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Manual de Direito Processual do Trabalho

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Ensinam Ro<strong>do</strong>lfo Pamplona Filho e Pablo Stolze Gagliano (4) que a <strong>de</strong>cadência<br />

“consiste na perda efetiva <strong>de</strong> um direito potestativo, pela falta <strong>de</strong> seu exercício, no<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> em lei ou pela vonta<strong>de</strong> das próprias partes. Sen<strong>do</strong>,<br />

literalmente, a extinção <strong>do</strong> direito é também chamada, em senti<strong>do</strong> estrito, consoante<br />

já se disse, <strong>de</strong> caducida<strong>de</strong>, não remanescen<strong>do</strong> qualquer sombra <strong>de</strong> direito em favor<br />

<strong>do</strong> titular, que não terá como exercer mais, <strong>de</strong> forma alguma, o direito caduco.”<br />

No Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, <strong>de</strong>stacam-se três prazos <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nciais típicos, quais sejam:<br />

a) 30 dias para instauração <strong>do</strong> inquérito judicial para apuração <strong>de</strong> falta grave,<br />

ten<strong>do</strong> havi<strong>do</strong> a prévia suspensão <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>;<br />

b) 2 anos para propor a ação rescisória, conta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trânsito em julga<strong>do</strong> da<br />

<strong>de</strong>cisão;<br />

c) 120 dias para proposição <strong>do</strong> Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> Segurança, conta<strong>do</strong>s a partir da<br />

ciência <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> pratica<strong>do</strong> com ilegalida<strong>de</strong> ou abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

Segun<strong>do</strong> a melhor <strong>do</strong>utrina, a prescrição extingue a pretensão e por via oblíqua<br />

o direito, enquanto a <strong>de</strong>cadência extingue o direito e por via oblíqua a pretensão.<br />

O prazo <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ncial po<strong>de</strong> ser fixa<strong>do</strong> na lei ou pela vonta<strong>de</strong> das partes (contrato),<br />

enquanto os prazos prescricionais somente são fixa<strong>do</strong>s em lei. O prazo <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ncial<br />

corre contra to<strong>do</strong>s, não sen<strong>do</strong>, como regra, objeto <strong>de</strong> suspensão, interrupção ou causa<br />

impeditiva (art. 207 <strong>do</strong> CC), salvo as exceções <strong>do</strong> art. 208 <strong>do</strong> CC (5) , já a prescrição<br />

po<strong>de</strong> não correr contra algumas pessoas, po<strong>de</strong> sofrer causas <strong>de</strong> impedimento, suspensão<br />

ou interrupção. A prescrição, uma vez consumada, po<strong>de</strong> ser objeto <strong>de</strong> renúncia.<br />

A <strong>de</strong>cadência é irrenunciável quan<strong>do</strong> fixada em lei (art. 209 <strong>do</strong> CC).<br />

Nesse diapasão, relevante <strong>de</strong>stacar a seguinte ementa:<br />

“Prescrição x <strong>de</strong>cadência — Biênio para ajuizamento <strong>de</strong> reclamação trabalhista — Prazo<br />

prescricional — Reconhecimento. A distinção entre prescrição e <strong>de</strong>cadência tem si<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

longa data, objeto <strong>de</strong> inúmeros combates <strong>do</strong>utrinários, envolven<strong>do</strong> juristas <strong>de</strong> renome, no<br />

escopo <strong>de</strong> se <strong>de</strong>linear, com exatidão, o campo <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> ambos os institutos. Sob<br />

a égi<strong>de</strong> <strong>do</strong> Código Civil revoga<strong>do</strong>, firmou-se a clássica distinção <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>cadência extinguia<br />

o direito em si, ao passo que a prescrição extinguiria a ação. Entretanto, é verda<strong>de</strong><br />

que a fórmula tradicional não era suficiente para explicar a complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fenômeno,<br />

reclaman<strong>do</strong> assim uma melhor <strong>de</strong>finição daquelas hipóteses. Nesse contexto, a<strong>do</strong>tou o<br />

legisla<strong>do</strong>r contemporâneo, nos termos <strong>do</strong> art. 189 <strong>do</strong> Novo Código Civil, a concepção <strong>de</strong><br />

que “viola<strong>do</strong> o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição”,<br />

nos prazos <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s em lei, repetin<strong>do</strong> a sistemática já introduzida nos arts. 26 e 27 da Lei<br />

n. 8.078/90 — Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r. Vale dizer, hodiernamente, encontra<br />

a prescrição seu melhor conceito enquanto causa <strong>de</strong> extinção temporal da pretensão <strong>de</strong><br />

ver con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> o viola<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um direito à sua justa reparação, distancian<strong>do</strong>-se, assim, da<br />

<strong>de</strong>cadência, hipótese <strong>de</strong> extinção <strong>de</strong> um direito não reclama<strong>do</strong> no prazo legal.” (TRT –<br />

15 a R. – 2 a T. – RO n. 1.484/2003.122.15.00-9 – rel. Luís Carlos C. M. S. da Silva – DJSP<br />

18.6.04 – p. 18) (RDT n. 7 – Julho <strong>de</strong> 2004).<br />

(4) Novo curso <strong>de</strong> direito processual civil. v. 1, 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 480.<br />

(5) Art. 208 <strong>do</strong> CC: “Aplica-se à <strong>de</strong>cadência o disposto nos arts. 195 e 198, I <strong>do</strong> CC.”<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 497

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