11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

a) eventus damni: que configura o elemento objetivo atinente ao ato ruinoso<br />

que é prejudicial ao cre<strong>do</strong>r, tornan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r insolvente;<br />

b) consilium fraudis: caracteriza o elemento subjetivo, que é o conluio entre<br />

o executa<strong>do</strong> e terceiro, a fim <strong>de</strong> prejudicar o cre<strong>do</strong>r. Segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>staca Maria<br />

Helena Diniz (80) , o elemento objetivo consilium fraudis é a má-fé, a intenção<br />

<strong>de</strong> prejudicar <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r ou <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r alia<strong>do</strong> a terceiro, ilidin<strong>do</strong> os efeitos<br />

da cobrança.<br />

Como bem adverte Maria Helena Diniz (81) , à luz <strong>do</strong> Código Civil <strong>de</strong> 2002, não<br />

mais se exige a scientia fraudis para anular o negócio gratuito celebra<strong>do</strong> com frau<strong>de</strong><br />

contra cre<strong>do</strong>res; mesmo que o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, ou o beneficiário <strong>do</strong> contrato benéfico<br />

transmitin<strong>do</strong> algo ou per<strong>do</strong>an<strong>do</strong> débito, ignore que tal ato reduzirá a garantia ou<br />

provocará a insolvência <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, esse ato será suscetível <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong> relativa. A<br />

causa da anulação é objetiva, por ser suficiente que haja a redução <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r ao<br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> insolvência.<br />

O STJ pacificou entendimento no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser necessária a ação revocatória<br />

ou pauliana para anulação <strong>de</strong> ato pratica<strong>do</strong> em frau<strong>de</strong> contra cre<strong>do</strong>res, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

o juiz pronunciá-la inci<strong>de</strong>ntalmente, no curso <strong>do</strong> processo, conforme a Súmula n. 195<br />

<strong>de</strong> sua jurisprudência, in verbis:<br />

“Em embargos <strong>de</strong> terceiro não se anula ato jurídico, por frau<strong>de</strong> contra cre<strong>do</strong>res.”<br />

Ação revocatória ou pauliana po<strong>de</strong> ser proposta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que presentes os seguintes<br />

requisitos: a) que haja prejuízo para o cre<strong>do</strong>r quirografário (eventus damni); b) que<br />

o negócio tenha leva<strong>do</strong> o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r à insolvência; c) que o cre<strong>do</strong>r seja quirografário;<br />

d) que haja anteriorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crédito (os cre<strong>do</strong>res já o eram à época em que foi<br />

constituí<strong>do</strong> o negócio) (82) .<br />

A competência material para a ação revocatória ou pauliana não é da competência<br />

material da Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, pois não se reporta à controvérsia oriunda ou<br />

<strong>de</strong>corrente da relação laboral.<br />

A frau<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução se assemelha à frau<strong>de</strong> contra cre<strong>do</strong>res, uma vez que<br />

ambas têm por objeto a proteção <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r contra atos <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r que visam a<br />

tornar ineficaz o pagamento da dívida.<br />

No entanto, po<strong>de</strong>mos elencar as seguintes distinções:<br />

a) a frau<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução é instituto <strong>de</strong> natureza processual. É ato atentatório<br />

à dignida<strong>de</strong> da justiça. A frau<strong>de</strong> contra cre<strong>do</strong>res é instituto <strong>de</strong> natureza civil,<br />

sen<strong>do</strong> uma espécie <strong>do</strong>s <strong>de</strong>feitos <strong>do</strong>s negócios jurídicos;<br />

(80) DINIZ, Maria Helena. Código Civil anota<strong>do</strong>. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 192.<br />

(81) DINIZ, Maria Helena, op. cit., p. 192.<br />

(82) NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. Código Civil comenta<strong>do</strong> e legislação extravagante.<br />

3. ed. São Paulo: RT, 2005. p. 158.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1135

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!