11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Como bem adverte Cássio Scarpinella Bueno (17) , exige-se <strong>do</strong> amicus curiae<br />

representativida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada, isto é, que mostre satisfatoriamente a razão da sua<br />

intervenção e <strong>de</strong> que maneira seu interesse institucional — que é o traço distintivo<br />

<strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong> interventiva, que não se confun<strong>de</strong> com o interesse jurídico das<br />

<strong>de</strong>mais modalida<strong>de</strong>s intervenitivas — relaciona-se com o processo.<br />

A intervenção <strong>do</strong> amicus curiae, que somente era permitida nas Cortes Superiores,<br />

é compatível com o processo <strong>do</strong> trabalho (arts. 15 <strong>do</strong> CPC e 769 da CLT) (18) .<br />

Doravante, é cabível em todas as instâncias, inclusive no primeiro grau <strong>de</strong> jurisdição,<br />

principalmente em ações coletivas, dissídio coletivo, ação envolven<strong>do</strong> representação<br />

sindical, ou caso a matéria discutida seja pertinente à questão técnica específica,<br />

como a hipótese <strong>de</strong> profissões regulamentadas. Outrossim, no inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> resolução<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas repetitivas junto ao TST, a intervenção <strong>do</strong> “amicus curiae” é <strong>de</strong><br />

extrema relevância.<br />

Como regra, o amicus curiae não po<strong>de</strong>rá recorrer, exceto da <strong>de</strong>cisão que julgar<br />

o inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas repetitivas.<br />

3. Das espécies <strong>de</strong> intervenção <strong>de</strong> terceiros e sua aplicabilida<strong>de</strong><br />

no <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

3.1. Assistência<br />

Dispõe <strong>do</strong> art. 119 <strong>do</strong> CPC:<br />

“Pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessa<strong>do</strong> em que<br />

a sentença seja favorável a uma <strong>de</strong>las po<strong>de</strong>rá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único.<br />

A assistência será admitida em qualquer procedimento e em to<strong>do</strong>s os graus <strong>de</strong> jurisdição,<br />

receben<strong>do</strong> o assistente o processo no esta<strong>do</strong> em que se encontre.”<br />

Assistência é, em si, a ajuda que uma pessoa presta a uma das partes principais<br />

<strong>do</strong> processo, com vista a melhorar suas condições para obter a tutela jurisdicional.<br />

Na disciplina das intervenções <strong>de</strong> terceiros, chama-se a assistência <strong>de</strong> ingresso voluntário<br />

<strong>de</strong> um terceiro no processo, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajudar uma das partes (19) .<br />

O interesse que legitima a intervenção <strong>de</strong> terceiros é o jurídico. Interesse<br />

jurídico configura-se quan<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo possa projetar efeitos sobre<br />

a esfera <strong>de</strong> direitos <strong>do</strong> terceiro, ou seja, o terceiro possa, <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong>, sofrer<br />

os efeitos da coisa julgada material — por exemplo, o fia<strong>do</strong>r, sócio que se retirou<br />

da empresa há menos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos (art. 1.102 <strong>do</strong> CC), segura<strong>do</strong>ra etc. O interesse<br />

meramente econômico não legitima a assistência.<br />

Ao intervir, o terceiro adquire o status <strong>de</strong> parte. Mas o litígio não é seu, o assistente<br />

não tem po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> disposição <strong>do</strong> processo. Por isso, é chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> parte auxiliar.<br />

Também o ingresso <strong>do</strong> assistente não altera o objeto <strong>do</strong> processo, uma vez que ele<br />

(17) Novo Código <strong>de</strong> Processo Civil anota<strong>do</strong>. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 135.<br />

(18) No mesmo senti<strong>do</strong> o art. 3 o , II da IN n. 39/16 <strong>do</strong> TST: “Sem prejuízo <strong>de</strong> outros, aplicam-se ao Processo<br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, em face <strong>de</strong> omissão e compatibilida<strong>de</strong>, os preceitos <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Civil que regulam<br />

os seguintes temas: II – art. 138 e parágrafos (amicus curiae)”.<br />

(19) DINAMARCO, Cândi<strong>do</strong> Rangel. Op. cit., p. 383.<br />

428 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!