11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Outros <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m sua extinção, argumentan<strong>do</strong> que, diante da complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Direito</strong><br />

Material <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e <strong>do</strong> Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, já não é possível a parte postular<br />

sem advoga<strong>do</strong>, haven<strong>do</strong> uma falsa impressão <strong>de</strong> acesso à justiça <strong>de</strong>ferir à parte a<br />

capacida<strong>de</strong> postulatória.<br />

No nosso sentir, com a EC n. 45/04 e a vinda <strong>de</strong> outras ações para a Justiça<br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> que não são oriundas da relação <strong>de</strong> emprego, não mais se justifica a<br />

existência <strong>do</strong> jus postulandi, até mesmo pelo fato da complexida<strong>de</strong> das relações<br />

jurídicas que <strong>de</strong>correm da relação <strong>de</strong> emprego.<br />

Parte significativa da <strong>do</strong>utrina tem <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> a manutenção <strong>do</strong> jus postulandi<br />

da parte na Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> a fim <strong>de</strong> facilitar o acesso <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r à justiça.<br />

Por to<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>stacamos a posição <strong>de</strong> José Roberto Freire Pimenta:<br />

“É preciso observar, no entanto, que a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuar em Juízo<br />

pessoalmente tem si<strong>do</strong> tradicionalmente consi<strong>de</strong>rada como uma das mais<br />

importantes medidas <strong>de</strong> ampliação <strong>do</strong> acesso à justiça para os jurisdiciona<strong>do</strong>s<br />

em geral e uma das notas características positivas da própria Justiça<br />

Laboral, sen<strong>do</strong> no mínimo para<strong>do</strong>xal que as pequenas causas <strong>de</strong> valor até<br />

20 (vinte) salários mínimos, que nos Juiza<strong>do</strong>s Especiais Cíveis também<br />

não contam com o patrocínio obrigatório <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>s (art. 9 o da Lei n.<br />

9.099/95), passem a exigi-lo apenas porque passaram para a competência<br />

material da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. A<strong>de</strong>mais, não se po<strong>de</strong> ignorar que até<br />

antes da promulgação da Emenda Constitucional n. 45/2004, em todas<br />

as causas não <strong>de</strong>correntes da relação <strong>de</strong> emprego que já tramitavam na<br />

Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> por força <strong>de</strong> norma legal expressa, sempre foram<br />

pacificamente ti<strong>do</strong>s por aplicáveis tanto o disposto no caput <strong>do</strong> art. 791<br />

quanto o referi<strong>do</strong> entendimento jurispru<strong>de</strong>ncial sobre os honorários<br />

advocatícios, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> se questionar se haveria motivos suficientes para<br />

tão significativa alteração (14) .”<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a seguinte ementa:<br />

“Processo trabalhista — Princípio <strong>do</strong> jus postulandi. No processo <strong>do</strong> trabalho vigora o jus<br />

postulandi. Não é obrigatório, portanto, que a parte se faça acompanhar por procura<strong>do</strong>r.<br />

É o que se infere da CLT, art. 843: ‘na audiência <strong>de</strong> julgamento <strong>de</strong>verão estar presentes o<br />

reclamante e o reclama<strong>do</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> comparecimento <strong>de</strong> seu representante<br />

[...]’.” (grifou-se). (TRT 3 a R. – 6 a T. – RO n. 778/2005.084.03.00-4 – rel. Ricar<strong>do</strong> Antônio<br />

Mohallem – DJ 8.6.06 – p. 13) (RDT n. 7 – julho <strong>de</strong> 2006)<br />

Em que pese o respeito que merece o entendimento acima, pensamos que o<br />

emprega<strong>do</strong> assisti<strong>do</strong> por advoga<strong>do</strong> tem maiores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> êxito no processo,<br />

asseguran<strong>do</strong> o cumprimento <strong>do</strong> princípio constitucional <strong>do</strong> acesso real à Justiça<br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, e também a uma or<strong>de</strong>m jurídica justa. Não se po<strong>de</strong> interpretar a lei<br />

(14) A nova competência da justiça <strong>do</strong> trabalho para li<strong>de</strong>s não <strong>de</strong>correntes da relação <strong>de</strong> emprego: aspectos<br />

processuais e procedimentais. In: COUTINHO, Grijalbo Fernan<strong>de</strong>s; FAVA, Marcos Neves (Coords.). Justiça<br />

<strong>do</strong> trabalho: competência ampliada. São Paulo: LTr, 2005. p. 270-271.<br />

336 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!