11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

De nossa parte, estamos convenci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> que prescrição intercorrente e prescrição<br />

da execução são expressões sinônimas no processo <strong>do</strong> trabalho, pois, na fase <strong>de</strong> conhecimento,<br />

se houver inércia <strong>do</strong> reclamante, o Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> extinguirá a relação<br />

jurídica processo sem resolução <strong>de</strong> mérito (vi<strong>de</strong> a respeito os arts. 732, 844, ambos<br />

da CLT, e 485, <strong>do</strong> CPC), não haven<strong>do</strong> espaço para reconhecimento <strong>de</strong> prescrição<br />

intercorrente. A prescrição intercorrente somente se verifica no curso da execução.<br />

Em favor da não aplicabilida<strong>de</strong> da prescrição intercorrente no Processo <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong>, é invoca<strong>do</strong> o argumento <strong>de</strong> que a execução é promovida <strong>de</strong> ofício pelo Juiz<br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, nos termos <strong>do</strong> art. 878 da CLT, não haven<strong>do</strong> espaço para a aplicabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> tal instituto.<br />

Além disso, também é possível invocar aqui o princípio protetor, visto sob o<br />

aspecto instrumental (igualda<strong>de</strong> substancial das partes no processo <strong>do</strong> trabalho), e a<br />

existência <strong>do</strong> jus postulandi da parte na execução trabalhista, como argumentos aptos<br />

a inviabilizar o reconhecimento da prescrição intercorrente no processo trabalhista.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a Súmula n. 114 <strong>do</strong> C. TST, in verbis:<br />

“Prescrição intercorrente. É inaplicável na Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> a prescrição intercorrente.”<br />

Destacamos, no aspecto, as seguintes ementas:<br />

“PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE — NÃO APLICÁVEL AO PROCESSO TRABALHISTA.<br />

O procedimento jurisdicional trabalhista sempre foi caracteriza<strong>do</strong> pelo fato <strong>de</strong> que na execução<br />

não se inicia novo processo, mas apenas ocorre <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento da fase cognitiva, para o<br />

fito <strong>de</strong> cumprimento da res judicata. O art. 878 da CLT é <strong>de</strong> clareza solar ao estipular que<br />

<strong>de</strong>ntre as várias formas, a execução trabalhista po<strong>de</strong>rá ser promovida ex officio pelo próprio<br />

juiz, em harmonia ao princípio <strong>do</strong> impulso oficial nas execuções trabalhistas. Não é por<br />

outro motivo que a mais alta Corte Trabalhista <strong>do</strong> país editou a Súmula n. 114, a qual<br />

sedimentou o entendimento majoritário <strong>de</strong> que não é aplicável a prescrição intercorrente,<br />

por incompatibilida<strong>de</strong> lógica e jurídica com o procedimento jurisdicional trabalhista.<br />

Finalmente, <strong>de</strong>ve ser enfatiza<strong>do</strong> que a par da dicção da regra trazida pelo art. 884, § 1 o , da<br />

CLT, questão em apreço somente po<strong>de</strong>ria ser apreciada se invocada pela parte executada,<br />

e não ex officio.” (TRT/SP – 01138199501902000 – AP – Ac. 4 a T. – 20080253630 – rel.<br />

Paulo Augusto Camara – DOE 11.4.2008)<br />

“Prescrição intercorrente no processo <strong>do</strong> trabalho — Cabimento e pressupostos. O Juiz <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> tem o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> conduzir o processo <strong>de</strong> execução in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> provocação da<br />

parte, como estatui a regra <strong>do</strong> art. 878 da CLT. Tal disposição <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> interesse público<br />

que existe no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a execução da sentença seja feita, como mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> afirmação da<br />

soberania e eficácia das <strong>de</strong>cisões judiciais, e aplica-se plenamente ao processo trabalhista,<br />

ainda que a parte esteja assistida por advoga<strong>do</strong>, não restan<strong>do</strong> revogada pelo art. 4 o da Lei n.<br />

5.584/70. Por isso, inviável a aplicação da prescrição intercorrente, porque eventual inércia<br />

<strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r haveria que ser suprida pela iniciativa judicial. É possível, porém, que tal ocorra<br />

em situações em que o processo foi paralisa<strong>do</strong> por ato que <strong>de</strong>pendia exclusivamente da<br />

parte, sen<strong>do</strong> impossível ao juiz a<strong>do</strong>tar qualquer medida. A paralisação <strong>do</strong> processo pelo<br />

<strong>de</strong>saparecimento <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r é um fato que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r, e por isso<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 507

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!