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Manual de Direito Processual do Trabalho

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2. Posição enciclopédica <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>.<br />

Autonomia <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

Ainda há acirradas discussões na <strong>do</strong>utrina sobre possuir, ou não, o <strong>Direito</strong><br />

<strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> princípios próprios, vale dizer: se o <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> é ou não uma ciência autônoma <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong>.<br />

Para se aquilatar a autonomia <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> ramo <strong>do</strong> direito, necessário<br />

avaliar se tem princípios próprios, uma legislação específica, um razoável número<br />

<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>utrinários a respeito e um objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> próprio.<br />

Ensina-nos, neste senti<strong>do</strong>, Jorge Luiz Souto Maior (8) :<br />

“O direito é um conjunto <strong>de</strong> normas e princípios volta<strong>do</strong> à regulação<br />

da vida social. Para falar <strong>de</strong> um direito autônomo, um ramo <strong>do</strong> direito<br />

distinto <strong>do</strong> direito comum, é preciso que se tenha um razoável número<br />

<strong>de</strong> normas voltadas para um fato social específico e que se i<strong>de</strong>ntifiquem<br />

nestas leis princípios próprios que lhe <strong>de</strong>em uma noção <strong>de</strong> conjunto,<br />

fornecen<strong>do</strong>-lhe uma lógica particular e uma finalida<strong>de</strong> distinta.”<br />

Inegavelmente, o <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> observa muitos princípios<br />

<strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> Civil, como os princípios da inércia, da instrumentalida<strong>de</strong><br />

das formas, oralida<strong>de</strong>, impulso oficial, eventualida<strong>de</strong>, preclusão, conciliação e economia<br />

processual.<br />

Na <strong>do</strong>utrina, autores há que sustentam a autonomia <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong> em face <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> Civil, também chama<strong>do</strong>s dualistas. Outros<br />

sustentam que o <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> não tem autonomia em face <strong>do</strong><br />

<strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> Civil, sen<strong>do</strong> um simples <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento <strong>de</strong>ste, também chama<strong>do</strong><br />

monista. Outros autores <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m autonomia relativa <strong>do</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho<br />

diante <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> Civil em razão da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação subsidiária<br />

<strong>do</strong> Processo Civil ao Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>.<br />

Há quem sustente que os princípios <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> são os<br />

mesmos <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> Material <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, máxime o princípio protetor.<br />

Ensina Américo Plá Rodriguez: “o fundamento <strong>do</strong> princípio protetor está liga<strong>do</strong><br />

à própria razão <strong>de</strong> ser <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. Historicamente, o <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

surgiu como consequência <strong>de</strong> que a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> contrato entre pessoas com<br />

po<strong>de</strong>r e capacida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong>siguais conduzia a diferentes formas <strong>de</strong> exploração.<br />

Inclusive as mais abusivas e iníquas. O legisla<strong>do</strong>r não pô<strong>de</strong> mais manter a ficção <strong>de</strong><br />

igualda<strong>de</strong> existente entre as partes <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> trabalho e inclinou-se para uma<br />

compensação <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong>sfavorável ao trabalha<strong>do</strong>r com uma<br />

proteção jurídica a ele favorável. O <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> respon<strong>de</strong> fundamentalmente<br />

ao propósito <strong>de</strong> nivelar <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. Como dizia Couture: ‘o procedimento lógico <strong>de</strong><br />

(8) SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. A fúria. In: Revista Trabalhista <strong>Direito</strong> e Processo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Forense,<br />

jul./set. 2002. p. 71.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 119

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