11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Nesse diapasão, é a advertência <strong>de</strong> Henrique Mace<strong>do</strong> Hinz (23) : “... a realida<strong>de</strong> fática<br />

<strong>de</strong> nosso gigante país, com suas gritantes diferenças sociais, políticas e econômicas,<br />

não permite que o Esta<strong>do</strong>, especialmente o Judiciário Trabalhista, simplesmente<br />

saia <strong>de</strong> cena no que se refere aos conflitos coletivos <strong>de</strong> trabalho, sob pena <strong>de</strong> aleijar,<br />

ainda mais, aqueles pertencentes a categorias menos organizadas e reivindicativas.<br />

Se século atrás o distanciamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> das relações sociais mostrou ser <strong>de</strong>sastrosas<br />

como um to<strong>do</strong>, os que militam diuturnamente na área trabalhista sabem, sem<br />

sombra <strong>de</strong> dúvida, as consequências advindas da eliminação pura e simples <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r<br />

normativo atribuí<strong>do</strong> à Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. Não se po<strong>de</strong>, pura e simplesmente, em<br />

face <strong>de</strong> suas origens, ou <strong>de</strong> vícios que já vêm sen<strong>do</strong> elimina<strong>do</strong>s, extinguir aquele que<br />

é o único meio <strong>de</strong> progresso à significativa parcela <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brasileiros.”<br />

2.3. Do dissídio coletivo — Conceito e espécies<br />

O dissídio coletivo, conforme previsto na Consolidação das Leis <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, é<br />

uma ação <strong>de</strong> rito especial, proposta perante a Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, ten<strong>do</strong> por objetivo<br />

solucionar o conflito coletivo <strong>de</strong> trabalho.<br />

Ensina Amauri Mascaro Nascimento (24) :<br />

“Dissídio coletivo é um processo judicial <strong>de</strong> solução <strong>do</strong>s conflitos coletivos<br />

econômicos e jurídicos que no Brasil ganhou a máxima expressão<br />

como um importante mecanismo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> normas e condições <strong>de</strong><br />

trabalho por meio <strong>do</strong>s tribunais trabalhistas, que proferem sentenças<br />

<strong>de</strong>nominadas normativas quan<strong>do</strong> as partes que não se compuseram na<br />

negociação coletiva acionam a jurisdição.”<br />

Para Carlos Henrique Bezerra Leite (25) : “o dissídio coletivo é uma espécie <strong>de</strong><br />

ação coletiva conferida a <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s entes coletivos, geralmente os sindicatos,<br />

para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> interesses cujos titulares materiais não são pessoas individualmente<br />

consi<strong>de</strong>radas, mas sim grupos ou categorias econômicas, profissionais ou diferenciadas,<br />

visan<strong>do</strong> à criação, interpretação <strong>de</strong> normas que irão incidir no âmbito <strong>de</strong>ssas<br />

mesmas categorias.”<br />

Se o conflito for econômico ou <strong>de</strong> interesse, o dissídio coletivo terá por objeto<br />

criar novos direitos no âmbito das categorias profissional e econômica, exercen<strong>do</strong><br />

a Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> o chama<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r normativo.<br />

Caso o conflito seja jurídico ou <strong>de</strong> interpretação, o objeto <strong>do</strong> dissídio será apenas<br />

<strong>de</strong>clarar o alcance <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> dispositivo legal, convencional ou regulamentar<br />

no âmbito das categorias profissional e econômica. Nesta modalida<strong>de</strong>, a Justiça <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> não exercerá o po<strong>de</strong>r normativo.<br />

(23) HINZ, Henrique Mace<strong>do</strong>. O po<strong>de</strong>r normativo da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. São Paulo: LTr, 2000. p. 71.<br />

(24) NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso <strong>de</strong> direito <strong>do</strong> trabalho. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 769.<br />

(25) BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Curso <strong>de</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho. 5. ed. São Paulo: LTr, 2007.<br />

p. 1.030.<br />

1346 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!