11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

inclusive quanto a trasla<strong>do</strong>s e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior<br />

ao <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> mínimo legal, ou <strong>de</strong>clararem, sob as penas da lei, que não estão em condições<br />

<strong>de</strong> pagar as custas <strong>do</strong> processo sem prejuízo <strong>do</strong> sustento próprio ou <strong>de</strong> sua família.”<br />

O benefício da justiça gratuita <strong>de</strong>ve ser requeri<strong>do</strong>, como regra, na inicial ou<br />

na <strong>de</strong>fesa, pois o requerimento está sujeito à impugnação pela parte contrária.<br />

Entretanto, a jurisprudência majoritária posicionou-se no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o requerimento<br />

po<strong>de</strong> ser formula<strong>do</strong> em qualquer fase <strong>do</strong> processo, pois a ruína financeira<br />

da parte po<strong>de</strong> ocorrer a qualquer momento. Nesse senti<strong>do</strong>, é a OJ n. 269, da SDI-I,<br />

<strong>do</strong> TST, in verbis:<br />

“Justiça gratuita. Requerimento <strong>de</strong> isenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas processuais. Momento oportuno.<br />

(Inserida em 27.9.2002) O benefício da justiça gratuita po<strong>de</strong> ser requeri<strong>do</strong> em qualquer<br />

tempo ou grau <strong>de</strong> jurisdição, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, na fase recursal, seja o requerimento formula<strong>do</strong><br />

no prazo alusivo ao recurso.” ERR n. 664.289/00 – Min. Milton <strong>de</strong> Moura França – DJ<br />

14.6.02 – Decisão por maioria. ROAR n. 678.061/00 – Min. José Simpliciano – DJ 5.4.02<br />

– Decisão unânime. AIRO n. 813.821/01 – Juíza Conv. Anelia Li Chum – DJ 5.4.02 – Decisão<br />

unânime. EDAIRO n. 475.856/98 – Min. Ronal<strong>do</strong> Lopes Leal – DJ 17.8.01 – Decisão<br />

unânime. AIRO n. 643.622/00 – Min. Ives Gandra – DJ 25.8.00 – Decisão unânime. RR<br />

n. 589.286/99 – 3 a T. – Juíza Conv. Eneida Melo – DJ 9.8.02 – Decisão unânime. RR n.<br />

457.565/98 – 5 a T. – Min. Ri<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Brito – DJ 16.11.01 – Decisão por maioria.<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, o art. 99 e seu § 1 o , <strong>do</strong> CPC:<br />

“O pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> gratuida<strong>de</strong> da justiça po<strong>de</strong> ser formula<strong>do</strong> na petição inicial, na contestação,<br />

na petição para ingresso <strong>de</strong> terceiro no processo ou em recurso. § 1 o Se superveniente à<br />

primeira manifestação da parte na instância, o pedi<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rá ser formula<strong>do</strong> por petição<br />

simples, nos autos <strong>do</strong> próprio processo, e não suspen<strong>de</strong>rá seu curso.”<br />

16.1. Do <strong>de</strong>ferimento da justiça gratuita ao emprega<strong>do</strong>r<br />

A Constituição Fe<strong>de</strong>ral não restringe, para efeitos <strong>de</strong> concessão da assistência<br />

judiciária gratuita, os polos em que as partes se encontram no Processo, seja ativo ou<br />

passivo. Por isso, pensamos ser inconstitucional não se <strong>de</strong>ferir à parte que figura<br />

no polo passivo <strong>de</strong> reclamação trabalhista os benefícios da Justiça Gratuita quan<strong>do</strong><br />

presentes os pressupostos legais. Além disso, na prática, temos observa<strong>do</strong> que, muitas<br />

vezes, o reclama<strong>do</strong> está em pior situação econômica que o reclamante.<br />

Não obstante, a jurisprudência trabalhista, inclusive <strong>do</strong> TST, firmou-se no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> não ser <strong>de</strong>vida a assistência judiciária gratuita ao emprega<strong>do</strong>r diante da<br />

disposição <strong>do</strong> art. 14 da Lei n. 5.584/70, que diz ser <strong>de</strong>vida a assistência judiciária<br />

gratuita apenas ao trabalha<strong>do</strong>r que ganhe até <strong>do</strong>is salários mínimos ou comprove<br />

seu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> miserabilida<strong>de</strong>.<br />

No aspecto, relevante <strong>de</strong>stacar as seguintes ementas:<br />

“Benefício da Justiça gratuita ao emprega<strong>do</strong>r — Impossibilida<strong>de</strong> — Deserção. Pela disposição<br />

literal <strong>do</strong> parágrafo único <strong>do</strong> art. 2 o da Lei n. 1.060/50 (Consi<strong>de</strong>ra-se necessita<strong>do</strong>, para<br />

os fins legais, to<strong>do</strong> aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas <strong>do</strong><br />

processo e os honorários <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>s, sem prejuízo <strong>do</strong> sustento próprio ou da família<br />

— grifei), não é possível concluir que as pessoas jurídicas sejam beneficiárias da gratuida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s serviços judiciários. A referência ao próprio sustento ou da família não legitima<br />

394 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!