11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

aforada em face da empresa Reclamada, da qual, como já dito, o alienante era sócio; 3. a<br />

ação trabalhista originária foi ajuizada em face da empresa Reclamada no ano <strong>de</strong> 1994,<br />

enquanto a transação imobiliária aqui discutida ocorreu vários anos mais tar<strong>de</strong>, em 1998;<br />

4. em momento algum a r. <strong>de</strong>cisão agravada tangenciou a questão da impenhorabilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> bem <strong>de</strong> família (Lei n. 8.009/90), mesmo porque o imóvel penhora<strong>do</strong>, inicialmente<br />

adquiri<strong>do</strong> como um terreno, atualmente, mercê das edificações que nele foram acrescidas,<br />

<strong>de</strong>tém natureza híbrida, vale dizer, simultaneamente comercial e resi<strong>de</strong>ncial. Seja como for,<br />

o Agravante não opôs quaisquer Embargos Declaratórios contra a r. <strong>de</strong>cisão agravada, o que<br />

conduz ao acobertamento da questão pelo instituto jurídico da preclusão; 5. encontra-se<br />

junta<strong>do</strong> aos autos um <strong>do</strong>cumento firma<strong>do</strong> diretamente entre o Agravante e sócio-alienante,<br />

que <strong>de</strong>monstra já haverem inicia<strong>do</strong> eles as tratativas para equacionar a questão da ação trabalhista<br />

ajuizada em face da empresa Reclamada, e que culminou com a penhora <strong>do</strong> imóvel<br />

aliena<strong>do</strong>. Agravo <strong>de</strong> petição conheci<strong>do</strong> e não provi<strong>do</strong>.” (TRT/SP – 01505200837102008<br />

– AP – Ac. 5 a T. – 20100273348 – rel a Anelia Li Chum – DOE 16.4.2010)<br />

“Embargos <strong>de</strong> Terceiro. Frau<strong>de</strong> à Execução. Terceiros adquirentes <strong>de</strong> boa-fé. O redirecionamento<br />

da execução contra os sócios após a venda <strong>do</strong> imóvel, não tem efeito retroativo<br />

capaz <strong>de</strong> tornar ineficaz, por frau<strong>de</strong> à execução, a alienação realizada com terceiros <strong>de</strong><br />

boa-fé.” (TRT/SP – 01090200905502000 – AP – Ac. 6 a T. – 20100146273 – rel. Rafael E.<br />

Pugliese Ribeiro – DOE 17.3.2010)<br />

Em senti<strong>do</strong> contrário, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong>snecessária a análise da boa-fé <strong>do</strong> terceiro,<br />

<strong>de</strong>staca-se a seguinte ementa:<br />

“FRAUDE DE EXECUÇÃO. BEM DE SÓCIO RETIRANTE. CARACTERIZAÇÃO A PARTIR<br />

DA DISTRIBUIÇÃO DA AÇÃO. INEFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO PERANTE TER-<br />

CEIROS. EFEITOS QUE SE ESTENDEM ÀS ALIENAÇÕES SUBSEQUENTES. REQUISITOS<br />

OBJETIVOS QUE NÃO SÃO ELIDIDOS PELA BOA-FÉ DO ADQUIRENTE. Constata<strong>do</strong> o<br />

exaurimento patrimonial da empresa, a execução volta-se contra o patrimônio <strong>do</strong> sócio, que<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a distribuição da ação <strong>de</strong>tém responsabilida<strong>de</strong> subsidiária em relação às obrigações<br />

contraídas pela pessoa jurídica. Essa responsabilida<strong>de</strong> permanece latente, mas já existe,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento em que a pessoa jurídica contrai obrigações, em razão <strong>do</strong>s termos da<br />

lei (art. 592, inciso II, <strong>do</strong> CPC). Qualquer alienação realizada a partir da distribuição da<br />

ação está sujeita à <strong>de</strong>claração da frau<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução, resultan<strong>do</strong> na ineficácia <strong>do</strong> negócio<br />

jurídico, que não po<strong>de</strong> ser oposto contra terceiros. A <strong>de</strong>claração da frau<strong>de</strong> acaba por onerar<br />

o bem, acompanhan<strong>do</strong>-o e maculan<strong>do</strong> as alienações subsequentes, sen<strong>do</strong> que, para sua<br />

configuração basta a ocorrência <strong>do</strong>s requisitos objetivos dita<strong>do</strong>s pelo art. 593, inciso II, <strong>do</strong><br />

CPC, não se perquirin<strong>do</strong> acerca da boa-fé <strong>do</strong> adquirente. Não sen<strong>do</strong> a boa-fé requisito para<br />

caracterização da frau<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> fundamento para afastar a ineficácia da alienação.<br />

Agravo <strong>do</strong> exequente a que se dá provimento.” (TRT/SP – 00007598720115020004<br />

– AP – Ac. 4 a T. – 20120736831 – rel. Paulo Sérgio Jakutis – DOE 6.7.2012)<br />

15. Do ato atentatório à dignida<strong>de</strong> da Justiça<br />

O <strong>Direito</strong>, <strong>de</strong>ntro da dinâmica social, correspon<strong>de</strong> a uma permanente luta<br />

entre interesses opostos. Dentro <strong>de</strong>la, cria-se, frequentemente, o para<strong>do</strong>xo <strong>de</strong> o<br />

<strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, em nome <strong>do</strong> interesse e da preservação <strong>de</strong> seu patrimônio e <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res<br />

e faculda<strong>de</strong>s que exercita sobre ele, praticar atos profundamente antijurídicos em<br />

face <strong>do</strong> interesse <strong>de</strong> terceiro (85) .<br />

(85) RODRIGUES PINTO, José Augusto. Execução trabalhista. 11. ed. São Paulo: LTr, 2006. p. 468.<br />

1138 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!