11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

DE PRISÃO CIVIL. A investidura <strong>do</strong> encargo <strong>de</strong> <strong>de</strong>positário <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitação <strong>do</strong><br />

nomea<strong>do</strong>, que <strong>de</strong>ve assinar Termo <strong>de</strong> Compromisso no auto <strong>de</strong> penhora, sem o que é<br />

inadmissível a restrição <strong>do</strong> seu direito <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.”<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, é a Súmula n. 319 <strong>do</strong> C. STJ, in verbis:<br />

“O encargo <strong>de</strong> <strong>de</strong>positário <strong>de</strong> bens po<strong>de</strong> ser expressamente recusa<strong>do</strong>.”<br />

De outro la<strong>do</strong>, pensamos que, caso não haja nenhum <strong>de</strong>positário e o executa<strong>do</strong><br />

não aceite o encargo, <strong>de</strong>ve o juiz nomear um <strong>de</strong>positário particular, às expensas <strong>do</strong><br />

executa<strong>do</strong>, ou até mesmo em casos extremos nomear compulsoriamente o próprio<br />

executa<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> restar convenci<strong>do</strong>, diante <strong>do</strong>s elementos <strong>do</strong>s autos, que a recusa<br />

é injusta, e tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> protelar a execução.<br />

No mesmo aspecto, argumenta Júlio César Bebber (181) :<br />

“[...] Neste processo especializa<strong>do</strong> permite-se a recusa ao encargo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>positário unicamente diante <strong>de</strong> motivo justifica<strong>do</strong>. Não se admite a<br />

recusa pura e simples. E isso ocorre em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> princípio da cooperação<br />

inscrito no art. 645 da CLT, segun<strong>do</strong> o qual, o serviço da Justiça <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> é relevante e obrigatório, ninguém <strong>de</strong>le po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> eximir-se, salvo<br />

motivo justifica<strong>do</strong>. Como bem observa Russomano, o art. 645 da CLT<br />

tem por escopo ‘valorizar o serviço da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, estimulan<strong>do</strong><br />

o seu exercício [...]. Por isso, o legisla<strong>do</strong>r tornou-o obrigatório. Aquele<br />

que for chama<strong>do</strong> para prestar à Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> sua colaboração não<br />

se po<strong>de</strong> furtar a esse chamamento’. Desse mo<strong>do</strong>, a recusa sem motivo<br />

justifica<strong>do</strong> po<strong>de</strong> dar ensejo à nomeação compulsória <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário.<br />

Vinculan<strong>do</strong>-se à sua valida<strong>de</strong> e eficácia unicamente à ciência inequívoca<br />

<strong>de</strong>ste acerca <strong>do</strong> encargo.”<br />

Nesse diapasão, <strong>de</strong>stacam-se as seguintes ementas:<br />

“Nomeação compulsória <strong>do</strong> encargo <strong>de</strong> <strong>de</strong>positário — Sócio da executada — Possibilida<strong>de</strong>.<br />

Com a finalida<strong>de</strong> precípua <strong>de</strong> evitar que a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> título executivo<br />

judicial seja postergada pelo <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r que, por mero capricho, procura se beneficiar da<br />

própria torpeza, com sérios prejuízos à efetivida<strong>de</strong> da tutela jurisdicional, po<strong>de</strong>rá, o magistra<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong>terminar a nomeação compulsória <strong>de</strong> <strong>de</strong>positário, valen<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> inescusável<br />

interesse jurídico <strong>de</strong> que as suas <strong>de</strong>cisões sejam cumpridas, sob pena <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrédito <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r<br />

Judiciário e <strong>de</strong> consequências nefastas para toda a socieda<strong>de</strong>.” (TRT – 15 a R. – 5 a T. – AP n.<br />

336/1998.124.15.00-1 – rel a Elency P. Neves – DJSP 5.11.04 – p. 52) RDT n. 01 – Janeiro<br />

<strong>de</strong> 2005)<br />

“Nomeação <strong>do</strong> <strong>de</strong>positário. Não há que se falar em nulida<strong>de</strong> da nomeação compulsória <strong>do</strong><br />

executa<strong>do</strong> como <strong>de</strong>positário <strong>do</strong> bem penhora<strong>do</strong> sem justificativa para a negativa <strong>de</strong> aceitação<br />

<strong>do</strong> encargo, ainda mais consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se que a nomeação, nestes termos, é benéfica<br />

ao executa<strong>do</strong>, já que não retira <strong>de</strong> sua posse o bem constrito, possibilitan<strong>do</strong> ao mesmo o<br />

auferimento <strong>de</strong> possíveis rendimentos.” (TRT – 3 a R. – 5 a T. – Ap. n. 3.997/97 – rel. Juiz<br />

Fernan<strong>do</strong> E. P. Magalhães – DJMG 3.10.98 – p. 8) (RDT 11/98, p. 50)<br />

(181) Op. cit., p. 177-178.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1269

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!