11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>do</strong>is anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> averbada a modificação <strong>do</strong> contrato, respon<strong>de</strong> o ce<strong>de</strong>nte solidariamente<br />

com o cessionário, perante a socieda<strong>de</strong> e terceiros, pelas obrigações que<br />

tinha como sócio.”<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, dispõe o art. 1.032 <strong>do</strong> Código Civil, in verbis:<br />

“A retirada, exclusão ou morte <strong>do</strong> sócio, não o exime, ou a seus her<strong>de</strong>iros, da responsabilida<strong>de</strong><br />

pelas obrigações sociais anteriores, até <strong>do</strong>is anos após averbada a resolução da<br />

socieda<strong>de</strong>; nem nos <strong>do</strong>is primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto<br />

não se requerer a averbação.”<br />

Conforme os referi<strong>do</strong>s dispositivos legais, o sócio que se retirou da socieda<strong>de</strong><br />

não mais respon<strong>de</strong> pelas dívidas <strong>de</strong>sta após <strong>do</strong>is anos da data da retirada.<br />

Questiona-se: a limitação da responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sócio retirante há <strong>do</strong>is anos<br />

é compatível com os princípios que norteiam o <strong>Direito</strong> Material e o <strong>Processual</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong>?<br />

Parte da jurisprudência se mostra refratária à aplicação <strong>do</strong> art. 1.003 <strong>do</strong> CC<br />

ao Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, argumentan<strong>do</strong> que a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sócio retirante<br />

persiste para fins trabalhistas, mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos, pois se o sócio retirante<br />

estava na socieda<strong>de</strong> à época da prestação <strong>de</strong> serviço e usufruiu da mão <strong>de</strong> obra <strong>do</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>r é justo que seu patrimônio responda pelos débitos trabalhistas. Além<br />

disso, argumentam incompatibilida<strong>de</strong> com os princípios protetor, da natureza alimentar<br />

e da irrenunciabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> crédito trabalhista.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, relevante <strong>de</strong>stacar as seguintes ementas:<br />

“RESPONSABILIDADE DO EX-SÓCIO. INAPLICABILIDADE DOS ARTS. 1.003 E 1.025<br />

DO ATUAL CÓDIGO CIVIL. Os novos dispositivos legais previstos no atual Código Civil<br />

vigente, quais sejam os arts. 1.003, parágrafo único, e 1.025 <strong>do</strong> Livro II (<strong>Direito</strong> <strong>de</strong> Empresa<br />

e da Socieda<strong>de</strong>), seção II (Dos <strong>Direito</strong>s e Obrigações <strong>do</strong>s Sócios) e seção IV (Das relações<br />

com Terceiros), concernentes à responsabilida<strong>de</strong> solidária <strong>do</strong> sócio ce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> suas quotas<br />

até 2 anos após a retirada da socieda<strong>de</strong>, passaram a viger somente a partir <strong>de</strong> 10.1.2003, nos<br />

termos <strong>do</strong> art. 2044 <strong>do</strong> NCC. Tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> disposições legais que versam sobre direito<br />

material, seus efeitos não retroagem para alcançar fatos já consuma<strong>do</strong>s sob a lei vigente à<br />

época (art. 6 o da LICC). E, ainda que assim não fosse, o dispositivo em tela não se aplica<br />

à esfera trabalhista, por se tratar <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> natureza alimentar <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> serviços<br />

presta<strong>do</strong>s pelo autor que beneficiaram diretamente a empresa e seus sócios, que não po<strong>de</strong>m<br />

se eximir da responsabilida<strong>de</strong> por sua <strong>de</strong>vida satisfação. Assim, mantém-se a responsabilida<strong>de</strong><br />

daquele que foi sócio à época <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços pelo exequente, ingressan<strong>do</strong><br />

no polo passivo da execução em andamento, em face da <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong><br />

jurídica.” (TRT – 2 a R. – Ap 02472199603102005 – (AC. 4 a T. – 20080538619) – rel. Ricar<strong>do</strong><br />

Artur Costa e Trigueiros. DOE/SP 27.6.08. In: Irany Ferrari e Melchía<strong>de</strong>s Rodrigues<br />

Martins. Suplementos <strong>de</strong> Jurisprudência n. 42/2008. São Paulo: LTr, 2008)<br />

“Desconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica — Sócio retirante — Responsabilida<strong>de</strong>. Ainda<br />

que seja induvi<strong>do</strong>sa a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sócios respon<strong>de</strong>rem por créditos trabalhistas<br />

quan<strong>do</strong> a empresa não tenha condições <strong>de</strong> fazê-lo, há que se respeitar limites impostos<br />

pela razoabilida<strong>de</strong>. O sócio <strong>de</strong>ve ter se beneficia<strong>do</strong> da mão <strong>de</strong> obra <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, ao<br />

menos durante parte <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> trabalho, o que equivale a afirmar que respon<strong>de</strong><br />

1116 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!