11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Conforme assevera Valentin Carrion (63) :<br />

“Os bens <strong>do</strong> cônjuge estão sujeitos à execução, nos casos em que respon<strong>de</strong>m<br />

pela dívida (CPC, art. 592). Mesmo que o art. 246 <strong>do</strong> CC <strong>de</strong> 1916<br />

não tenha correspon<strong>de</strong>nte no CC <strong>de</strong> 2002, a meação <strong>de</strong> qualquer <strong>do</strong>s<br />

cônjuges continua preservada e não respon<strong>de</strong> pela dívida, <strong>do</strong> outro; só a<br />

dívida para a economia <strong>do</strong>méstica (CC, art. 1.643) é solidária. O CPC,<br />

art. 1.046, autoriza os embargos para <strong>de</strong>fesa da meação. Entretanto, é <strong>de</strong><br />

presumir-se que o produto da ativida<strong>de</strong> empresarial sempre é usufruí<strong>do</strong><br />

por ambos os cônjuges; o contrário necessita <strong>de</strong> prova.”<br />

Não obstante, o cônjuge po<strong>de</strong> conseguir <strong>de</strong>rrubar a presunção <strong>de</strong> que foi beneficia<strong>do</strong><br />

pelas dívidas contraídas pelo outro. Para tanto, <strong>de</strong>ve ser intima<strong>do</strong> sobre a<br />

penhora, e po<strong>de</strong>rá opor embargos à execução invocan<strong>do</strong> vício da penhora e também<br />

embargos <strong>de</strong> terceiro,visan<strong>do</strong> à liberação <strong>do</strong>s bens próprios ou reserva<strong>do</strong>s, conforme<br />

o art. 674, § 2 o , I, <strong>do</strong> CPC, in verbis:<br />

“Quem, não sen<strong>do</strong> parte no processo, sofrer constrição ou ameaça <strong>de</strong> constrição sobre bens<br />

que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, po<strong>de</strong>rá<br />

requerer seu <strong>de</strong>sfazimento ou sua inibição por meio <strong>de</strong> embargos <strong>de</strong> terceiro (...) § 2 o Consi<strong>de</strong>ra-se<br />

terceiro, para ajuizamento <strong>do</strong>s embargos: I – o cônjuge ou companheiro, quan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a posse <strong>de</strong> bens próprios ou <strong>de</strong> sua meação, ressalva<strong>do</strong> o disposto no art. 843.”<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, argumenta com proprieda<strong>de</strong> Francisco Antonio <strong>de</strong> Oliveira (64) : “Segun<strong>do</strong><br />

o melhor entendimento, para que o cônjuge possa ter sucesso, é mister <strong>de</strong>monstrar<br />

que a dívida contraída pela socieda<strong>de</strong> (executada) não reverteu em prol da manutenção<br />

<strong>do</strong> sustento familiar, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>, v. g., a existência <strong>de</strong> rendas outras que serviram <strong>de</strong><br />

suporte da manutenção da família. A contrario sensu <strong>de</strong>verão respon<strong>de</strong>r pelos créditos<br />

trabalhistas os bens <strong>do</strong> casal sempre que o cônjuge meeiro não <strong>de</strong>monstrar que a renda<br />

usufruída da socieda<strong>de</strong> não foi <strong>de</strong>stinada à manutenção da família.”<br />

No mesmo diapasão, vem se alinhan<strong>do</strong> a jurisprudência, conforme as seguintes<br />

ementas:<br />

“Penhora casal — Bem móvel — Meação. Somente haven<strong>do</strong> prova <strong>de</strong> que os bens constritos<br />

foram adquiri<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> recursos próprios <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong>s rendimentos <strong>do</strong> trabalho<br />

exclusivo <strong>do</strong> recorrente, é que se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstituir a presunção <strong>de</strong> que foram adquiri<strong>do</strong>s<br />

pelo casal, fruto <strong>de</strong> economia comum. E porque não <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma insofismável,<br />

que a dívida contraída pela empresa, executada, da qual são sócios mari<strong>do</strong> e mulher, não<br />

se reverteu em benefício <strong>de</strong>le ou <strong>de</strong> sua família, há que se presumir o que ordinariamente<br />

acontece: o mari<strong>do</strong> beneficia-se da ativida<strong>de</strong> empresarial <strong>de</strong> sua esposa, pelo que <strong>de</strong>ve<br />

respon<strong>de</strong>r com os seus bens pelas obrigações daí advindas.” (TRT – 3 a R. – 8 a T. – AP n.<br />

425/2003.108.03.00-2 – rel. José M. <strong>de</strong> Campos – DJMG 9.8.03 – p. 17)<br />

(63) CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.<br />

p. 736-737.<br />

(64) OLIVEIRA, Francisco Antonio <strong>de</strong>. Execução na Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. 5. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 169.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1121

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!