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Manual de Direito Processual do Trabalho

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Nesse diapasão, dispõe a Súmula n. 625 <strong>do</strong> STF, in verbis:<br />

“Controvérsia sobre matéria <strong>de</strong> direito não impe<strong>de</strong> a concessão <strong>de</strong> manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança.”<br />

Diante <strong>do</strong> exposto, o direito líqui<strong>do</strong> e certo não caracteriza condição da ação<br />

no manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança, sen<strong>do</strong> questão <strong>de</strong> mérito. Vale dizer: caso entenda o juiz<br />

pela inexistência <strong>de</strong> direito líqui<strong>do</strong> e certo <strong>de</strong>verá julgar, rejeitar o pedi<strong>do</strong> e não<br />

<strong>de</strong>cretar carência da ação.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, é visão <strong>de</strong> Lúcia Valle Figueire<strong>do</strong> (152) :<br />

“<strong>Direito</strong> líqui<strong>do</strong> e certo, suficientemente para possibilitar o writ, é o que<br />

não se submete a controvérsias factuais. E outro falar: o direito <strong>de</strong>ve ser<br />

certo quanto aos fatos, muito embora possa haver — e efetivamente haja<br />

— controvérsia <strong>de</strong> direito.”<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, sustentam José Miguel Garcia Medina e Fábio Caldas <strong>de</strong> Araújo (153) :<br />

“A expressão ‘líqui<strong>do</strong> e certo’ sempre foi alvo <strong>de</strong> críticas, todas proce<strong>de</strong>ntes.<br />

Na verda<strong>de</strong>, não é ‘o direito’ que <strong>de</strong>verá ser ‘líqui<strong>do</strong> e certo’. O texto<br />

legal sempre o é. Aliás, assenta-se o princípio da constitucionalida<strong>de</strong><br />

das leis em nosso sistema, bem como da presunção <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

atos administrativos. Até prova em contrário, toda lei é constitucional e<br />

certa quanto ao seu conteú<strong>do</strong>. A expressão, assim, <strong>de</strong>ve ser interpretada<br />

sistemática e finalisticamente: o ato consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ilegal ou abusivo é<br />

aquele que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> <strong>de</strong> plano, mediante prova meramente<br />

<strong>do</strong>cumental. Tutela-se um direito evi<strong>de</strong>nte. Caso exista a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cognição profunda para a averiguação da ilegalida<strong>de</strong> ou prática <strong>de</strong> abuso,<br />

a situação não permitirá o uso da via estreita <strong>do</strong> manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança.”<br />

De outro la<strong>do</strong>, para que se justifique o interesse processual no manda<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

segurança, <strong>de</strong>ve haver violação concreta da lei, não se admitin<strong>do</strong> o mandamus para se<br />

discutir a lei em tese. Nesse senti<strong>do</strong>, dispõe a Súmula n. 266 <strong>do</strong> Supremo Tribunal<br />

Fe<strong>de</strong>ral, in verbis:<br />

“Não cabe manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança contra lei em tese.”<br />

Na ação <strong>de</strong> manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança, não cabe dilação probatória, admitin<strong>do</strong>-se<br />

apenas a prova <strong>do</strong>cumental, que <strong>de</strong>ve ser pré-constituída.<br />

Nesse diapasão, dispõe a Súmula n. 415 <strong>do</strong> TST, in verbis:<br />

“MANDADO DE SEGURANÇA. PETIÇÃO INICIAL. ART. 321 DO CPC DE 2015. ART.<br />

284 DO CPC DE 1973. INAPLICABILIDADE. Exigin<strong>do</strong> o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança prova<br />

<strong>do</strong>cumental pré-constituída, inaplicável o art. 321 <strong>do</strong> CPC <strong>de</strong> 2015 (art. 284 <strong>do</strong> CPC<br />

<strong>de</strong> 1973) quan<strong>do</strong> verificada, na petição inicial <strong>do</strong> ‘mandamus’, a ausência <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento<br />

indispensável ou <strong>de</strong> sua autenticação.” (ex-OJ n. 52 da SBDI-2 - inserida em 20.9.2000).<br />

(152) FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 31.<br />

(153) Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança individual e coletivo: comentários à Lei n. 12.016, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2009. São<br />

Paulo: RT, 2009. p. 34.<br />

1492 Mauro Schiavi

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