11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> dada pela EC n. 45/04, isso já não é possível, pois o TRT<br />

não po<strong>de</strong> julgar, originariamente, ações sobre representação sindical, já que tal<br />

competência é <strong>do</strong> primeiro grau <strong>de</strong> jurisdição. Além disso, o sindicato oponente<br />

não po<strong>de</strong>rá ingressar no dissídio coletivo sem a anuência <strong>do</strong>s outros sindicatos, pois<br />

o § 2 o , <strong>do</strong> art. 114, da CF, exige o “comum acor<strong>do</strong>” para instauração <strong>do</strong> dissídio<br />

coletivo <strong>de</strong> natureza econômica (35) .<br />

Nesse diapasão, oportunas as palavras <strong>de</strong> Manoel Antonio Teixeira Filho (36) :<br />

“Ainda que se admita, simplesmente para argumentar, que o sindicato<br />

po<strong>de</strong>ria intervir como opoente, ficaria sem resposta satisfatória uma outra<br />

questão relevante. Com efeito, se o pressuposto para o exercício da ação<br />

coletiva é o insucesso da negociação (Constituição Fe<strong>de</strong>ral, art. 114, § 2 o ),<br />

eventual <strong>de</strong>cisão favorável ao opoente (por enten<strong>de</strong>r-se que é o legítimo<br />

representante da categoria) faria com que a tentativa <strong>de</strong> negociação ficasse<br />

invalidada, por haver si<strong>do</strong> realizada por sindicato que não representa a<br />

categoria. Com isso, <strong>de</strong>veria ser extinto o processo <strong>de</strong> dissídio coletivo,<br />

sem julgamento <strong>do</strong> mérito, por falta <strong>de</strong> atendimento a um pressuposto<br />

constitucional indispensável.”<br />

Recentemente, o Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> enfrentou a questão, conforme<br />

a ementa que segue:<br />

“EXTINÇÃO DO PROCESSO. RECONHECIMENTO DA LEGITIMIDADE DO OPOENTE.<br />

Após a edição da Emenda Constitucional n. 45/2004, a competência material da Justiça <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> foi bastante alargada, passan<strong>do</strong> a abranger, entre outras, as disputas relativas à<br />

representação sindical (art. 114, III, da CF/88). Inclusive a nova redação dada pelo diploma<br />

reforma<strong>do</strong>r ao art. 114 da CF/88 conduziu o cancelamento da Orientação Jurispru<strong>de</strong>ncial<br />

n. 04 da SDC <strong>do</strong> TST. Hoje a competência para dirimir as controvérsias que envolvam<br />

disputa acerca da representativida<strong>de</strong> sindical é <strong>do</strong> Juízo Laboral <strong>de</strong> Primeiro Grau. No entanto,<br />

em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação coletiva a questão <strong>de</strong> disputa <strong>de</strong> representação sindical po<strong>de</strong>rá ser apreciada,<br />

mas apenas <strong>de</strong> forma inci<strong>de</strong>ntal, se for o caso, sem adquirir contorno <strong>de</strong> coisa julgada<br />

material, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser renova<strong>do</strong> o tema posteriormente em outra ação. Na hipótese <strong>do</strong>s<br />

autos, o recorrente postula a extinção <strong>do</strong> feito e o reconhecimento da sua legitimida<strong>de</strong><br />

para representar a categoria profissional nas cida<strong>de</strong>s Elias Fausto, Mombuca, Rafard e<br />

Monte-Mor. A Corte regional <strong>de</strong>cretou a extinção <strong>do</strong> processo, sem resolução <strong>do</strong> mérito,<br />

logo, no tocante a esse tema, falece ao opoente-recorrente o interesse recursal. Quanto à<br />

pretensão <strong>do</strong> reconhecimento da legitimida<strong>de</strong> <strong>do</strong> opoente-recorrente para representar a<br />

categoria profissional, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> <strong>de</strong>cretada a extinção <strong>do</strong> feito, torna-se inócua a análise <strong>do</strong><br />

(35) A nosso ver, o Po<strong>de</strong>r Normativo da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> não foi extinto pela EC n. 45/04. Apenas fora cria<strong>do</strong><br />

um óbice para o ingresso <strong>do</strong> Dissídio que é o “comum acor<strong>do</strong>.” Trata-se esta expressão <strong>de</strong> um pressuposto<br />

processual para alguns ou <strong>de</strong> uma condição da ação para outros, ou até um requisito preliminar para a<br />

mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong>utrina que engloba os pressupostos processuais e condições da ação numa mesma categoria<br />

<strong>de</strong> requisitos preliminares.<br />

(36) TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Litisconsórcio, assistência e intervenção <strong>de</strong> terceiros. Curso <strong>de</strong> processo<br />

<strong>do</strong> trabalho. Perguntas e respostas sobre assuntos polêmicos em opúsculos específicos. v. 4. São Paulo:<br />

LTr, 1997. p. 37.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 435

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!