11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

judiciárias, como nas hipóteses <strong>do</strong>s incisos III e IV <strong>do</strong> art. 114, da CF, em face <strong>do</strong>s<br />

Auditores Fiscais e Delega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, Oficiais <strong>de</strong> Cartório que recusam o registro<br />

<strong>de</strong> entida<strong>de</strong> sindical, e até mesmo atos <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> Ministério Público <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

em Inquéritos Civis Públicos, uma vez que o inciso IV <strong>do</strong> art. 114 diz ser da<br />

competência da Justiça trabalhista o mandamus quan<strong>do</strong> o ato questiona<strong>do</strong> envolver<br />

matéria sujeita à sua jurisdição.<br />

Nesse mesmo senti<strong>do</strong>, é a visão <strong>de</strong> Sergio Pinto Martins (109) : “O manda<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

segurança po<strong>de</strong>rá ser impetra<strong>do</strong> contra auditor fiscal <strong>do</strong> trabalho ou o Delega<strong>do</strong><br />

Regional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> multas provenientes da fiscalização<br />

das relações <strong>de</strong> trabalho (art. 114, VII, da Constituição), na interdição <strong>de</strong> estabelecimento<br />

ou setor, <strong>de</strong> máquina ou equipamento, no embargo à obra (art. 161 da CLT),<br />

será proposta na primeira instância e não no TRT.”<br />

Sob outro enfoque, embora o art. 114, IV, da CF, diga caber o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

segurança quan<strong>do</strong> o ato questiona<strong>do</strong> estiver sob o crivo da jurisdição trabalhista,<br />

também se a matéria for administrativa (110) interna corporis, o manda<strong>do</strong> será cabível.<br />

Não há como se interpretar o referi<strong>do</strong> inciso <strong>de</strong> forma literal. Como <strong>de</strong>staca Antônio<br />

Álvares da Silva (111) : “Seria o maior <strong>do</strong>s absur<strong>do</strong>s que os tribunais <strong>do</strong> trabalho não<br />

pu<strong>de</strong>ssem julgar, por exemplo, um manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança impetra<strong>do</strong> contra seu<br />

presi<strong>de</strong>nte, numa questão administrativa, nem que ao órgão especial não pu<strong>de</strong>sse<br />

ser dada competência para julgar questões administrativas internas em geral.”<br />

A competência para o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança se dá como regra geral em razão da<br />

qualida<strong>de</strong> da autorida<strong>de</strong> coatora. Nesse senti<strong>do</strong>, é a visão <strong>de</strong> Hely Lopes Meirelles (112) que<br />

foi consagrada pelos Tribunais: “A competência para julgar manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança<br />

<strong>de</strong>fine-se pela categoria da autorida<strong>de</strong> coatora e pela sua se<strong>de</strong> funcional.”<br />

No mesmo contexto, <strong>de</strong>stacamos a seguinte ementa:<br />

“Irrelevante, para fixação da competência, a matéria a ser discutida em Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> Segurança,<br />

posto que é em razão da autorida<strong>de</strong> da qual emanou o ato, dito lesivo, que se <strong>de</strong>termina<br />

qual o Juízo a que <strong>de</strong>ve ser submetida a causa (113) .”<br />

Na Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, a competência para o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança se fixa,<br />

diante da EC n. 45/04, em razão da matéria, ou seja, que o ato pratica<strong>do</strong> esteja<br />

submeti<strong>do</strong> à jurisdição trabalhista. O critério <strong>de</strong>terminante não é a qualida<strong>de</strong> da<br />

autorida<strong>de</strong> coatora, e sim a competência jurisdicional para <strong>de</strong>sfazer o ato pratica<strong>do</strong>.<br />

(109) MARTINS, Sergio Pinto. <strong>Direito</strong> processual <strong>do</strong> trabalho. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 119.<br />

(110) Ensina Lúcia Valle Figueire<strong>do</strong> que ato administrativo “é norma concreta, emanada pelo Esta<strong>do</strong> ou por quem<br />

esteja no exercício <strong>de</strong> função administrativa, que tem por finalida<strong>de</strong> criar, modificar, extinguir ou <strong>de</strong>clarar<br />

relações entre este (o Esta<strong>do</strong>) e o administra<strong>do</strong>, suscetível <strong>de</strong> ser contrastada pelo Po<strong>de</strong>r Judiciário” (Curso<br />

<strong>de</strong> direito administrativo. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 151-152).<br />

(111) SILVA, Antônio Álvares da. Op. cit., p. 208.<br />

(112) MEIRELLES, Hely Lopes. Op. cit., p. 65.<br />

(113) STJ, CComp n. 17.438-MG, rel. Min. Felix Fischer, DJ 20.10.1997. p. 52.969.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 273

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!