11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

produção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> pactua<strong>do</strong> com a unida<strong>de</strong> central.<br />

Suposto, não porque em verda<strong>de</strong> não o seja, mas por não ser o único<br />

emprega<strong>do</strong>r. A re<strong>de</strong> econômica montada pelas empresas, quer no mo<strong>de</strong>lo<br />

hierarquiza<strong>do</strong>, como ocorre em empresas <strong>de</strong> segurança, call centers, quer<br />

assuma as múltiplas formas jurídicas <strong>de</strong> cooperação empresarial, é uma<br />

realida<strong>de</strong>. Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa premissa, faz-se necessário enredar o conceito <strong>de</strong><br />

subordinação jurídica, emprestan<strong>do</strong>-lhe um caráter estrutural e reticular.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, sempre que reconhecida a ativida<strong>de</strong> econômica em re<strong>de</strong>,<br />

é necessário imputar a condição <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>r a to<strong>do</strong>s os integrantes<br />

da re<strong>de</strong> econômica, atrain<strong>do</strong> assim a incidência <strong>do</strong> princípio da proteção<br />

e seus aspectos consequentes: a aplicação da regra ou da condição<br />

mais benéfica [...] Contu<strong>do</strong>, discordamos <strong>do</strong>s que enten<strong>de</strong>m não haver<br />

subordinação nas hipóteses <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res ‘autônomos-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes’.<br />

A ‘subordinação’ nesse contexto subsiste, ainda que difusa, latente e diferida,<br />

justifican<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa forma, a extensão a eles <strong>do</strong>s direitos celetistas.<br />

O trabalha<strong>do</strong>r supostamente autônomo, mas habitualmente inseri<strong>do</strong> na<br />

ativida<strong>de</strong> produtiva alheia, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> ter controle relativo sobre o próprio<br />

trabalho, não <strong>de</strong>tém nenhum controle sobre a ativida<strong>de</strong> econômica.<br />

Exemplo disso, po<strong>de</strong>mos citar a hipótese <strong>do</strong> motorista agrega<strong>do</strong>, que é<br />

proprietário <strong>do</strong> caminhão em que trabalha (meio <strong>de</strong> produção) e ainda<br />

que tenha liberda<strong>de</strong> relativa sobre a execução <strong>do</strong> trabalho, nada <strong>de</strong>libera<br />

sobre os <strong>do</strong>is fatores <strong>de</strong>terminantes da legítima autonomia, como, por<br />

exemplo, para quem e quan<strong>do</strong> será presta<strong>do</strong> o serviço.” (Subordinação<br />

estrutural-reticular: uma perspectiva sobre a segurança jurídica. In: Revista<br />

<strong>do</strong> Trib. Reg. Trab. 3 a Reg., Belo Horizonte, v. 46, n. 76, p. 197-218,<br />

jul./<strong>de</strong>z. 2007)<br />

Sobre a diferenciação entre trabalha<strong>do</strong>r autônomo e subordina<strong>do</strong>, ensina com<br />

proprieda<strong>de</strong> Mauricio Godinho Delga<strong>do</strong> (27) : “A diferenciação central entre as figuras<br />

situa-se, porém, repita-se, na subordinação. Fundamentalmente, trabalho autônomo<br />

é aquele que se realiza sem subordinação <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r ao toma<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s serviços.<br />

Autonomia é conceito antitético ao <strong>de</strong> subordinação. Enquanto esta traduz a circunstância<br />

juridicamente assentada <strong>de</strong> que o trabalha<strong>do</strong>r acolhe a direção empresarial no<br />

tocante ao mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> concretização cotidiana <strong>de</strong> seus serviços, a autonomia traduz<br />

a noção <strong>de</strong> que o próprio presta<strong>do</strong>r é que estabelece e concretiza, cotidianamente,<br />

a forma <strong>de</strong> realização <strong>do</strong>s serviços que pactuou prestar. Na subordinação, a direção<br />

central <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> cotidiano <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços transfere-se ao toma<strong>do</strong>r; na<br />

autonomia, a direção central <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> cotidiano <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços preserva-se<br />

com o presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> trabalho” (28) .<br />

(27) DELGADO, Mauricio Godinho. Curso <strong>de</strong> direito <strong>do</strong> trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 334.<br />

(28) Para Jean-Clau<strong>de</strong> Javillier, “no regime capitalista o emprega<strong>do</strong>r assume to<strong>do</strong> o risco econômico. O emprega<strong>do</strong><br />

nenhum. A subordinação é, portanto, o reflexo <strong>de</strong>ssa relação <strong>de</strong> produção” (Manuel <strong>de</strong> droit du travail.<br />

Paris: LGDJ, 1978. p. 50, apud SÜSSEKIND, Arnal<strong>do</strong>. Curso <strong>de</strong> direito <strong>do</strong> trabalho. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Renovar,<br />

2002. p. 227).<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 227

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!