11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

inescusável <strong>de</strong> prestação alimentícia (art. 7 o , item 7), conduz à inexistência <strong>de</strong> balizas<br />

visan<strong>do</strong> à eficácia <strong>do</strong> que previsto no art. 5 o , LXVII, da CF (“não haverá prisão civil por<br />

dívida, salvo a <strong>do</strong> responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável <strong>de</strong> obrigação<br />

alimentícia e a <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário infiel;”). Concluiu-se, assim, que, com a introdução <strong>do</strong> aludi<strong>do</strong><br />

Pacto no or<strong>de</strong>namento jurídico nacional, restaram <strong>de</strong>rrogadas as normas estritamente<br />

legais <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>ras da custódia <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário infiel. Prevaleceu, no julgamento, por fim, a<br />

tese <strong>do</strong> status <strong>de</strong> supralegalida<strong>de</strong> da referida Convenção, inicialmente <strong>de</strong>fendida pelo Min.<br />

Gilmar Men<strong>de</strong>s no julgamento <strong>do</strong> RE 466343/SP, abaixo relata<strong>do</strong>. Venci<strong>do</strong>s, no ponto,<br />

os Ministros Celso <strong>de</strong> Mello, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Eros Grau, que a ela davam a<br />

qualificação constitucional, perfilhan<strong>do</strong> o entendimento expendi<strong>do</strong> pelo primeiro no voto<br />

que proferira nesse recurso. O Min. Marco Aurélio, relativamente a essa questão, se absteve<br />

<strong>de</strong> pronunciamento.” (HC 87585/TO, rel. Min. Marco Aurélio, 3.12.2008. (HC-87585).<br />

Na mesma sessão <strong>de</strong> julgamento, a plenária <strong>do</strong> STF <strong>de</strong>terminou o cancelamento da<br />

Súmula n. 619 <strong>de</strong> sua jurisprudência, venci<strong>do</strong> o Ministro Menezes <strong>Direito</strong>, conforme<br />

se constata <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> Informativo n. 531, in verbis:<br />

“Prisão <strong>de</strong> Depositário Judicial Infiel e Revogação da Súmula n. 619 <strong>do</strong> STF. Na linha <strong>do</strong><br />

entendimento acima sufraga<strong>do</strong>, o Tribunal, por maioria, conce<strong>de</strong>u habeas corpus, impetra<strong>do</strong><br />

em favor <strong>de</strong> <strong>de</strong>positário judicial, e averbou expressamente a revogação da Súmula n. 619<br />

<strong>do</strong> STF (“A prisão <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário judicial po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>cretada no próprio processo em que<br />

se constituiu o encargo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da propositura <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito”). Venci<strong>do</strong><br />

o Min. Menezes <strong>Direito</strong> que <strong>de</strong>negava a or<strong>de</strong>m por consi<strong>de</strong>rar que o <strong>de</strong>positário judicial<br />

teria outra natureza jurídica, apartada da prisão civil própria <strong>do</strong> regime <strong>do</strong>s contratos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pósitos, e que sua prisão não seria <strong>de</strong>cretada com fundamento no <strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong><br />

uma obrigação civil, mas no <strong>de</strong>srespeito ao múnus público.” (HC n. 92.566/SP, rel. Min.<br />

Marco Aurélio, 3.12.2008)<br />

Em julgamentos mais recentes, o STF vem seguin<strong>do</strong> a mesma tendência, conforme<br />

se constata da redação da seguinte ementa:<br />

“PRISÃO CIVIL. Inadmissibilida<strong>de</strong>. Depósito judicial. Depositário infiel. Infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>. Ilicitu<strong>de</strong><br />

reconhecida pelo Plenário, que cancelou a Súmula n. 619 (REs ns. 349.703 e 466.343, e<br />

HCs ns. 87.585 e 92.566). Constrangimento ilegal tipifica<strong>do</strong>. HC concedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> ofício. É<br />

ilícita a prisão civil <strong>de</strong> <strong>de</strong>positário infiel, qualquer que seja a modalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito.”<br />

(STF. HC n. 94.307/RS – Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, Habeas Corpus. Rel. Min. CEZAR PELUSO,<br />

Julgamento: 19.2.2009 Órgão Julga<strong>do</strong>r: Tribunal Pleno Publicação DJe-084. Divulg.<br />

7.5.2009. Public. 8.5.2009)<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, está se posicionan<strong>do</strong> o STJ:<br />

“HABEAS CORPUS. DEPOSITÁRIO INFIEL. PRISÃO CIVIL. IMPOSSIBILIDADE. EN-<br />

TENDIMENTO DO STF. STATUS DE NORMA SUPRALEGAL. PACTO DE SAN JOSÉ DA<br />

COSTA RICA. MODIFICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO STJ. Ten<strong>do</strong> em conta a a<strong>do</strong>ção<br />

pelo STF <strong>do</strong> entendimento <strong>de</strong> que os trata<strong>do</strong>s e convenções internacionais sobre direitos<br />

humanos, aos quais o Brasil a<strong>de</strong>riu, gozam status <strong>de</strong> norma supralegal, <strong>de</strong>ve ser revisto o<br />

posicionamento a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo STJ a fim <strong>de</strong> impossibilitar a prisão civil <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário infiel.<br />

Or<strong>de</strong>m concedida.” [HABEAS CORPUS 122.251 – DF (2008/0265144-6) – STJ – Ministra<br />

Nancy Andrighi – relatora. DJU <strong>de</strong> 3.3.2009 – (DT – Abril/2009 – vol. 177, p. 147)]<br />

1272 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!