11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

especialida<strong>de</strong> para juntos gerirem seus próprios interesses, não sen<strong>do</strong>, portanto, possível<br />

fazer a gestão comum, face aos interesses tão distintos <strong>do</strong>s seus componentes. Inci<strong>de</strong>nte<br />

a hipótese <strong>do</strong> art. 9 o da CLT. DANO MORAL COLETIVO. INDENIZAÇÃO. Constatada a<br />

frau<strong>de</strong> na contratação, o reconhecimento <strong>do</strong> dano moral coletivo e sua a<strong>de</strong>quada reparação<br />

se inserem <strong>de</strong>ntre as mais recentes evoluções da teoria da responsabilida<strong>de</strong> civil pela qual<br />

a reparação extrapatrimonial se afigura <strong>de</strong> natureza objetiva. Muito embora a reparação<br />

<strong>do</strong> dano a direitos transidividuais quase sempre apresente o elemento <strong>de</strong> culpabilida<strong>de</strong>, a<br />

obrigação <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da constatação da culpa, vez que os efeitos <strong>de</strong>letérios<br />

<strong>do</strong> abalo moral coletivo precipitam condutas <strong>de</strong> teor discriminatório, abusivo ou fraudulento,<br />

que naturalmente impõe o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> reparar. Recursos Ordinários da Cooperativa,<br />

da Empresa toma<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s serviços e <strong>do</strong> Ministério Público <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> a que se nega<br />

provimento.” (TRT/SP – 00749005820065020261 (00749200626102006) – RO – Ac. 13 a<br />

T. – 20110787620 – rel a Cíntia Táffari – DOE 27.6/2011)<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, é o Enuncia<strong>do</strong> n. 75 da 1 a Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Material e<br />

<strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, realizada no TST, in verbis:<br />

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. LEGITIMAÇÃO<br />

DO MINISTÉRIO PÚBLICO. I – O Ministério Público <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>de</strong>tém legitimida<strong>de</strong><br />

para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r direitos ou interesses individuais homogêneos, assim entendi<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>correntes<br />

<strong>de</strong> origem comum, nos exatos termos <strong>do</strong> art. 81, inciso III, <strong>do</strong> CDC. II – Inci<strong>de</strong>m<br />

na hipótese os arts. 127 e 129, inciso III, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, pois a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> direitos<br />

individuais homogêneos quan<strong>do</strong> coletivamente <strong>de</strong>mandada se enquadra no campo <strong>do</strong>s<br />

interesses sociais previstos no art. 127 da Magna Carta, constituin<strong>do</strong> os direitos individuais<br />

homogêneos em espécie <strong>de</strong> direitos coletivos lato sensu.”<br />

A jurisprudência <strong>do</strong> TST tem firma<strong>do</strong> entendimento <strong>de</strong> que não cabe ao<br />

Ministério Público <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r direito que não é individual homogêneo,<br />

conforme a seguinte ementa:<br />

“EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA — NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDI-<br />

CIONAL. O acórdão recorri<strong>do</strong> proce<strong>de</strong>u ao completo e fundamenta<strong>do</strong> <strong>de</strong>sate da li<strong>de</strong>.<br />

Não há falar, portanto, em nulida<strong>de</strong> por negativa <strong>de</strong> prestação jurisdicional. AÇÃO CIVIL<br />

PÚBLICA — DIREITOS INDIVIDUAIS NÃO HOMOGÊNEOS — ILEGITIMIDADE DO<br />

MINISTÉRIO PÚBLICO 1. Conforme dispõe o art. 81, inciso III, <strong>do</strong> CDC, são direitos<br />

individuais homogêneos aqueles <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> origem comum. Quer isso dizer, a contrario<br />

sensu, que, verificada em certa hipótese não haver circunstância única — comum — <strong>de</strong><br />

fato e <strong>de</strong> direito da qual <strong>de</strong>corram as pretensões individuais, não há falar na implementação<br />

da figura. 2. Na espécie, preten<strong>de</strong> o Ministério Público obter <strong>de</strong>terminação judicial<br />

para que a empresa ve<strong>de</strong> a realização <strong>de</strong> horas extraordinárias além <strong>do</strong> limite legal <strong>de</strong><br />

duas horas diárias e respeite os intervalos intrajornada <strong>de</strong> uma e entrejornada <strong>de</strong> onze<br />

horas (fls. 15/16). 3. O fato constitutivo <strong>do</strong> direito alega<strong>do</strong> (causa <strong>de</strong> pedir remota) não<br />

se resume à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r — origem comum apontada pelo parquet —, mas<br />

sim à eventual inobservância, por parte da Reclamada, <strong>de</strong> normas legais que guardam<br />

direitos individuais <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s. A causa <strong>de</strong> pedir remota — fática —<br />

diz respeito, em verda<strong>de</strong>, à suposta situação experimentada, individualmente, por cada<br />

um <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res da empresa. 4. Não se cogita, pois, da existência <strong>de</strong> certo aspecto<br />

fático-jurídico — origem comum — cuja <strong>de</strong>monstração daria ensejo ao reconhecimento<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os direitos individuais em questão, a evi<strong>de</strong>nciar sua homogeneida<strong>de</strong>. 5. Não há<br />

falar, portanto, em legitimação extraordinária <strong>do</strong> Ministério Público <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> para atuar<br />

1438 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!