11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Mas, em senti<strong>do</strong> estrito, dano é, para nós, a lesão <strong>do</strong> patrimônio; e patrimônio é o<br />

conjunto das relações jurídicas <strong>de</strong> uma pessoa, apreciáveis em dinheiro. Aprecia-se<br />

o dano ten<strong>do</strong> em vista a diminuição sofrida no patrimônio. Logo, a matéria <strong>do</strong> dano<br />

pren<strong>de</strong>-se à da in<strong>de</strong>nização, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que só interessa o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> dano in<strong>de</strong>nizável.”<br />

O dano é a lesão <strong>de</strong> um bem jurídico, material ou imaterial ou ainda moral,<br />

tutela<strong>do</strong> pelo direito, que acarreta prejuízo à vítima.<br />

O dano que causa prejuízo ao patrimônio da pessoa é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> material<br />

e é repara<strong>do</strong> por um montante em pecúnia para tornar in<strong>de</strong>ne o prejuízo sofri<strong>do</strong>,<br />

ressarcin<strong>do</strong> o lesa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s danos emergentes (imediatos e atuais) e lucros cessantes<br />

(mediatos e futuros), ou seja, o que o lesa<strong>do</strong> razoavelmente ganharia se não houvesse<br />

o dano.<br />

Quanto ao dano moral, não é fácil a tarefa <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o conceito exato. Não<br />

obstante as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir, a <strong>do</strong>utrina tem traça<strong>do</strong> alguns conceitos objetivos<br />

<strong>de</strong> dano moral, máxime para diferenciá-lo <strong>do</strong> dano patrimonial, já que, atualmente,<br />

o chama<strong>do</strong> dano moral puro, ou seja, aquele que não tem qualquer reflexo patrimonial,<br />

é objeto <strong>de</strong> reparação pelo <strong>Direito</strong>. Muitos conceitos partem da <strong>de</strong>finição<br />

por exclusão <strong>do</strong> dano patrimonial, vale dizer: to<strong>do</strong> dano que não é patrimonial, é<br />

moral, ou extrapatrimonial. Não obstante, nem tu<strong>do</strong> que não é dano patrimonial<br />

po<strong>de</strong> ser encara<strong>do</strong> como dano moral.<br />

A mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong>utrina vem dan<strong>do</strong> amplitu<strong>de</strong> mais acentuada ao dano moral para<br />

abranger to<strong>do</strong> dano que viole um direito da personalida<strong>de</strong> e a dignida<strong>de</strong> da pessoa<br />

humana, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> dano moral ficar exclusivamente baliza<strong>do</strong> ao<br />

preço da <strong>do</strong>r e aos danos <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> Interior. A nosso ver, diante da atual Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral (art. 5 o , V e X) e também <strong>do</strong> Código Civil (arts. 10 e seguintes),<br />

atualmente, o conceito <strong>de</strong> dano moral tem caráter mais amplo <strong>do</strong> que os chama<strong>do</strong>s<br />

“danos da alma” ou danos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> interior, pois abrange to<strong>do</strong> dano à pessoa,<br />

seja no aspecto interior (honra, intimida<strong>de</strong>, privacida<strong>de</strong>), seja no aspecto exterior<br />

(imagem, boa fama, estética), que não tenha natureza econômica, e que abale a<br />

dignida<strong>de</strong> da pessoa. Quanto às pessoas jurídicas, por não possuírem intimida<strong>de</strong> e<br />

não terem sentimentos, o dano moral se configura quan<strong>do</strong> há violação à sua honra<br />

objetiva, seu nome, reputação e imagem.<br />

O próprio STJ, recentemente, por meio da Súmula n. 387, tem amplia<strong>do</strong> a<br />

tutela <strong>do</strong>s direitos da personalida<strong>de</strong> para reconhecer a reparação <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> dano<br />

estético puro, que se configura quan<strong>do</strong> há alteração morfológica na pessoa, acarretan<strong>do</strong><br />

enfeiamento, <strong>de</strong>formação ou aleijão. Com efeito, dispõe a citada Súmula<br />

<strong>do</strong> STJ: “É lícita a cumulação das in<strong>de</strong>nizações <strong>de</strong> dano estético e dano moral.”<br />

(DJeletrônico 1 o .9.2009).<br />

No nosso sentir, o dano moral configura-se in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> seus efeitos,<br />

até mesmo porque os efeitos não são passíveis <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>s. Basta que<br />

ocorra violação efetiva a um direito da personalida<strong>de</strong> para que o dano moral esteja<br />

configura<strong>do</strong>.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 281

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!