11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

corrigir <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s é o <strong>de</strong> criar outras <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s’” (9) . O princípio protetor<br />

<strong>de</strong>s<strong>do</strong>bra-se em três regras básicas: a) regra da norma mais benéfica: no choque entre<br />

duas normas que regulamentam a mesma matéria, <strong>de</strong>ve-se prestigiar a regra que<br />

favoreça o emprega<strong>do</strong>; b) regra da condição mais benéfica ou <strong>de</strong> direito adquiri<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>: segun<strong>do</strong> Plá Rodriguez, trata-se <strong>de</strong> um “critério pelo qual a aplicação<br />

<strong>de</strong> uma nova norma trabalhista nunca <strong>de</strong>ve servir para diminuir as condições mais<br />

favoráveis em que se encontrava um trabalha<strong>do</strong>r” (10) . Nosso <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

encampou esta regra no art. 468 da CLT e no Enuncia<strong>do</strong> n. 51 <strong>do</strong> C. TST; c) regra<br />

<strong>do</strong> in dubio pro operario: quan<strong>do</strong> a norma propiciar vários senti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> interpretações<br />

possíveis, <strong>de</strong>ve-se prestigiar a interpretação mais favorável ao emprega<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong><br />

a <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong>minante, esse critério não se aplica no terreno processual, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong><br />

o juiz, em caso <strong>de</strong> dúvida, julgar contra o litigante que <strong>de</strong>tinha o ônus probatório.<br />

A <strong>do</strong>utrina alinha outros princípios fundamentais <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, como<br />

os princípios da primazia da realida<strong>de</strong>, da continuida<strong>de</strong> da relação <strong>de</strong> emprego, da<br />

irrenunciabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos, da irredutibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> salários, da boa-fé, da razoabilida<strong>de</strong>,<br />

da dignida<strong>de</strong> da pessoa humana, da justiça social e da equida<strong>de</strong>.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, é a posição <strong>de</strong> Trueba Urbina (11) :<br />

“Tanto as normas substantivas como as processuais são essencialmente<br />

protecionistas e tutelares <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res.”<br />

Para Couture, o primeiro princípio fundamental <strong>do</strong> processo trabalhista é<br />

relativo ao fim a que se propõe, como “procedimento lógico <strong>de</strong> corrigir as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s”<br />

crian<strong>do</strong> outras <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. O <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> é elabora<strong>do</strong><br />

totalmente com o propósito <strong>de</strong> evitar que o litigante mais po<strong>de</strong>roso possa <strong>de</strong>sviar<br />

e entorpecer os fins da Justiça (12) .<br />

Outros autores sustentam que o <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> é autônomo<br />

em face <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> Material <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> e também <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> Civil<br />

(dualistas), mas o Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> encontra-se também impregna<strong>do</strong> pelo<br />

princípio protetor.<br />

No <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> brasileiro, Sergio Pinto Martins (13) afirma que:<br />

“O verda<strong>de</strong>iro princípio <strong>do</strong> processo <strong>do</strong> trabalho é o protecionista. Assim<br />

como no <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, as regras são interpretadas mais favoravelmente<br />

ao emprega<strong>do</strong>, em caso <strong>de</strong> dúvida, no processo <strong>do</strong> trabalho também<br />

vale o princípio protecionista, porém analisa<strong>do</strong> sob o aspecto <strong>do</strong> direito<br />

instrumental.”<br />

(9) Princípios <strong>de</strong> direito <strong>do</strong> trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2000. p. 85.<br />

(10) Op. cit., p. 86.<br />

(11) Apud NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Dos princípios <strong>do</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho. In: Estu<strong>do</strong>s<br />

relevantes <strong>de</strong> direito material e processual <strong>do</strong> trabalho. Estu<strong>do</strong>s em Homenagem ao Prof. Pedro Paulo<br />

Teixeira Manus. São Paulo: LTr, 2000. p. 26.<br />

(12) NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Op. cit., p. 27.<br />

(13) MARTINS, Sergio Pinto. <strong>Direito</strong> processual <strong>do</strong> trabalho. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 66.<br />

120 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!