11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

matéria, passan<strong>do</strong> a valer para to<strong>do</strong>s os processos semelhantes que tramitam nas diversas<br />

instâncias <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário.” (TRT/SP – 00002955820125020447 – RO – Ac. 11 a T. –<br />

20130370651 – rel a Claudia Zerati – DOE 23.4.2013)<br />

Atualmente, tanto o Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> como os Tribunais Regionais<br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> têm segui<strong>do</strong> a diretriz <strong>do</strong> Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral em não acolher a<br />

competência da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> para os pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> complementação <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria<br />

tanto <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>res públicos como priva<strong>do</strong>s.<br />

10.3. Da competência da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> para apreciação <strong>do</strong>s<br />

danos morais e materiais <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho<br />

Sob os prismas <strong>do</strong> art. 109, I, da CF, e Súmulas n. 15, <strong>do</strong> STJ (136) , e 501 <strong>do</strong><br />

STF (137) , vinham os pretórios, majoritariamente, afastan<strong>do</strong> a competência da Justiça<br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> para apreciação <strong>de</strong> litígio atinente a danos morais e patrimoniais <strong>de</strong>correntes<br />

<strong>do</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho.<br />

Antonio Lamarca (138) , em 1979, preven<strong>do</strong> os novos horizontes da Justiça <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong>, fazia as seguintes indagações:<br />

“Por que razão o legisla<strong>do</strong>r ordinário não <strong>de</strong>fere a uma Justiça semigratuita<br />

e perfeitamente aparelhada a resolução <strong>de</strong> conflitos <strong>do</strong> trabalho<br />

não resultantes <strong>de</strong> uma relação não empregatícia? Por que a Justiça <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir as li<strong>de</strong>s consequentes aos aci<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> trabalho<br />

e à previdência social? Há muito combatemos essa aparentemente<br />

inexplicável quebra <strong>de</strong> competência. A Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> custa muito<br />

dinheiro aos cofres públicos, mas funciona melhor que qualquer outro<br />

setor <strong>do</strong> Judiciário brasileiro. Tanto isso é verda<strong>de</strong> que a Reforma Judiciária,<br />

<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1977, praticamente não tocou nela. Seria razoável,<br />

portanto, que a ela se <strong>de</strong>ferisse acompanhar toda a vida <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r,<br />

em to<strong>do</strong>s os aspectos liga<strong>do</strong>s, direta ou indiretamente, ao seu trabalho.<br />

Não é assim, porém. Parece-me que o gran<strong>de</strong> mal da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

resi<strong>de</strong>, para<strong>do</strong>xalmente, na sua eficiência. Fosse ela lenta, como a Justiça<br />

ordinária, e certamente, não teria voltada contra si a ira injustificada <strong>do</strong>s<br />

setores mais reacionários <strong>do</strong> país. Nem sempre interessa o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminadas questões... Outra razão <strong>do</strong>s que vivem assentan<strong>do</strong> baterias<br />

contra ela é o sentimento <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong>, que <strong>do</strong>mina os seus juízes,<br />

mais preocupa<strong>do</strong>s em fazer ‘Justiça’ que legalida<strong>de</strong>. O sentimentalismo<br />

da jurisprudência acientífica não agrada a certos setores sociais. Mas<br />

(136) Súmula n. 15 <strong>do</strong> C. STJ: “Aci<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> trabalho — Competência: justiça comum. Compete à Justiça Estadual<br />

processar e julgar os litígios <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> trabalho” (DJ 14.11.90).<br />

(137) Súmula n. 501 <strong>do</strong> E. STF: “Aci<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> trabalho — Competência da justiça ordinária estadual. Compete à<br />

Justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>do</strong> trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias, empresas públicas ou socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

economia mista.”<br />

(138) LAMARCA, Antonio. O livro da competência. São Paulo: RT, 1979. p. 02.<br />

288 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!