11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Para José Augusto Rodrigues Pinto, o po<strong>de</strong>r normativo “é a competência <strong>de</strong>terminada a<br />

órgão <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r judiciário para, em processo no qual são discuti<strong>do</strong>s interesses gerais<br />

e abstratos, criar norma jurídica <strong>de</strong>stinada a submeter à sua autorida<strong>de</strong> as relações<br />

jurídicas <strong>de</strong> interesse individual concreto na área da matéria legislativa” (14) .<br />

Há argumentos favoráveis e <strong>de</strong>sfavoráveis ao po<strong>de</strong>r normativo da Justiça <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> brasileira.<br />

Dentre os argumentos favoráveis ao po<strong>de</strong>r normativo, po<strong>de</strong>mos apontar:<br />

a) acesso à Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (15) ;<br />

b) garantia <strong>de</strong> efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s direitos trabalhistas;<br />

c) garantia <strong>de</strong> equilíbrio na solução <strong>do</strong> conflito coletivo, máxime quan<strong>do</strong> uma<br />

das categorias é fraca;<br />

d) tradição <strong>do</strong>s países <strong>de</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong> em solucionar o conflito por meio<br />

<strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário;<br />

e) impedimento aos trabalha<strong>do</strong>res e emprega<strong>do</strong>res <strong>de</strong> criarem consciência <strong>de</strong><br />

classe e <strong>de</strong> regular seus próprios interesses;<br />

f) redução da litigiosida<strong>de</strong> e pacificação social (16) ;<br />

g) sindicalização por categoria e unicida<strong>de</strong> sindical;<br />

h) fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> movimento sindical brasileiro (17) ;<br />

(14) RODRIGUES PINTO. <strong>Direito</strong> sindical e coletivo <strong>do</strong> trabalho. São Paulo: LTr, 1998. p. 370.<br />

(15) Como bem adverte Amauri Mascaro Nascimento: “Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> la<strong>do</strong> a tendência <strong>do</strong> direito<br />

processual civil com a <strong>de</strong>nominada coletivização das ações. Que vem se revelan<strong>do</strong> tão intensa, entre<br />

outros meios, pela substituição processual aplicada aos processos individuais trabalhistas, para a <strong>de</strong>fesa,<br />

pelo sindicato, em nome próprio, <strong>de</strong> direitos difusos, coletivos e até mesmo individuais homogêneos”<br />

(A questão <strong>do</strong> dissídio coletivo “<strong>de</strong> comum acor<strong>do</strong>.” In: Revista LTr 70-06/649).<br />

(16) Segun<strong>do</strong> Amauri Mascaro Nascimento: “Ninguém po<strong>de</strong> duvidar que esteja praticamente afeta<strong>do</strong> o próprio<br />

direito <strong>de</strong> propor dissídio coletivo caso se conclua que a sua propositura <strong>de</strong>ve ser autorizada pelo suscita<strong>do</strong>.<br />

Nesse caso, os Sindicatos <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res, frustrada a negociação coletiva e impossibilita<strong>do</strong> o dissídio<br />

coletivo, terão <strong>de</strong> encontrar uma <strong>de</strong>sembocadura para o conflito. Certamente, à falta <strong>de</strong> negociação, os<br />

Sindicatos só terão uma alternativa, a greve, o que não é <strong>do</strong> interesse social e econômico <strong>do</strong> País. Desse<br />

mo<strong>do</strong>, dar valida<strong>de</strong> à exigência <strong>do</strong> ajuizamento bilateral <strong>do</strong> dissídio coletivo po<strong>de</strong> funcionar como um<br />

incentivo ao grevismo. Como <strong>de</strong>monstram Cândi<strong>do</strong> Rangel Dinamarco e Kazuo Watanabe, a litigiosida<strong>de</strong><br />

contida é perigoso fator <strong>de</strong> infelicida<strong>de</strong> pessoal e <strong>de</strong>sagregação social e, por isso, constitui missão e<br />

<strong>de</strong>ver <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> à eliminação <strong>de</strong>sses esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> insatisfação. O escopo <strong>de</strong> pacificar as pessoas mediante<br />

a eliminação <strong>de</strong> conflitos com justiça, é, em última análise, a razão mais profunda pela qual o processo<br />

existe e se legitima na socieda<strong>de</strong> (Cândi<strong>do</strong> Dinamarco)” (In: Revista LTr 70-06/656).<br />

(17) Como <strong>de</strong>staca João Oreste Dalazen: “conforme alerta, acertadamente, Antônio Álvares da Silva, ‘nenhum<br />

país civiliza<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> oci<strong>de</strong>ntal chegou ao estágio atual <strong>de</strong> sua evolução sem contar com a participação<br />

<strong>do</strong>s sindicatos como meio eficiente <strong>de</strong> solução <strong>do</strong>s problemas sociais’. Manifesto que um sindicalismo<br />

genuíno e representativo po<strong>de</strong> atenuar a conflituosida<strong>de</strong> permanente entre o Capital e o <strong>Trabalho</strong>, como<br />

nos ensina o bem-sucedi<strong>do</strong> exemplo da Espanha. A reforma <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo sindical, portanto, é a palavra <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>veria constituir uma das priorida<strong>de</strong>s da nação” (Reflexões sobre o po<strong>de</strong>r normativo da Justiça<br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e a emenda constitucional n. 45/04. In: Revista da Aca<strong>de</strong>mia Nacional <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>,<br />

ano XIII, n. 13. São Paulo: LTr, 2006. p.135).<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1343

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!