11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

se esten<strong>de</strong>r aos direitos individuais homogêneos e coletivos, evitan<strong>do</strong>, com isso, o entulhamento<br />

<strong>de</strong> processos que assoberbam os órgãos jurisdicionais. As ações coletivas têm a<br />

mesma natureza jurídica, quer sejam elas <strong>de</strong> origem trabalhista, quer sejam consumeristas.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, o autor apenas será abrangi<strong>do</strong> pela coisa julgada, que se formará na <strong>de</strong>cisão<br />

coletiva, se buscar a suspensão <strong>do</strong> seu processo individual, com o fim <strong>de</strong> receber os efeitos<br />

daquela ação, o que não consta no presente caso. Aplica-se, portanto, o art. 104 <strong>do</strong> CDC<br />

ao processo <strong>do</strong> trabalho, que assegura a propositura <strong>de</strong> ações individuais e coletivas sem<br />

caracterização <strong>de</strong> litispendência. Prece<strong>de</strong>nte. Recurso <strong>de</strong> revista não conheci<strong>do</strong> [...].” (TST<br />

Processo: RR – 58600-76.2009.5.17.0009 – Data <strong>de</strong> Julgamento: 5.2.2014, relator Ministro:<br />

Aloysio Corrêa da Veiga, 6 a Turma, Data <strong>de</strong> Publicação: DEJT 7.2.2014)<br />

Nesse passo, cumpre trazer à colação o ensinamento <strong>de</strong> Ada Pellegrini Grinover (61) :<br />

“A primeira regra <strong>do</strong> dispositivo é no senti<strong>do</strong> da exclusão da litispendência,<br />

no cotejo entre as ações coletivas em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> interesses difusos e<br />

coletivos e as ações individuais, numa perfeita aplicação <strong>do</strong> disposto nos<br />

§§ 1 o , 2 o e 3 o , <strong>do</strong> art. 301, <strong>do</strong> CPC, que exigem, para caracterização <strong>do</strong><br />

fenômeno, a tríplice ea<strong>de</strong>m (partes, objeto e causa <strong>de</strong> pedir), inocorrente<br />

na hipótese: aqui, o objeto <strong>do</strong>s processos é inquestionavelmente diverso,<br />

consistin<strong>do</strong> nas ações coletivas na reparação ao bem indivisivelmente<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, ou na obrigação <strong>de</strong> fazer ou não fazer, enquanto as ações<br />

individuais ten<strong>de</strong>m ao ressarcimento pessoal [...]. Todavia, o Código<br />

oferece duas opções ao <strong>de</strong>mandante a título individual: a) preten<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

o autor prosseguir em sua ação individual, ficará excluí<strong>do</strong> da extensão<br />

subjetiva <strong>do</strong> julga<strong>do</strong> prevista para a sentença que vier a ser proferida na<br />

ação coletiva. Mesmo sen<strong>do</strong> ela favorável e projetan<strong>do</strong> seus efeitos erga<br />

omnes ou ultra partes (nos termos <strong>do</strong>s incs. I a III <strong>do</strong> art. 103, c/c. seus<br />

§§ 2 o e 3 o ), o autor que propôs em juízo sua ação individual e preten<strong>de</strong><br />

vê-la prosseguir em seu curso não será beneficia<strong>do</strong> pela coisa julgada que<br />

po<strong>de</strong>rá eventualmente formar-se na ação coletiva. A ação individual po<strong>de</strong><br />

continuar seu curso, por inexistir litispendência, mas o autor assume os<br />

riscos <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>sfavorável (excepcionan<strong>do</strong> expressamente o Código<br />

ao princípio geral da extensão subjetiva <strong>do</strong> julga<strong>do</strong>, in utilibus); b) se o<br />

autor preferir, po<strong>de</strong>rá requerer suspensão <strong>do</strong> processo individual, no<br />

prazo <strong>de</strong> 30 dias a contar da ciência, nos autos, <strong>do</strong> ajuizamento da ação<br />

coletiva. Nesse caso, será ele beneficia<strong>do</strong> pela coisa julgada favorável<br />

que se formar na ação coletiva. Sen<strong>do</strong> improce<strong>de</strong>nte a ação coletiva,<br />

o processo individual retomará seu curso, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ainda o autor ver<br />

acolhida sua <strong>de</strong>manda individual. Tu<strong>do</strong> coerentemente com os critérios<br />

da extensão subjetiva <strong>do</strong> julga<strong>do</strong> secundum eventum litis, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo<br />

Código. A suspensão <strong>do</strong> processo individual, no caso da alínea b, supra,<br />

não tem limites temporais, perduran<strong>do</strong> pelo tempo necessário ao trânsito<br />

em julga<strong>do</strong> da sentença coletiva.”<br />

(61) GRINOVER, Ada Pellegrini. Código Brasileiro <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r. Comenta<strong>do</strong> pelos autores <strong>do</strong><br />

anteprojeto. 7. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense Universitária, 2001. p. 864-865.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1441

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!