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Manual de Direito Processual do Trabalho

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Execução. Penhora. Alienação fiduciária. O bem aliena<strong>do</strong> fiduciariamente não po<strong>de</strong> ser<br />

objeto <strong>de</strong> penhora em execução <strong>de</strong> terceiros, alheios ao contrato <strong>de</strong> alienação, em face <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r fiduciário.” (TRT – 3 a R. – 4 a T. – AgP n. 2535/96 – rel. Juiz P. <strong>de</strong> Magalhães –<br />

DJMG 17.5.97 – p. 8)<br />

Não obstante o respeito que merecem os que pensam em senti<strong>do</strong> contrário,<br />

acreditamos que o bem objeto <strong>de</strong> alienação fiduciária possa ser penhora<strong>do</strong>. Embora<br />

o executa<strong>do</strong> possa ter apenas a posse direta, mas não a proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> bem,<br />

inegavelmente tem direitos sobre o bem, pois paulatinamente vai adquirin<strong>do</strong> a<br />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste.<br />

De outro la<strong>do</strong>, a lei não exclui expressamente a impenhorabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> bem<br />

aliena<strong>do</strong> fiduciariamente. Ainda que se possa argumentar a impossibilida<strong>de</strong> da penhora,<br />

po<strong>de</strong>-se sustentar a possibilida<strong>de</strong> da penhora <strong>do</strong> crédito <strong>do</strong> executa<strong>do</strong> em face <strong>do</strong><br />

bem objeto <strong>de</strong> alienação fiduciária.<br />

Como <strong>de</strong>staca Cléber Lúcio <strong>de</strong> Almeida (168) :<br />

“Como o crédito resultante da relação <strong>de</strong> emprego goza <strong>de</strong> privilégio especial,<br />

impõe-se a sua satisfação antes da <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r fiduciário no caso <strong>de</strong><br />

penhora <strong>de</strong> bem objeto <strong>de</strong> alienação fiduciária em garantia. Na alienação<br />

em garantia, não são transferi<strong>do</strong>s ao cre<strong>do</strong>r to<strong>do</strong>s os po<strong>de</strong>res que resultam<br />

ao <strong>do</strong>mínio, ou seja, os po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> usufruto. Nela, dá-se uma<br />

transferência <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio que fica condicionada ao não cumprimento da<br />

obrigação <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r. Na alienação, o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r per<strong>de</strong> apenas o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

dispor <strong>do</strong> bem, po<strong>de</strong>r que também o cre<strong>do</strong>r não <strong>de</strong>tém.”<br />

No aspecto da possibilida<strong>de</strong> da penhora, <strong>de</strong>stacam-se as seguintes ementas:<br />

“Veículo — Alienação fiduciária — Penhora — Possibilida<strong>de</strong>. Não há óbice legal para autorizar<br />

a efetivação da penhora sobre o crédito executa<strong>do</strong> em razão <strong>do</strong> bem objeto da alienação<br />

fiduciária, dada a privilegiadíssima condição <strong>do</strong>s créditos trabalhistas, consoante o disposto<br />

nos arts. 449 da CLT e 186 <strong>do</strong> CTN.” (TRT – 3 a R. – 2 a T. – AP n. 435/2004.001.03.00-6<br />

– rel. Jorge Berg <strong>de</strong> Men<strong>do</strong>nça – DJ 16.5.07 – p. 7) (RDT n. 06 – junho <strong>de</strong> 2007)<br />

“Penhora — Alienação fiduciária como garantia <strong>de</strong> débito renegocia<strong>do</strong>. Apesar <strong>de</strong> a Súmula<br />

n. 28 <strong>do</strong> STJ firmar o entendimento <strong>de</strong> que o contrato <strong>de</strong> alienação fiduciária em garantia<br />

po<strong>de</strong> ter por objeto bem que já integrava o patrimônio <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, não <strong>de</strong>ve prevalecer<br />

essa operação se ela foi utilizada no intuito <strong>de</strong> garantir débito renegocia<strong>do</strong>, prejudican<strong>do</strong> o<br />

direito <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais cre<strong>do</strong>res, especialmente aqueles com garantias, preferências e privilégios<br />

creditórios.” (TRT – 12 a R. – 2 a T. – AP n. 823/2006.008.12.00-4 – Documento n. 460960<br />

em 5.06.07) (RDT n. 7 – Julho <strong>de</strong> 2007)<br />

“Bem indisponível. Não é nula penhora que recai sobre bem ofereci<strong>do</strong> em alienação fiduciária,<br />

se antes já havia si<strong>do</strong> <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> indisponível pelo Juízo Trabalhista.” (TRT – 12 a<br />

R. – 3 a T. Ac. n. 1857/96 – rel. Juiz Paulo Sventnickas – DJSC 2.04.96 – p. 84)<br />

“Agravo <strong>de</strong> petição — Da frau<strong>de</strong> à execução — Bem garanti<strong>do</strong> por alienação fiduciária.<br />

Comprova<strong>do</strong> que não houve a transferência <strong>de</strong> bem garanti<strong>do</strong> fiduciariamente a terceiros,<br />

(168) ALMEIDA, Cléber Lúcio <strong>de</strong>. <strong>Direito</strong> processual <strong>do</strong> trabalho. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. p. 782.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1251

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