é faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r. Portanto, a preposição é voluntária, entretanto, as<br />

<strong>de</strong>clarações <strong>do</strong> preposto vincularão o proponente. De outro la<strong>do</strong>, a lei exige que o<br />

preposto tenha conhecimento <strong>do</strong>s fatos, ainda que não os tenha presencia<strong>do</strong>. Basta<br />

que tenha ciência <strong>do</strong>s fatos pessoalmente ou por informações <strong>de</strong> terceiros. Não<br />

obstante, não encerra penalida<strong>de</strong> específica para esse <strong>de</strong>sconhecimento. Todavia,<br />

são pacíficas tanto a <strong>do</strong>utrina como a jurisprudência no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>sconhecimento<br />

<strong>do</strong>s fatos pelo preposto acarreta a confissão ficta, nos termos <strong>do</strong>s arts.<br />

345 e 348 e seguintes <strong>do</strong> CPC.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacam-se as seguintes ementas:<br />

“Preposto. Conhecimento <strong>do</strong>s fatos por terceiro. O preposto não precisa ser emprega<strong>do</strong>, nem<br />

seu conhecimento <strong>do</strong>s fatos, embora exigível, <strong>de</strong>ve necessariamente ser pessoal e direto.”<br />

(TRT – 8 a R. – RO 535/85 – rel. Juiz Roberto Araújo <strong>de</strong> Oliveira Santos, LTr 50(2):223,<br />

Fev./86. In: MARQUES, Gérson. Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Anota<strong>do</strong>. São Paulo: RT, 2001. p. 287)<br />

“Conhecimento <strong>do</strong>s fatos por <strong>do</strong>cumentos da empresa. A alegação <strong>do</strong> preposto <strong>de</strong> que<br />

conhece os fatos ou informações <strong>do</strong> chefe imediato <strong>do</strong> reclamante por <strong>do</strong>cumentos da<br />

empresa não autoriza, por si só, a aplicação <strong>de</strong> pena <strong>de</strong> confissão ficta. Desimporta que o<br />

preposto não tenha esta<strong>do</strong> fisicamente presente aos fatos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que conheça os mesmos,<br />

ainda que por via indireta.” (TRT – 4 a R. – RO-RA 124/92 – Ac. 1 a T. – rel. Juiz Fabiano<br />

<strong>de</strong> Castilho Bertolucci – LTr 58 (10):1164)<br />

A praxe forense trabalhista e a jurisprudência consagraram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

o preposto apresentar a Carta <strong>de</strong> Preposição em audiência. Embora a lei não exija<br />

que o preposto apresente carta <strong>de</strong> preposição, a praxe trabalhista consagrou tal obrigatorieda<strong>de</strong><br />

em razão das consequências que a atuação <strong>do</strong> preposto em audiência<br />

po<strong>de</strong> acarretar ao emprega<strong>do</strong>r (67) .<br />

Caso o preposto não apresente a Carta <strong>de</strong> Preposição, pensamos que <strong>de</strong>va o<br />

Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> conce<strong>de</strong>r prazo para que o reclama<strong>do</strong> provi<strong>de</strong>ncie sua juntada aos<br />

autos, com suporte no art. 76 <strong>do</strong> CPC, que assim dispõe:<br />

“Verificada a incapacida<strong>de</strong> processual ou a irregularida<strong>de</strong> da representação da parte, o juiz<br />

suspen<strong>de</strong>rá o processo e <strong>de</strong>signará prazo razoável para que seja sana<strong>do</strong> o vício. § 1 o Descumprida<br />

a <strong>de</strong>terminação, caso o processo esteja na instância originária: I – o processo será<br />

extinto, se a providência couber ao autor; II – o réu será consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> revel, se a providência<br />

lhe couber; III – o terceiro será consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> revel ou excluí<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> polo em que se encontre.”<br />

(67) Em senti<strong>do</strong> contrário, as seguintes ementas: “O parágrafo primeiro <strong>do</strong> art. 843 da CLT não exige a<br />

apresentação <strong>de</strong> carta <strong>de</strong> preposição, formalida<strong>de</strong> que resulta, tão somente, <strong>de</strong> uma equivocada e vacilante<br />

construção jurispru<strong>de</strong>ncial. Recurso conheci<strong>do</strong> e provi<strong>do</strong>” (TRT – 10 a R. – 3 a T. – Ac. n. 2691/95 – rel.<br />

Juiz Mascarenhas Borges – DJDF 10.8.95 – p. 10.900). “Inexiste obrigatorieda<strong>de</strong> legal <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>cumento autorizativo para que o preposto represente o emprega<strong>do</strong>r. Tornan<strong>do</strong>-se este obriga<strong>do</strong> pelas<br />

<strong>de</strong>clarações <strong>do</strong> preposto, é <strong>de</strong> sua inteira responsabilida<strong>de</strong> a correta indicação <strong>de</strong> seu representante nas<br />

audiências” (TRT – 10 a R. – 3 a T. – Ac. n. 2231/95 – rel. Juiz Dorival Lupiano – DJDF 7.7.95 – p. 9.564).<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 603

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!