11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sustentam que é uma ação <strong>de</strong> natureza híbrida, pois se trata <strong>de</strong> um misto <strong>de</strong> execução<br />

e conhecimento (129) .<br />

No nosso sentir, a ação monitória não tem natureza <strong>de</strong> conhecimento ou <strong>de</strong><br />

execução. É uma ação <strong>de</strong> rito especial que se situa entre os processos <strong>de</strong> cognição<br />

e execução.<br />

Deve ser <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> que o procedimento monitório é uma faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong> autor<br />

e não uma imposição legal. Se preferir, po<strong>de</strong>rá juntar a prova escrita no próprio<br />

procedimento ordinário, sumário ou sumaríssimo, conforme o valor da causa ou a<br />

natureza da obrigação (130) .<br />

O objeto da ação monitória é o pagamento em quantia em dinheiro, entrega <strong>de</strong><br />

bem fungível, que se i<strong>de</strong>ntifica pelo gênero, qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong>, ou coisa móvel<br />

<strong>de</strong>terminada. O CPC <strong>de</strong> 2015 alargou o objeto da ação monitória para abranger,<br />

também, os pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong> bem imóvel ou o adimplemento <strong>de</strong> obrigação <strong>de</strong><br />

fazer ou <strong>de</strong> não fazer.<br />

A expressão prova escrita pensamos ser prova <strong>do</strong>cumental escrita (131) , pré-<br />

-constituída (132) que, em análise perfunctória, convença o juiz sobre a verossimilhança<br />

(133) da obrigação. Não se trata <strong>de</strong> certeza, pois esta só se constata nos títulos<br />

que a Lei atribui força executiva (judiciais e extrajudiciais).<br />

Nos termos <strong>do</strong> § 1 o <strong>do</strong> art. 700 <strong>do</strong> CPC, a prova escrita po<strong>de</strong> consistir em<br />

prova oral <strong>do</strong>cumentada, produzida antecipadamente.<br />

Embora haja divergência na <strong>do</strong>utrina, acreditamos que o <strong>do</strong>cumento escrito<br />

não precisa emanar <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, ou ser firma<strong>do</strong> pelo <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r em conjunto com o<br />

cre<strong>do</strong>r, pois a Lei não faz tal distinção. Po<strong>de</strong> emanar <strong>do</strong> próprio cre<strong>do</strong>r ou até mesmo <strong>de</strong><br />

(129) Nesse diapasão, é a respeitada opinião <strong>de</strong> Antonio Carlos Marcato: “O procedimento monitório foi introduzi<strong>do</strong> no<br />

sistema jurídico-processual brasileiro pela Lei n. 9.079, <strong>de</strong> 14.7.95, e resulta da fusão <strong>de</strong> atos típicos <strong>de</strong><br />

cognição e <strong>de</strong> execução, sen<strong>do</strong> informa<strong>do</strong>, ainda pela técnica da inversão <strong>do</strong> contraditório. Dota<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma<br />

estrutura procedimental diferenciada, o processo monitório representa o produto final da conjugação <strong>de</strong><br />

técnicas relacionadas ao processo <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> execução, somadas à da inversão <strong>do</strong> contraditório,<br />

aglutinan<strong>do</strong>, em uma só base processual, ativida<strong>de</strong>s cognitivas e <strong>de</strong> execução” (Procedimentos especiais.<br />

10. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 299).<br />

(130) Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>staca Nelson Nery Junior: “A utilização da via especial da ação monitória é faculda<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

cre<strong>do</strong>r, que preten<strong>de</strong> obter título executivo mais rapidamente e <strong>de</strong> forma especial, e que está sujeita à não<br />

oposição <strong>de</strong> embargos pelo <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r. Po<strong>de</strong> o cre<strong>do</strong>r, também, ajuizar a sua pretensão pelo procedimento<br />

comum” (Código <strong>de</strong> Processo Civil comenta<strong>do</strong> e legislação extravagante. 7. ed. São Paulo: RT, 2003.<br />

p. 1.208).<br />

(131) Para Adalberto Martins, a expressão “prova escrita” não se confun<strong>de</strong> com prova <strong>do</strong>cumental, eis que<br />

fitas cassetes, fitas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o e CD-Rom são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos. Igualmente, não se admite o mero<br />

“começo <strong>de</strong> prova por escrito”, <strong>de</strong> que trata o art. 402, I, <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Civil (<strong>Manual</strong> didático<br />

<strong>de</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 324).<br />

(132) Não há vedação na lei para que a prova escrita seja constituída <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um <strong>do</strong>cumento.<br />

(133) Verossimilhança é aquilo que tem probabilida<strong>de</strong> forte <strong>de</strong> veracida<strong>de</strong>. Aquilo que “cheira à verda<strong>de</strong>”. O juiz<br />

terá mais motivos para crer <strong>do</strong> que para não crer.<br />

1480 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!