11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ou universalida<strong>de</strong> reconhecida por lei, para a proteção <strong>de</strong> direito individual ou coletivo,<br />

líqui<strong>do</strong> e certo, não ampara<strong>do</strong> por habeas corpus ou habeas data, lesa<strong>do</strong> ou ameaça<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> lesão, por ato <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, seja <strong>de</strong> que categoria for e sejam quais forem as<br />

funções que exerça.”<br />

A <strong>do</strong>utrina tem classifica<strong>do</strong> o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança como sen<strong>do</strong> uma ação<br />

constitucional, <strong>de</strong> natureza mandamental (105) , processada por rito especial <strong>de</strong>stinada<br />

a tutelar direito líqui<strong>do</strong> e certo (106) contra ato <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> pratica<strong>do</strong> com<br />

ilegalida<strong>de</strong> ou abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

Antes da EC n. 45/04, praticamente, o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança era utiliza<strong>do</strong> tão<br />

somente contra ato judicial e aprecia<strong>do</strong> pelo Tribunal Regional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. Somente<br />

em algumas hipóteses restritas, como o Diretor <strong>de</strong> Secretaria, pratican<strong>do</strong> um ato<br />

<strong>de</strong> sua competência exclusiva, po<strong>de</strong>ria figurar como autorida<strong>de</strong> coatora, quan<strong>do</strong><br />

se recusasse, injustificadamente, a conce<strong>de</strong>r carga <strong>do</strong> processo a um advoga<strong>do</strong> que<br />

está no seu prazo para falar nos autos (107) .<br />

No Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, em razão <strong>de</strong> não haver recurso para impugnar <strong>de</strong>cisões<br />

interlocutórias (art. 893, § 1 o , da CLT), o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança tem feito as vezes<br />

<strong>do</strong> recurso em face <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão interlocutória que viole direito líqui<strong>do</strong> e certo da<br />

parte, como no <strong>de</strong>ferimento <strong>de</strong> liminares em Medidas Cautelares e Antecipações <strong>de</strong><br />

Tutela, embora não seja esta sua finalida<strong>de</strong> constitucional (108) .<br />

Em razão <strong>do</strong> aumento da competência da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, os Manda<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> Segurança passam a ser cabíveis contra atos <strong>de</strong> outras autorida<strong>de</strong>s, além das<br />

(105) Tem natureza mandamental, pois ato contínuo à <strong>de</strong>cisão se expe<strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> execução.<br />

(106) Conforme a clássica <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Hely Lopes Meirelles, “direito líqui<strong>do</strong> e certo é o que se apresenta manifesto<br />

na sua existência, <strong>de</strong>limita<strong>do</strong> na sua extensão e apto a ser exerci<strong>do</strong> no momento da impetração. Por outras<br />

palavras, o direito invoca<strong>do</strong>, para ser amparável por manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança, há <strong>de</strong> vir expresso em norma<br />

legal e trazer em si to<strong>do</strong>s os requisitos e condições <strong>de</strong> sua explicação ao impetrante: se sua existência<br />

for duvi<strong>do</strong>sa, se sua extensão ainda não estiver <strong>de</strong>limitada, se seu exercício <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> situações e<br />

fatos ainda in<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s, não ren<strong>de</strong> ensejo à segurança embora possa ser <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> por outros meios<br />

judiciais” (Op. cit., p. 36).<br />

(107) Em razão <strong>de</strong> o art. 114 da CF/88 se referir a dissídios entre trabalha<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>res, a Justiça <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> não tinha competência para Manda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Segurança, cujas autorida<strong>de</strong>s coatoras fossem outras<br />

autorida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais. Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacamos a seguinte ementa: “Conflito negativo <strong>de</strong> competência.<br />

Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e Justiça Fe<strong>de</strong>ral. Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança contra <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s regionais <strong>do</strong> trabalho.<br />

Relação empregatícia. Não caracterização. Competência da Justiça Fe<strong>de</strong>ral. 1. O julgamento <strong>de</strong> manda<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> segurança impetra<strong>do</strong> contra atos <strong>de</strong> Delega<strong>do</strong>s Regionais <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, consistentes na fiscalização e<br />

aplicação <strong>de</strong> sanções administrativas, não é da competência da Justiça Trabalhista, pois não se relaciona<br />

à <strong>de</strong>manda entre emprega<strong>do</strong> e emprega<strong>do</strong>r. Portanto, compete à Justiça Fe<strong>de</strong>ral apreciá-lo e julgá-lo. 2.<br />

Conflito conheci<strong>do</strong> e <strong>de</strong>clarada a competência <strong>do</strong> Juízo Fe<strong>de</strong>ral da 8 a Vara da Seção Judiciária <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Minas Gerais, o suscita<strong>do</strong>.” (STJ, CC 40216, Proc. n. 200301678278, MG, rel. Min. Teori Albino Zavascki,<br />

v. u., DJU. 2.8.04).<br />

(108) Principalmente, o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança é maneja<strong>do</strong> no Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na fase <strong>de</strong> execução,<br />

muitas vezes <strong>de</strong> forma abusiva, dificultan<strong>do</strong> a celerida<strong>de</strong> e efetivida<strong>de</strong> da execução. De outro la<strong>do</strong>, há<br />

uma tolerância bem acentuada da jurisprudência, inclusive muitas vezes se aprecia o próprio mérito da<br />

questão no mandamus.<br />

272 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!