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Manual de Direito Processual do Trabalho

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TST). Mesmo após a promulgação da CF/1988, permanece váli<strong>do</strong> o entendimento consubstancia<strong>do</strong><br />

na Súmula n. 219 <strong>do</strong> Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. (Súmula n. 329 <strong>do</strong> TST.<br />

Recurso <strong>de</strong> revista conheci<strong>do</strong> e provi<strong>do</strong>.” (TST – 2 a T. – RR n. 2195/2001.011.07.00-7 – rel.<br />

Min. Renato <strong>de</strong> Lacerda Paiva – DJ 5.10.07 – p. 1.323) (RDT n. 11 – nov. 2007)<br />

6. Reconhecimento da prescrição <strong>de</strong> ofício no <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

Diante <strong>do</strong> § 5 o <strong>do</strong> art. 219 <strong>do</strong> CPC/73 (19) , que revogou o art. 194 <strong>do</strong> CC (20) , a<br />

prescrição po<strong>de</strong> ser conhecida <strong>de</strong> ofício pelo Juiz <strong>de</strong> <strong>Direito</strong>. Desse mo<strong>do</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> requerimento <strong>do</strong> réu, a prescrição po<strong>de</strong> ser reconhecida pelo juiz em<br />

qualquer grau <strong>de</strong> jurisdição.<br />

Inegavelmente, à luz <strong>do</strong> CPC/73, com o conhecimento <strong>de</strong> ofício pelo juiz da<br />

prescrição, esta ganhou contornos <strong>de</strong> matéria <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública e interesse social, <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> que a prescrição <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um instituto renunciável, para adquirir contornos<br />

<strong>de</strong> irrenunciabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> o caráter publicista <strong>do</strong> processo.<br />

Nota-se que o legisla<strong>do</strong>r, motiva<strong>do</strong> pelos novos rumos da celerida<strong>de</strong> e efetivida<strong>de</strong><br />

processual, priorizou a segurança e estabilida<strong>de</strong> das relações jurídicas, bem como a<br />

tranquilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> titular da pretensão.<br />

Como <strong>de</strong>staca Luciano Athay<strong>de</strong> Chaves (21) , “o atual <strong>de</strong>senho da prescrição no<br />

plano processual, como matéria afeta à <strong>de</strong>fesa indireta contra o mérito da causa,<br />

apresenta-se como mais uma <strong>de</strong>monstração da tendência publicista que se incorpora<br />

à atuação jurisdicional, atribuin<strong>do</strong> ao juiz um papel mais ativo na composição <strong>do</strong>s<br />

conflitos.”<br />

Po<strong>de</strong>-se questionar o acerto <strong>do</strong> legisla<strong>do</strong>r em alterar a natureza jurídica da<br />

prescrição para matéria <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública, pois a prescrição é um instituto que<br />

beneficia o réu, po<strong>de</strong> ser renunciada, ainda que tacitamente; é matéria <strong>de</strong> mérito<br />

(art. 487, IV, <strong>do</strong> CPC) e, portanto, <strong>de</strong>ve ser invocada em <strong>de</strong>fesa; po<strong>de</strong>, ainda, em<br />

<strong>de</strong>terminadas hipóteses legais, sofrer suspensão e interrupção. Além disso, po<strong>de</strong>-se<br />

até invocar o fato <strong>de</strong> quebra da imparcialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> juiz ao pronunciar <strong>de</strong> ofício a<br />

prescrição, aniquilan<strong>do</strong> a pretensão <strong>do</strong> autor e por via reflexa o próprio mérito.<br />

Mesmo sen<strong>do</strong> aplicável <strong>de</strong> ofício a prescrição pelo Juiz <strong>de</strong> <strong>Direito</strong>, acreditamos<br />

que ele <strong>de</strong>va tomar algumas cautelas ao a<strong>do</strong>tar tal providência. Acredito que <strong>de</strong>va<br />

propiciar o contraditório e observar as hipóteses <strong>de</strong> interrupção e suspensão da<br />

prescrição, bem como, se o direito for patrimonial disponível, tentar a conciliação,<br />

uma vez que a finalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo, diante <strong>do</strong> seu caráter publicista <strong>de</strong> ser um<br />

(19) Art. 219, § 5 o , <strong>do</strong> CPC/73: “O juiz pronunciará <strong>de</strong> ofício a prescrição.”<br />

(20) Art. 194 <strong>do</strong> CC/2002: “O juiz não po<strong>de</strong> suprir, <strong>de</strong> ofício, a alegação da prescrição, salvo se favorecer<br />

absolutamente incapaz.”<br />

(21) CHAVES, Luciano Athay<strong>de</strong>. A recente reforma no processo comum. Reflexos no direito judiciário <strong>do</strong><br />

trabalho. São Paulo: LTr, 2006. p. 136.<br />

514 Mauro Schiavi

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