11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

2. Dissídio coletivo<br />

2.1. Dos conflitos coletivos trabalhistas e <strong>do</strong> interesse coletivo<br />

A <strong>do</strong>utrina costuma classificar os conflitos coletivos em: conflitos jurídicos ou <strong>de</strong><br />

direito, que não têm por objeto a criação <strong>de</strong> novas condições <strong>de</strong> trabalho, apenas<br />

<strong>de</strong> interpretação e aplicação da legislação já existente; e os conflitos <strong>de</strong> interesse<br />

ou econômicos, que visam à criação <strong>de</strong> novas condições <strong>de</strong> trabalho. Há ainda os<br />

conflitos <strong>de</strong> greve que são um misto <strong>de</strong> interesse coletivo e interesse jurídico.<br />

A atuação das entida<strong>de</strong>s sindicais é <strong>de</strong>senvolvida, via <strong>de</strong> regra, em torno da<br />

proteção <strong>de</strong> interesses coletivos <strong>do</strong> grupo por elas representa<strong>do</strong>. Não só assim, entretanto,<br />

pois, como adverte o art. 8 o , III, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, é tarefa <strong>do</strong><br />

sindicato a <strong>de</strong>fesa, também, <strong>do</strong>s interesses individuais da categoria (7) .<br />

A <strong>do</strong>utrina sempre se esforçou para <strong>de</strong>finir o que seja o interesse coletivo, pois<br />

este transcen<strong>de</strong> a esfera individual para atingir um número significativo <strong>de</strong> pessoas.<br />

O <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu surgimento, convive com os interesses<br />

coletivos, que tanto po<strong>de</strong>m ser concretos, ou seja, quan<strong>do</strong> há lesão coletiva <strong>de</strong> um<br />

direito já existente, ou quan<strong>do</strong> o interesse se dá em abstrato, visan<strong>do</strong> à criação <strong>de</strong><br />

novas normas para a categoria.<br />

Com efeito, diz o art. 8 o , III, da CF: “ao sindicato cabe a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s direitos<br />

e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais<br />

ou administrativas.”<br />

Conforme o referi<strong>do</strong> dispositivo constitucional, ao sindicato cabe a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s<br />

direitos individuais e coletivos da categoria. No aspecto coletivo, a legitimação <strong>do</strong> sindicato<br />

é própria para a <strong>de</strong>fesa da categoria por mandamento constitucional, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os interesses concretos e abstratos da categoria. Para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> direitos<br />

individuais homogêneos, o sindicato o faz na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituto processual, ou<br />

seja: <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> em nome próprio direito alheio (art. 18 <strong>do</strong> CPC), sen<strong>do</strong>, atualmente,<br />

o entendimento <strong>do</strong> Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral que a legitimida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sindicato para<br />

a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s direitos individuais homogêneos da categoria é ampla.<br />

Pedro Paulo Teixeira Manus, em obra lapidar (8) , nos traz a seguinte <strong>de</strong>finição<br />

<strong>do</strong> interesse coletivo no aspecto trabalhista:<br />

“O interesse coletivo, no direito <strong>do</strong> trabalho é aquele <strong>de</strong> que é titular a<br />

categoria, ou uma parcela da categoria, como o grupo <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

algumas empresas, <strong>de</strong> uma empresa, ou grupo <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um ou<br />

alguns setores <strong>de</strong> uma empresa. Esse interesse ultrapassa as pessoas que<br />

a integram porque in<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> titular o grupo, cujos integrantes<br />

po<strong>de</strong>m vir a ser <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s a cada momento e estão liga<strong>do</strong>s entre si<br />

por pertencerem à mesma empresa, setor ou categoria profissional.”<br />

(7) BRITO FILHO, José Cláudio Monteiro. <strong>Direito</strong> sindical. São Paulo: LTr, 2000. p. 249.<br />

(8) MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Negociação coletiva e contrato individual <strong>de</strong> trabalho. São Paulo: LTr, 2001.<br />

p. 27.<br />

1340 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!