11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“Este princípio encontra-se implícito no nosso sistema constitucional<br />

e <strong>de</strong>corre, como leciona Ingo Wolfgang Sarlet, <strong>de</strong> outros princípios e<br />

argumentos <strong>de</strong> matriz jurídico-constitucional, como o princípio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

Democrático e Social <strong>de</strong> <strong>Direito</strong>, que impõe um patamar mínimo <strong>de</strong><br />

segurança jurídica; o princípio da dignida<strong>de</strong> da pessoa humana; o princípio<br />

da máxima efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s direitos fundamentais. Acrescentamos<br />

que o princípio da segurança é, ao mesmo tempo, um direito humano <strong>de</strong><br />

primeira dimensão (CF, art. 5 o , caput) e um direito humano <strong>de</strong> segunda<br />

dimensão (CF, art. 6 o ), valen<strong>do</strong> lembrar o disposto no caput <strong>do</strong> art. 7 o da<br />

CF, que aponta sempre no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> melhoria (nunca <strong>de</strong> retrocesso) das<br />

condições sociais <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.”<br />

3.9.1. Princípio da normatização coletiva<br />

O princípio da normatização coletiva constitui a competência material atribuída<br />

à Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> para, uma vez soluciona<strong>do</strong> o conflito coletivo <strong>de</strong> interesses<br />

(abstrato), criar, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s parâmetros constitucionais, normas aplicáveis<br />

no âmbito das categorias profissional e econômica envolvidas no conflito.<br />

Esse princípio se exterioriza pelo chama<strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Normativo da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>,<br />

que se trata <strong>de</strong> uma competência anômala conferida à Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> para, uma<br />

vez soluciona<strong>do</strong> o conflito <strong>de</strong> interesse, criar normas que irão regular as relações<br />

entre as categorias profissional e econômica. Não se trata apenas <strong>de</strong> aplicar o direito<br />

preexistente, mas <strong>de</strong> criar, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s parâmetros, normas jurídicas.<br />

Por isso, se diz que o po<strong>de</strong>r normativo da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> atua no vazio da lei,<br />

ou seja, quan<strong>do</strong> não há lei dispon<strong>do</strong> sobre a questão. Em razão disso, a Justiça <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> <strong>de</strong>tém a competência constitucional para criar normas por meio da chamada<br />

sentença normativa.<br />

Des<strong>de</strong> a origem da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, há divergência sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Po<strong>de</strong>r Normativo da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>.<br />

Amauri Mascaro Nascimento (42) menciona os <strong>de</strong>bates entre Wal<strong>de</strong>mar Ferreira<br />

e Oliveira Viana quan<strong>do</strong> da criação da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. O primeiro, em seu livro<br />

Princípios <strong>de</strong> Legislação Social e <strong>Direito</strong> Judiciário <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (São Paulo, 1938), era<br />

contra o Po<strong>de</strong>r Normativo, pois este contrariava princípios constitucionais, uma<br />

vez que sentença <strong>de</strong> caráter geral, aplicável <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> abstrato a pessoas não discriminadas,<br />

com o que a Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> invadiria a esfera <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo.<br />

De outro la<strong>do</strong>, Oliveira Viana, em sua obra Problemas <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Corporativo (Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: José Olympio, 1938), contestou Wal<strong>de</strong>mar Ferreira, afirman<strong>do</strong> que o juiz,<br />

segun<strong>do</strong> a escola sociológica <strong>do</strong> direito colabora para a construção das normas jurídicas,<br />

não se limitan<strong>do</strong> a ser mero intérprete gramatical <strong>do</strong>s textos legais e aplica<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s<br />

coman<strong>do</strong>s legais como autômato diante da lei. A função <strong>do</strong> juiz é criativa, sem o<br />

(42) NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. 24. ed. São Paulo: Saraiva,<br />

2009, p. 52-54.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 139

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!