11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Parte da <strong>do</strong>utrina, entretanto, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a propositura <strong>de</strong> ação rescisória, se<br />

houver o trânsito em julga<strong>do</strong> na ação <strong>de</strong> cumprimento e, posteriormente a ele, a<br />

sentença normativa tiver si<strong>do</strong> alterada em grau <strong>de</strong> recurso, em razão <strong>do</strong> princípio<br />

da segurança nas relações jurídicas.<br />

O Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> dirimiu a questão na Súmula n. 397, in verbis:<br />

“AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, IV, DO CPC. AÇÃO DE CUMPRIMENTO. OFENSA À<br />

COISA JULGADA EMANADA DE SENTENÇA NORMATIVA MODIFICADA EM GRAU<br />

DE RECURSO. INVIABILIDADE. CABIMENTO DE MANDADO DE SEGURANÇA. (conversão<br />

da Orientação Jurispru<strong>de</strong>ncial n. 116 da SDI-2) Não proce<strong>de</strong> ação rescisória calcada<br />

em ofensa à coisa julgada perpetrada por <strong>de</strong>cisão proferida em ação <strong>de</strong> cumprimento, em<br />

face <strong>de</strong> a sentença normativa, na qual se louvava, ter si<strong>do</strong> modificada em grau <strong>de</strong> recurso,<br />

porque em dissídio coletivo somente se consubstancia coisa julgada formal. Assim, os<br />

meios processuais aptos a atacarem a execução da cláusula reformada são a exceção <strong>de</strong><br />

pré-executivida<strong>de</strong> e o manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> segurança, no caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento <strong>do</strong> art. 572 <strong>do</strong><br />

CPC.” (ex-OJ n. 116 – DJ 11.8.03) (Res. n. 137/2005 – DJ 22.8.2005)<br />

Pensamos ser correto o entendimento <strong>do</strong> TST, pois o título executivo que se<br />

forma na ação <strong>de</strong> cumprimento, cuja norma que lhe dava suporte tenha si<strong>do</strong> alterada<br />

pelo TST, torna inexigível o título executivo, já que a coisa julgada na ação <strong>de</strong><br />

cumprimento estava sujeita à condição resolutiva, nos termos <strong>do</strong> art. 514 <strong>do</strong> CPC.<br />

Da <strong>de</strong>cisão proferida na ação <strong>de</strong> cumprimento, é cabível recurso ordinário<br />

para o Tribunal Regional <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (art. 895 da CLT). A execução da ação <strong>de</strong><br />

cumprimento segue o rito da execução por título judicial na Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>.<br />

3.1. Competência da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> para a ação <strong>de</strong><br />

cumprimento<br />

Até a Lei n. 8.984/95, a <strong>do</strong>utrina e a jurisprudência praticamente só aceitavam<br />

a competência da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> para as ações <strong>de</strong> cumprimento para sentenças<br />

normativas, pois o art. 114 da CF, com a redação dada em 1988, restringia a competência<br />

da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> para as controvérsias entre emprega<strong>do</strong>s e emprega<strong>do</strong>res.<br />

Posteriormente, veio a Lei n. 8.984/95, cujo art. 1 o dispõe: “Compete à Justiça<br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento <strong>de</strong><br />

convenções coletivas <strong>de</strong> trabalho ou acor<strong>do</strong>s coletivos <strong>de</strong> trabalho, mesmo quan<strong>do</strong><br />

ocorram entre sindicatos ou entre sindicatos <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>r.”<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a Súmula n. 286 <strong>do</strong> C. TST, in verbis:<br />

“SINDICATO. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVOS<br />

— A legitimida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sindicato para propor ação <strong>de</strong> cumprimento esten<strong>de</strong>-se também à<br />

observância <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> convenção coletivos.” (Redação dada pela Res. n. 98/2000,<br />

DJ 18.9.2000)<br />

Atualmente, o art. 114, III, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, com a redação dada pela<br />

EC n. 45/04, dispõe: “as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre<br />

sindicatos e trabalha<strong>do</strong>res e entre sindicatos e emprega<strong>do</strong>res.”<br />

Diante da EC n. 45/04, a Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>de</strong>tém competência material para<br />

as ações <strong>de</strong> cumprimento que envolvem sentenças normativas, acor<strong>do</strong>s e convenções<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1375

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!