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Manual de Direito Processual do Trabalho

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“A penhora <strong>de</strong> crédito, representa<strong>do</strong> por letra <strong>de</strong> câmbio, nota promissória,<br />

duplicata, cheque ou outros títulos, que será feita pela apreensão <strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>cumento, esteja ou não em po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r (CPC, art. 672, caput);<br />

suce<strong>de</strong> que, se o terceiro, em conluio com o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, vier a negar o<br />

débito a quitação que este lhe vier a dar será consi<strong>de</strong>rada em frau<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

execução (CPC, art. 672, § 3 o ).”<br />

14.1. Da frau<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução e frau<strong>de</strong> contra cre<strong>do</strong>res<br />

O Código Civil Brasileiro inclui a frau<strong>de</strong> contra cre<strong>do</strong>res no Capítulo <strong>do</strong>s <strong>de</strong>feitos<br />

<strong>do</strong> negócio jurídico, como sen<strong>do</strong> um vício <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social que torna anulável a<br />

transmissão gratuita <strong>de</strong> bens ou remissão <strong>de</strong> dívida, em prejuízo <strong>de</strong> terceiros, que<br />

reduzam o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r à insolvência.<br />

Conforme Fabrício Zamprogna Matiello (78) :<br />

“A frau<strong>de</strong> consiste na utilização, pelo <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, <strong>de</strong> expedientes ardilosos<br />

visan<strong>do</strong> a prejudicar o cre<strong>do</strong>r, suprimin<strong>do</strong> ou obstan<strong>do</strong> a este o exercício<br />

<strong>de</strong> um direito <strong>de</strong> crédito juridicamente reconheci<strong>do</strong>. Normalmente é<br />

integrada por <strong>do</strong>is elementos, embora a frau<strong>de</strong> exista com o implemento<br />

<strong>do</strong> primeiro: a) objetivo — qualquer negócio prejudicial ao cre<strong>do</strong>r que<br />

importar na condução <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r a esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> insolvência ou que for<br />

pratica<strong>do</strong> durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> insolvência; b) subjetivo — a malícia, a<br />

má-fé ou a simples consciência <strong>de</strong> que o cre<strong>do</strong>r po<strong>de</strong>rá ser prejudica<strong>do</strong><br />

em razão <strong>do</strong> negócio realiza<strong>do</strong>.”<br />

Dispõe o art. 158 <strong>do</strong> Código Civil:<br />

“Os negócios <strong>de</strong> transmissão gratuita <strong>de</strong> bens ou remissão <strong>de</strong> dívida, se os praticar o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r<br />

já insolvente, ou por eles reduzi<strong>do</strong> à insolvência, ainda quan<strong>do</strong> o ignore, po<strong>de</strong>rão ser<br />

anula<strong>do</strong>s pelos cre<strong>do</strong>res quirografários, como lesivos <strong>do</strong>s seus direitos.<br />

§ 1 o Igual direito assiste aos cre<strong>do</strong>res cuja garantia se tornar insuficiente.<br />

§ 2 o Só os cre<strong>do</strong>res que já o eram ao tempo daqueles atos po<strong>de</strong>m pleitear a anulação <strong>de</strong>les.”<br />

Como <strong>de</strong>staca Nelson Nery Junior (79) , a frau<strong>de</strong> contra cre<strong>do</strong>res “é vício social<br />

<strong>do</strong> negócio jurídico. A frau<strong>de</strong> pauliana ocorre quan<strong>do</strong> houver ato <strong>de</strong> liberalida<strong>de</strong>,<br />

alienação ou oneração <strong>de</strong> bens ou direitos, capaz <strong>de</strong> levar o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r à insolvência,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que: a) o cre<strong>do</strong>r seja quirografário; b) o crédito seja anterior ao ato <strong>de</strong> alienação<br />

ou oneração (anteriorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crédito); c) tenha havi<strong>do</strong> dano ao direito <strong>do</strong><br />

cre<strong>do</strong>r (eventus damni); d) que a alienação ou oneração tenha leva<strong>do</strong> o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r à<br />

insolvência.”<br />

Há consenso na <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong> que a frau<strong>de</strong> contra cre<strong>do</strong>res exige, para eclosão,<br />

<strong>do</strong>is elementos:<br />

(78) MATIELLO, Fabrício Zamprogna. Código Civil comenta<strong>do</strong>. 2. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 129.<br />

(79) NERY JuNIOR, Nelson. Código <strong>de</strong> Processo Civil comenta<strong>do</strong>. 10. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 1.000.<br />

1134 Mauro Schiavi

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