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Manual de Direito Processual do Trabalho

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prestigiar a autorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> juiz na condução <strong>do</strong> processo, impedin<strong>do</strong> que as <strong>de</strong>cisões<br />

interlocutórias, aquelas que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m questões inci<strong>de</strong>ntes, sem encerrar o processo,<br />

sejam irrecorríveis <strong>de</strong> imediato, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser questionadas quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> recurso cabível<br />

em face da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>finitiva.<br />

O princípio da irrecorribilida<strong>de</strong> das <strong>de</strong>cisões interlocutórias no Processo <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> princípio da oralida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> atribuir maior agilida<strong>de</strong> ao<br />

procedimento, bem como propiciar maior celerida<strong>de</strong> processual.<br />

De outro la<strong>do</strong>, não é bem verda<strong>de</strong> que as <strong>de</strong>cisões interlocutórias são irrecorríveis,<br />

uma vez que não o são <strong>de</strong> imediato, mas po<strong>de</strong>m ser questionadas quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> recurso<br />

interposto da <strong>de</strong>cisão final.<br />

3.7. Majoração <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res <strong>do</strong> Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na direção <strong>do</strong> processo<br />

Diante <strong>do</strong>s novos rumos constitucionais <strong>do</strong> acesso à justiça, efetivida<strong>de</strong> da<br />

<strong>de</strong>cisão e solução <strong>do</strong> processo em tempo razoável, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o juiz mo<strong>de</strong>rno<br />

tomar postura mais ativa na direção <strong>do</strong> processo, não sen<strong>do</strong> apenas um mero especta<strong>do</strong>r<br />

ou um convida<strong>do</strong> <strong>de</strong> pedra na relação jurídica processual. Deve ele ter postura imparcial,<br />

equilibrada, mas ativa, impulsionan<strong>do</strong> o processo, fazen<strong>do</strong> escolhas que,<br />

ao mesmo tempo, garantam a parida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armas às partes, e propiciem resulta<strong>do</strong> e<br />

economia <strong>de</strong> atos processuais.<br />

Diante <strong>do</strong> caráter publicista da jurisdição, <strong>do</strong> forte interesse social na resolução<br />

<strong>do</strong>s conflitos trabalhistas e da própria dinâmica <strong>do</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho, o<br />

Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> tem majora<strong>do</strong>s seus po<strong>de</strong>res na direção <strong>do</strong> processo, como forma <strong>de</strong><br />

equilibrar a relação jurídica processual e resolver, com justiça, o conflito trabalhista.<br />

De outro la<strong>do</strong>, não se trata o processo <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> um procedimento inquisitivo,<br />

instaura<strong>do</strong> <strong>de</strong> ofício pelo juiz e movimenta<strong>do</strong> sem ampla possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

discussão da causa pelas partes. Ao contrário, trata-se <strong>de</strong> procedimento nitidamente<br />

contraditório, com ampla participação das partes, não sen<strong>do</strong> possível ao magistra<strong>do</strong><br />

instaurá-lo <strong>de</strong> ofício. Não obstante, uma vez instaura<strong>do</strong> o processo pelas partes, a<br />

participação <strong>do</strong> Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> na relação jurídico-processual é mais ativa.<br />

Como <strong>de</strong>staca Amauri Mascaro Nascimento (36) :<br />

“O Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> comanda a prova <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> mais amplo que o juiz <strong>de</strong><br />

direito, sen<strong>do</strong> comum or<strong>de</strong>nar ao emprega<strong>do</strong>r a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> fatos que<br />

beneficiam o emprega<strong>do</strong> por consi<strong>de</strong>rar <strong>de</strong>siguais as posições das partes<br />

e por enten<strong>de</strong>r que a empresa sempre está mais bem aparelhada para os<br />

esclarecimentos necessários, e, se não atendi<strong>do</strong>, presume verda<strong>de</strong>iras as<br />

alegações da inicial <strong>do</strong> reclamante (ex.: apresentação <strong>de</strong> cartões <strong>de</strong> ponto,<br />

sob pena <strong>de</strong> aceitação <strong>do</strong>s horários indica<strong>do</strong>s na inicial).”<br />

(36) NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. 24. ed. São Paulo: Saraiva,<br />

2009. p. 104.<br />

136 Mauro Schiavi

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