11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da participação das partes que firmaram o instrumento coletivo,<br />

nos termos <strong>do</strong> art. 114 <strong>do</strong> CPC.<br />

É discutida a legitimida<strong>de</strong> da Associação sem caráter sindical para propor<br />

ação anulatória <strong>de</strong> cláusulas convencionais, pois ela não tem legitimida<strong>de</strong> para<br />

pactuar acor<strong>do</strong> ou convenções coletivas (arts. 8 o , VI, da CF, e 513, letra b, da CLT).<br />

Também não participou da negociação coletiva, tampouco firmou o instrumento<br />

coletivo (convenção ou acor<strong>do</strong> coletivo). Sob outro enfoque, a associação não sofrerá<br />

diretamente os efeitos da norma coletiva, pois apenas representa a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus<br />

associa<strong>do</strong>s, estes sim <strong>de</strong>stinatários <strong>do</strong>s efeitos da norma coletiva.<br />

Também po<strong>de</strong>-se questionar que, diante <strong>do</strong> dispositivo <strong>do</strong> art. 8 o , III, da CF,<br />

somente ao Sindicato, que também tem natureza jurídica <strong>de</strong> associação, cabe a<br />

<strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s membros <strong>de</strong> categoria, o que fica robusteci<strong>do</strong> em razão <strong>do</strong> princípio da<br />

unicida<strong>de</strong> sindical (art. 8 o , II, da CF).<br />

Não obstante o princípio da unicida<strong>de</strong> sindical consubstancia<strong>do</strong> no art. 8 o , II,<br />

da CF, e também a disposição <strong>do</strong> art. 8 o , III, da CF, a associação tem legitimida<strong>de</strong><br />

para <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus associa<strong>do</strong>s, nos termos <strong>do</strong> art. 5 o , XXI, da CF, e art. 92 da Lei<br />

n. 8.078/90. Aqui, não se está <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> interesses da categoria e sim interesses<br />

<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s, que, muitas vezes, po<strong>de</strong>m ter interesses divergentes <strong>do</strong> Sindicato<br />

que os representa no âmbito da categoria profissional ou econômica. Além disso,<br />

muitos <strong>do</strong>s filia<strong>do</strong>s à Associação po<strong>de</strong>m não ser filia<strong>do</strong>s ao Sindicato, ou nem sequer<br />

conhecer a existência <strong>de</strong>ste último. Ora, se emprega<strong>do</strong> e emprega<strong>do</strong>r po<strong>de</strong>m individualmente<br />

propor ação anulatória da norma coletiva, por que a Associação não<br />

po<strong>de</strong> ingressar com uma ação coletiva representan<strong>do</strong> seus associa<strong>do</strong>s?<br />

A nosso ver, a Associação não está <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> direito coletivo (90) , pois, diante <strong>do</strong><br />

imperativo <strong>do</strong> art. 8 o , III, da CF, a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>sse interesse cabe ao Sindicato. Entretanto,<br />

perfeitamente possível se mostra a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> direitos individuais homogêneos <strong>do</strong>s<br />

filia<strong>do</strong>s à Associação, pois o próprio art. 8 o , caput, da CF, reconhece não só o direito<br />

à associação sindical, mas também à profissional. Ao invés <strong>de</strong> cada emprega<strong>do</strong> ou<br />

emprega<strong>do</strong>r prejudica<strong>do</strong> pela norma coletiva ingressar individualmente, a Associação<br />

ingressará com uma única ação coletiva, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os interesses individuais homogêneos<br />

<strong>de</strong> seus associa<strong>do</strong>s e os efeitos <strong>de</strong>ssa ação somente abrangerão os referi<strong>do</strong>s<br />

associa<strong>do</strong>s, uma vez que, em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> direitos individuais homogêneos, os<br />

titulares <strong>do</strong> direito discuti<strong>do</strong> são <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s. De outro la<strong>do</strong>, as Associações, na<br />

maioria das vezes, <strong>de</strong>têm maior representativida<strong>de</strong> e refletem melhor a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

seus filia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que o Sindicato da categoria, vez que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m apenas os interesses<br />

<strong>de</strong> seus associa<strong>do</strong>s e não <strong>de</strong> toda a categoria profissional ou econômica.<br />

Como sustenta com proprieda<strong>de</strong> Ro<strong>do</strong>lfo <strong>de</strong> Camargo Mancuso (91) : “Após certa<br />

resistência <strong>do</strong>utrinária e jurispru<strong>de</strong>ncial, passou-se a admitir que os sindicatos estão<br />

(90) Não se po<strong>de</strong> olvidar que hoje a tendência tem si<strong>do</strong> a liberda<strong>de</strong> sindical plena e os sindicatos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem os<br />

interesses tão somente <strong>de</strong> seus associa<strong>do</strong>s.<br />

(91) MANCUSO, Ro<strong>do</strong>lfo <strong>de</strong> Camargo. Interesses difusos. 6. ed. São Paulo: RT, 2004. p. 74.<br />

1462 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!