11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

viola<strong>do</strong>s impe<strong>de</strong> o conhecimento <strong>do</strong> recurso especial. Súmula n. 211/STJ. II – Os embargos<br />

<strong>de</strong>claratórios têm como objetivo sanear eventual obscurida<strong>de</strong>, contradição ou omissão<br />

existentes na <strong>de</strong>cisão recorrida. Inexiste ofensa ao art. 535 <strong>do</strong> CPC, quan<strong>do</strong> o Tribunal a<br />

quo pronuncia-se <strong>de</strong> forma clara e precisa sobre a questão posta nos autos, assentan<strong>do</strong>-se<br />

em fundamentos suficientes para embasar a <strong>de</strong>cisão, como ocorri<strong>do</strong> na espécie. III – A<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração inversa da personalida<strong>de</strong> jurídica caracteriza-se pelo afastamento da<br />

autonomia patrimonial da socieda<strong>de</strong>, para, contrariamente <strong>do</strong> que ocorre na <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração<br />

da personalida<strong>de</strong> propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social,<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações <strong>do</strong> sócio controla<strong>do</strong>r. IV –<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se que a finalida<strong>de</strong> da disregard <strong>do</strong>ctrine é combater a utilização in<strong>de</strong>vida<br />

<strong>do</strong> ente societário por seus sócios, o que po<strong>de</strong> ocorrer também nos casos em que o sócio<br />

controla<strong>do</strong>r esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza na pessoa jurídica, conclui-<br />

-se, <strong>de</strong> uma interpretação teleológica <strong>do</strong> art. 50 <strong>do</strong> CC/02, ser possível a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração<br />

inversa da personalida<strong>de</strong> jurídica, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a atingir bens da socieda<strong>de</strong> em razão <strong>de</strong> dívidas<br />

contraídas pelo sócio controla<strong>do</strong>r, conquanto preenchi<strong>do</strong>s os requisitos previstos na norma.<br />

V – A <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica configura-se como medida excepcional.<br />

Sua a<strong>do</strong>ção somente é recomendada quan<strong>do</strong> forem atendi<strong>do</strong>s os pressupostos específicos<br />

relaciona<strong>do</strong>s com a frau<strong>de</strong> ou abuso <strong>de</strong> direito estabeleci<strong>do</strong>s no art. 50 <strong>do</strong> CC/02. Somente<br />

se forem verifica<strong>do</strong>s os requisitos <strong>de</strong> sua incidência, po<strong>de</strong>rá o juiz, no próprio processo <strong>de</strong><br />

execução, “levantar o véu” da personalida<strong>de</strong> jurídica para que o ato <strong>de</strong> expropriação atinja<br />

os bens da empresa. VI – À luz das provas produzidas, a <strong>de</strong>cisão proferida no primeiro grau<br />

<strong>de</strong> jurisdição, enten<strong>de</strong>u, mediante minuciosa fundamentação, pela ocorrência <strong>de</strong> confusão<br />

patrimonial e abuso <strong>de</strong> direito por parte <strong>do</strong> recorrente, ao se utilizar in<strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong> sua<br />

empresa para adquirir bens <strong>de</strong> uso particular. VII – Em conclusão, a r. <strong>de</strong>cisão atacada, ao<br />

manter a <strong>de</strong>cisão proferida no primeiro grau <strong>de</strong> jurisdição, afigurou-se escorreita, merecen<strong>do</strong><br />

assim ser mantida por seus próprios fundamentos. Recurso especial não provi<strong>do</strong>.”<br />

(STJ – REsp n. 948.117/MS, Recurso especial T3 – 3 a T. – 2007/0045262-5. Ministra Nancy<br />

Andrigui – j. 22.6.2010 – DJe 3.8.2010)<br />

A jurisprudência trabalhista tem aplica<strong>do</strong> a teoria inversa da <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração<br />

da personalida<strong>de</strong> jurídica na execução, nas seguintes hipóteses:<br />

a) o sócio responsável pela empresa executada no processo trabalhista que<br />

também é sócio <strong>de</strong> outra empresa que está solvente;<br />

b) o sócio da empresa executada, também é sócio <strong>de</strong> outras empresas, na hipótese<br />

<strong>de</strong> configuração <strong>de</strong> grupo econômico.<br />

Nas hipóteses acima, o patrimônio da pessoa jurídica po<strong>de</strong> ser atingi<strong>do</strong> por<br />

dívidas <strong>do</strong> sócio. Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacam-se as seguintes ementas que retratam a<br />

presente tendência:<br />

“Execução. Desconsi<strong>de</strong>ração inversa da personalida<strong>de</strong> jurídica. Inexistência <strong>de</strong> bens <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r principal ou <strong>de</strong> seus sócios. Existência <strong>de</strong> empresa <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sócios.<br />

Grupo econômico. A pessoa jurídica não po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> anteparo para o inadimplemento<br />

<strong>de</strong> crédito exequen<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica salutar solução<br />

para assegurar a satisfação final <strong>do</strong> crédito. Caso a pessoa física não apresente bens, mas<br />

seja proprietária <strong>de</strong> outra empresa, esta é passível <strong>de</strong> constrição <strong>de</strong> seus bens. O fato <strong>de</strong><br />

serem ambas controladas pela mesma pessoa configura grupo econômico, que autoriza a<br />

penhora pela ocorrência da solidarieda<strong>de</strong>. Agravo <strong>de</strong> Petição provi<strong>do</strong>.” (TRT/SP – ACÓR-<br />

DÃO N.: 20140265117 – PROCESSO N.: 02233009619915020048. ANO: 2014 – TURMA:<br />

14 a – relator: Davi Furta<strong>do</strong> Meirelles. DOE/SP 4.4.2014)<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 1119

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!