11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Se o <strong>de</strong>positário apresentar os bens <strong>de</strong>teriora<strong>do</strong>s, discutível se mostra a possibilida<strong>de</strong><br />

da prisão.<br />

Como adverte Júlio César Bebber (187) :<br />

“O perecimento e a <strong>de</strong>svalia <strong>do</strong> bem objeto <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito pelo <strong>de</strong>smonte e<br />

sucateamento (cuja consequência é a perda da utilida<strong>de</strong> da coisa), além<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>saguar na prisão civil <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário, enseja a responsabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ste pela reparação <strong>do</strong>s danos causa<strong>do</strong>s (CC, art. 186) e autoriza a imposição<br />

<strong>de</strong> sanção criminal, se for constata<strong>do</strong> o <strong>do</strong>lo (CP, art. 163). Não<br />

basta ao <strong>de</strong>positário fazer a simples entrega <strong>do</strong> bem. É necessário que<br />

não estejam presentes avarias, danificações e <strong>de</strong>teriorações injustificadas.<br />

Seria um achincalhe ao Esta<strong>do</strong> se este, após fazer justiça às partes, por<br />

intermédio <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário, fosse impedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> efetivamente entregar<br />

a prestação jurisdicional pela má-fé, <strong>de</strong>sídia ou ato criminoso <strong>de</strong> mero<br />

auxiliar <strong>do</strong> juiz.”<br />

Em que pesem alguns posicionamentos em senti<strong>do</strong> contrário, pensamos não<br />

ser possível a prisão <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário que restitui o bem danifica<strong>do</strong>, mas sim atribuição<br />

<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> patrimonial pelos danos a ser liquidada nos próprios autos <strong>do</strong><br />

processo trabalhista.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>staca-se a seguinte ementa:<br />

“Depositário infiel — Depreciação <strong>de</strong> bem penhora<strong>do</strong>. Restan<strong>do</strong> constata<strong>do</strong> que a <strong>de</strong>terioração<br />

<strong>do</strong> bem penhora<strong>do</strong> ocorreu por negligência <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário ou por razões intencionais,<br />

<strong>de</strong>ve ele arcar com o valor equivalente à <strong>de</strong>preciação, que correspon<strong>de</strong> à diferença entre o<br />

valor da avaliação procedida no momento da penhora e o valor da reavalidação feita após<br />

os estragos.” (TRT 12 a R. – 3 a T. – AG-PET n. 890/2001.011.12.85-0 – Ac. n. 3555/05 – rel.<br />

Roberto B. Leite – DJSC 8.4.05 – p. 163) (RDT n. 05 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2005).<br />

Entretanto, atualmente, nossos argumentos favoráveis à prisão <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário<br />

infiel ficaram venci<strong>do</strong>s pela edição da Súmula Vinculante n. 25 <strong>do</strong> STF, in verbis:<br />

“É ilícita a prisão civil <strong>de</strong> <strong>de</strong>positário infiel, qualquer que seja a modalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito.”<br />

(Divulgada em 22.12.2009 e publicada no DJe <strong>do</strong> STF <strong>de</strong> 23.12.2009) Prece<strong>de</strong>ntes: RE n.<br />

562.051 RG/MT, Tribunal Pleno, rel. Min. Cezar Peluso, DJ 12.9.2008; RE n. 349.703/DF,<br />

Tribunal Pleno, rel. Min. Sydney Sanches, DJ 5.6.2009; RE n. 466.343/SP, Tribunal Pleno,<br />

rel. Min. Cezar Peluso, DJ 5.6.2009; HC n. 87.585/TO, Tribunal Pleno, rel. Min. Marco<br />

Aurélio, DJ 26.6.2009; HC n. 95.967MS, 2 a Turma, rel a Min. Ellen Gracie, DJ 28.11.2008;<br />

HC n. 91.950/MS, 2 a Turma, rel. Min. Eros Grau, DJ 14.11.2008; HC n. 93.435/MG, 2 a<br />

Turma, rel. Min. Cezar Peluso, DJ 7.11.2008; HC n. 96.687 MC/MG, rel. Min. Celso <strong>de</strong><br />

Mello, DJ 19.11.2008; HC n. 96.582/DF, rel. Min. Marco Aurélio, DJ 7.11.2008; HC n.<br />

90.172/SP, 2 a Turma, rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s, DJ 17.8.2007; HC n. 95.170 MC/RS, rel.<br />

Min. Carlos Britto, DJ 4.8.2008.<br />

No mesmo diapasão, sumulou o STJ, por meio <strong>do</strong> Verbete n. 419, in verbis:<br />

“Descabe a prisão civil <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário judicial infiel.” (DJEletrônico 11.3.2010)<br />

(187) Op. cit., p. 187-188.<br />

1276 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!