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Manual de Direito Processual do Trabalho

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Do mesmo teor, as seguintes ementas:<br />

“É ilícita a prisão civil <strong>de</strong> <strong>de</strong>positário infiel, qualquer que seja a modalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito, ex vi<br />

da Súmula Vinculante n. 25 <strong>do</strong> Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral.” (TRT/SP – 10212201000002004<br />

– HC01 – Ac. SDI 2010008292 – rel. Sergio J. B. Junqueira Macha<strong>do</strong> – DOE 27.5.2010).<br />

“Habeas corpus. Depositário infiel. Não se aplica mais o coman<strong>do</strong> legal que permite a prisão<br />

civil por dívida. Chegou-se a tal conclusão após vários julga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> reconhecer que o art. 5 o , inciso LXVII, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, é norma <strong>de</strong><br />

“eficácia restringível” e o disposto no § 2 o <strong>do</strong> art. 5 o , da Lei Maior, não <strong>de</strong>ixa dúvida da<br />

integração na or<strong>de</strong>m jurídica <strong>do</strong>s Trata<strong>do</strong>s Internacionais <strong>do</strong> qual o Brasil faça parte, como<br />

é o caso <strong>do</strong> Pacto <strong>de</strong> São José da Costa Rica, cuja proteção volta-se aos direitos humanos<br />

e exclui em seu art. 7 o , que dispõe sobre a liberda<strong>de</strong> pessoal (item 7), a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

prisão por dívidas, exceto a <strong>do</strong> inadimplemento <strong>de</strong> obrigação alimentar, assim consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

em senti<strong>do</strong> estrito (o que exclui o crédito trabalhista). Referi<strong>do</strong> entendimento, a bem da<br />

verda<strong>de</strong>, não mais encontra discussão após o advento da Súmula Vinculante n. 25, <strong>do</strong> C.<br />

STF. Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> habeas corpus concedida.” (TRT/SP – 12785200900002009 – HC01 – Ac.<br />

SDI 2010008942 – rel a Maria Aparecida Duenhas – DOE 8.6.2010).<br />

“Prisão. Depósito infiel. Habeas Corpus. Ante a ilicitu<strong>de</strong> da prisão civil <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário infiel,<br />

em qualquer modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito, conforme entendimento consubstancia<strong>do</strong> pelo STF,<br />

impõe-se a concessão <strong>de</strong> salvo-conduto para a revogação da or<strong>de</strong>m prisional <strong>do</strong> paciente.<br />

Aplicação da Súmula Vinculante n. 25 <strong>do</strong> STF (publicada em 22.12.2009 no DJe <strong>do</strong> STF).”<br />

(TRT/SP – 12743200900002008 – HC01 – Ac. SDI 2010006168 – rel. Rafael E. Pugliese<br />

Ribeiro – DOE 6.5.2010).<br />

Diante <strong>do</strong> atual panorama jurispru<strong>de</strong>ncial, sen<strong>do</strong> impossível a prisão <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário,<br />

restam algumas alternativas possíveis ao Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> para evitar o<br />

esvaziamento da execução, quais sejam:<br />

a) nomear, sempre que possível, o <strong>de</strong>positário judicial oficial, e a transferência<br />

<strong>do</strong>s bens penhora<strong>do</strong>s para o <strong>de</strong>pósito da Justiça;<br />

b) intensificar os esforços para a penhora <strong>de</strong> dinheiro;<br />

c) aplicar sanções pecuniárias ao <strong>de</strong>positário infiel.<br />

Resta ainda a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prisão <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário infiel em razão <strong>do</strong> crime<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sobediência à or<strong>de</strong>m judicial, que é <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m penal (art. 330 <strong>do</strong> CP), exigin<strong>do</strong><br />

toda dilação probatória, bem como o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> réu, em razão <strong>do</strong> princípio<br />

constitucional <strong>de</strong> presunção <strong>de</strong> inocência. Entretanto, esta prisão, certamente, não<br />

tem a mesma efetivida<strong>de</strong>, tampouco a rapi<strong>de</strong>z da prisão <strong>de</strong> ín<strong>do</strong>le processual <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>positário infiel prevista no Código <strong>de</strong> Processo Civil.<br />

Não obstante o respeito que merecem o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral e o Superior<br />

Tribunal <strong>de</strong> Justiça, não nos mostramos otimistas com a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prisão<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>positário infiel judicial na execução trabalhista.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, é o Enuncia<strong>do</strong> Propositivo n. 2 da 1 a Jornada Nacional <strong>de</strong> Execução<br />

Trabalhista, realizada em novembro <strong>de</strong> 2010, in verbis:<br />

“PRISÃO POR CONTEMPT OF COURT NO PROCESSO DO TRABALHO. PRISÃO DO<br />

DEPOSITÁRIO JUDICIAL INFIEL ECONOMICAMENTE CAPAZ. POSSIBILIDADE<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1277

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