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Manual de Direito Processual do Trabalho

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f) Princípio da cooperação<br />

A conduta das partes, no processo civil tradicional, nitidamente, tem caráter<br />

adversarial, ou seja, as partes se encontram em posições antagônicas, cada qual<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os próprios interesses, que, na maioria das vezes, coli<strong>de</strong> com os da<br />

parte contrária.<br />

Nâo obstante esta característica adversarial <strong>do</strong> processo, o processo civil<br />

contemporâneo vem trazen<strong>do</strong> uma nova tendência <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> processo comparticipativo<br />

ou cooperativo, no qual a gestão <strong>do</strong> processo, sem <strong>de</strong>snaturar as posições<br />

que ocupam, e os papéis próprios que representam no processo, se divi<strong>de</strong> entre<br />

juiz, partes e advoga<strong>do</strong>s, estabelecen<strong>do</strong> um <strong>de</strong>ver mais acentua<strong>do</strong> <strong>de</strong> cooperação<br />

das partes com o magistra<strong>do</strong>, das partes entre si e <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> com as partes,<br />

objetivan<strong>do</strong> obter maior <strong>de</strong>mocracia na condução <strong>do</strong> processo e uma solução mais<br />

efetiva para o conflito, sem centralizar o processo na figura <strong>do</strong> juiz ou das partes.<br />

O Juiz também passa a ter mais <strong>de</strong>veres e uma participação mais intensa no<br />

mo<strong>de</strong>lo cooperativo <strong>de</strong> processo, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> prestar auxílio e esclarecimento às partes,<br />

bem como preveni-las sobre os efeitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas posturas processuais.<br />

Como nos traz Cássio Scarpinella Bueno (131) , é comum (e absolutamente<br />

pertinente) entre nós a difusão da <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong> Miguel Teixeira <strong>de</strong> Sousa, Professor<br />

Catedrático da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, que ensina que a<br />

cooperação toma como base <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s <strong>de</strong>veres a serem observa<strong>do</strong>s, inclusive<br />

pelo magistra<strong>do</strong>. Esses <strong>de</strong>veres são <strong>de</strong> esclarecimento (no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> o juiz solicitar às<br />

partes explicações sobre o alcance <strong>de</strong> suas postulações e manifestações), <strong>de</strong> consulta<br />

(no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> o juiz colher manifestação das partes preparatórias <strong>de</strong> sua própria<br />

manifestação ou <strong>de</strong>cisão), <strong>de</strong> prevenção (no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> as partes serem alertadas <strong>do</strong><br />

uso ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo e a inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> julgamento <strong>de</strong> mérito), e, <strong>de</strong> auxílio<br />

(no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> incentivar as partes a superar dificulda<strong>de</strong>s relativas ao cumprimento<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus direitos, faculda<strong>de</strong>s, ônus ou <strong>de</strong>veres processuais).<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, dispõe o art. 6 o , <strong>do</strong> CPC:<br />

“To<strong>do</strong>s os sujeitos <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>vem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo<br />

razoável, <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> mérito justa e efetiva.”<br />

Como bem adverte Cássio Scarpinella Bueno (132) , “o art. 6 o <strong>do</strong> novo CPC<br />

trata <strong>do</strong> ‘princípio da cooperação’, queren<strong>do</strong> estabelecer um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> processo<br />

cooperativo — nitidamente inspira<strong>do</strong> no mo<strong>de</strong>lo constitucional — vocaciona<strong>do</strong> à<br />

prestação efetiva da tutela jurisdicional, com ampla participação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os sujeitos<br />

processuais, <strong>do</strong> início ao fim da ativida<strong>de</strong> jurisdicional.”<br />

O Código <strong>de</strong> Processo Civil <strong>de</strong> 2015 traça o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os sujeitos processuais em todas as fases <strong>do</strong> procedimento, mas ele se acentua nas<br />

fases probatória e executiva.<br />

(131) <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> Civil. São Paulo: Saraiva. 2015, p. 85.<br />

(132) Novo Código <strong>de</strong> Processo Civil anota<strong>do</strong>. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 45.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 113

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