11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA. EXECUÇÃO. A<br />

expressão “<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração inversa da personalida<strong>de</strong> jurídica” é utilizada pela <strong>do</strong>utrina e<br />

jurisprudência como sen<strong>do</strong> a busca pela responsabilização da socieda<strong>de</strong> quanto às dívidas<br />

<strong>do</strong>s sócios, utilizan<strong>do</strong>-se para isto, a quebra da autonomia patrimonial. Diante disso, na<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração inversa, a responsabilida<strong>de</strong> ocorre no senti<strong>do</strong> contrário, ou seja, os bens<br />

da socieda<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>m por atos pratica<strong>do</strong>s pelos sócios, aplican<strong>do</strong>-se ao caso os mesmos<br />

princípios da teoria da <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica. Tem como fundamento<br />

o art. 646 <strong>do</strong> CPC - “a execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r,<br />

a fim <strong>de</strong> satisfazer o direito <strong>do</strong> cre<strong>do</strong>r.” Perfeitamente cabível na esfera trabalhista,<br />

diante da natureza alimentar da verba cá vindicada. Dou Provimento ao Agravo.” (TRT/<br />

SP – AGRAVO DE PETIÇÃO EM RITO SUMARÍSSIMO. ACÓRDÃO N.: 20130297482<br />

– PROCESSO N.: 02639000220075020501 – ANO: 2013 – TURMA: 4 a – relatora: Ivani<br />

Contini Bramante. DOE 12.4.2013)<br />

“Inaplicabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s arts. 1.003 e 1.032 <strong>do</strong> Código Civil ao Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. Incompatibilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> instituto. As questões invocadas quanto à parcela <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

social e ao biênio <strong>de</strong> que tratam os arts. 1.003, parágrafo único e 1.032, <strong>do</strong> Código Civil,<br />

<strong>de</strong>vem ser apreciadas com as <strong>de</strong>vidas restrições, em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, na forma<br />

<strong>do</strong> art. 8 o , parágrafo único, da CLT. A relação empregatícia caracteriza-se como contrato<br />

<strong>de</strong> trabalho, basea<strong>do</strong> na equação prestação <strong>de</strong> trabalho/contraprestação <strong>do</strong> trabalho presta<strong>do</strong>.<br />

Não se trata <strong>de</strong> ato negocial civil ou comercial, on<strong>de</strong> há igualda<strong>de</strong> entre as partes<br />

contratantes. O <strong>de</strong>sequilíbrio entre o trabalha<strong>do</strong>r e o emprega<strong>do</strong>r caracteriza e informa o<br />

<strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, motivo pelo qual não se exige que o emprega<strong>do</strong> busque informações<br />

acerca da higi<strong>de</strong>z financeira <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r, ou da parcela <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sócios<br />

que integram a pessoa jurídica. Ao trabalho presta<strong>do</strong> correspon<strong>de</strong> a <strong>de</strong>vida contraprestação,<br />

estabelecida em lei. Desconsi<strong>de</strong>ração inversa da personalida<strong>de</strong> jurídica. Conforme <strong>do</strong>utrina<br />

<strong>de</strong> Carlos Roberto Gonçalves, citan<strong>do</strong> Fábio Ulhoa, caracteriza-se a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração<br />

inversa quan<strong>do</strong> é afasta<strong>do</strong> o princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para<br />

responsabilizar a socieda<strong>de</strong> por obrigação <strong>do</strong> sócio. Ora, no presente caso os acionistas<br />

da agravante são responsáveis, enquanto ex-sócios da executada. Via <strong>de</strong> consequência, a<br />

empresa da qual fazem parte, ora recorrente, também o é.” (TRT/SP – TIPO: AGRAVO DE<br />

PETIÇÃO. DATA DE JULGAMENTO: 12.12.2011. ACÓRDÃO N.: 20111609342 – rel.<br />

Paulo Sérgio Jakutis. DOE: 27.1.2012)<br />

13.4. Bens <strong>do</strong> cônjuge ou companheiro<br />

Assevera o art. 790 <strong>do</strong> CPC, no inciso IV, que os bens <strong>do</strong> cônjuge, ou companheiro,<br />

nos casos em que os seus bens próprios, reserva<strong>do</strong>s ou <strong>de</strong> sua meação respon<strong>de</strong>m pela dívida.<br />

Os bens <strong>do</strong> cônjuge ou companheiro respon<strong>de</strong>m pelas dívidas, uma vez que<br />

há presunção <strong>de</strong> que as dívidas contraídas pelo outro cônjuge foram em benefício<br />

<strong>do</strong> casal, máxime se um <strong>de</strong>les exercer ativida<strong>de</strong> econômica.<br />

Na esfera <strong>do</strong> Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cônjuge se justifica<br />

em razão da proteção <strong>do</strong> crédito trabalhista quan<strong>do</strong> a empresa não apresenta bens<br />

que solucionem a execução, <strong>de</strong>corrente da ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sócio da empresa ser em<br />

benefício <strong>do</strong> casal e, na maioria das vezes, to<strong>do</strong>s os bens estarem em nome <strong>do</strong> casal<br />

ou <strong>do</strong> outro cônjuge que não é sócio da empresa.<br />

1120 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!