11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

§ 1 o A alienação em frau<strong>de</strong> à execução é ineficaz em relação ao exequente.<br />

§ 2 o No caso <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus<br />

<strong>de</strong> provar que a<strong>do</strong>tou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das<br />

certidões pertinentes, obtidas no <strong>do</strong>micílio <strong>do</strong> ven<strong>de</strong><strong>do</strong>r e no local on<strong>de</strong> se encontra o bem.<br />

§ 3 o Nos casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica, a frau<strong>de</strong> à execução verifica-se<br />

a partir da citação da parte cuja personalida<strong>de</strong> se preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar.<br />

§ 4 o Antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar a frau<strong>de</strong> à execução, o juiz <strong>de</strong>verá intimar o terceiro adquirente, que,<br />

se quiser, po<strong>de</strong>rá opor embargos <strong>de</strong> terceiro, no prazo <strong>de</strong> 15 (quinze) dias.”<br />

No CPC <strong>de</strong> 73 (art. 593), a nomenclatura utilizada era frau<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução, o<br />

CPC atual utiliza a expressão frau<strong>de</strong> à execução.<br />

Nas palavras <strong>de</strong> Cândi<strong>do</strong> Rangel Dinamarco (67) , a frau<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução é ato <strong>de</strong><br />

rebeldia à autorida<strong>de</strong> estatal exercida pelo juiz no processo.<br />

Caracteriza-se a frau<strong>de</strong> à execução quan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, diante <strong>de</strong> uma li<strong>de</strong> pen<strong>de</strong>nte,<br />

onera ou grava bens, sem ficar com patrimônio suficiente para quitar a dívida.<br />

A <strong>de</strong>claração da frau<strong>de</strong> à execução <strong>de</strong>stina-se a neutralizar as alienações ou<br />

onerações <strong>de</strong> bens por parte <strong>do</strong> executa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> houver ação pen<strong>de</strong>nte, sem ficar<br />

com patrimônio suficiente para solucionar o processo, ten<strong>do</strong> por objetivo assegurar<br />

a efetivida<strong>de</strong> processual, a dignida<strong>de</strong> da justiça e o efetivo recebimento <strong>do</strong> crédito<br />

consagra<strong>do</strong> no título executivo.<br />

A frau<strong>de</strong> à execução, por ser um instituto <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública, <strong>de</strong>stinada a resguardar<br />

a dignida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo e efetivação da jurisdição, po<strong>de</strong> ser reconhecida<br />

<strong>de</strong> ofício pelo juiz, inclusive em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> embargos <strong>de</strong> terceiro. Não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ação própria, pois o juiz reconhecerá a frau<strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntalmente, nos próprios autos<br />

da execução. Também a frau<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar o terceiro adquirente <strong>do</strong> bem <strong>de</strong><br />

boa ou má-fé.<br />

Não se confun<strong>de</strong> a frau<strong>de</strong> à execução, que é instituto <strong>de</strong> direito processual<br />

(art. 792 <strong>do</strong> CPC) com o tipo penal <strong>de</strong> frau<strong>de</strong> à execução, prevista no art. 179 <strong>do</strong><br />

Código Penal que assim dispõe: “Fraudar a execução, alienan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>svian<strong>do</strong>, <strong>de</strong>struin<strong>do</strong><br />

ou danifican<strong>do</strong> bens, ou simulan<strong>do</strong> dívidas.” Não obstante, a frau<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

execução praticada no processo, conforme a gravida<strong>de</strong> da conduta <strong>do</strong> executa<strong>do</strong>,<br />

po<strong>de</strong>rá configurar o <strong>de</strong>lito penal <strong>de</strong> frau<strong>de</strong> à execução.<br />

O ato pratica<strong>do</strong> em frau<strong>de</strong> à execução não é nulo, nem anulável, tampouco<br />

inexiste, é ineficaz em face <strong>do</strong> processo, ou seja, é como se não tivesse si<strong>do</strong> pratica<strong>do</strong>,<br />

embora entre terceiros ela seja eficaz. Como bem adverte Araken <strong>de</strong> Assis (68) , “o ato<br />

fraudulento, ineficaz, apesar <strong>de</strong> existente e váli<strong>do</strong> entre seus figurantes, é como se<br />

(67) DINAMARCO, Cândi<strong>do</strong> Rangel. Execução civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1993. p. 186.<br />

(68) ASSIS, Araken. Comentários ao Código <strong>de</strong> Processo Civil. v. VI. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense, 2001. p. 225.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1129

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!